Um Tio Quase Perfeito
Eu aprendi, já há um tempo, que quando queremos fazer uma crítica negativa, é interessante que apontemos antes um aspecto positivo. Demonstra carinho e boa vontade por parte de quem comenta, e até mesmo uma boa educação em respeitar o trabalho alheio, mesmo que ele não tenha tido a felicidade de ser bom.
“Um Tio Quase Perfeito” é um filme que não pecou em exceder-se no tempo de duração, característica muito comum nos filmes comerciais. Tem também um ou outro momento cômico que não tornaram a ida ao cinema, numa noite de feriado, um motivo de raiva. E podemos assistir Geraldo Magela no papel título, o que facilita bem a aceitação, já que estamos tendendo a gostar das suas aparições, em virtude do seu atual e impagável Ferdinando, do seriado “Vai que Cola”.
No entanto, eu não consigo dizer mais nada aproveitável sobre o longa. Trata-se de uma comédia em que um homem, sem grandes perspectivas na vida, vivendo à base de bicos, e sua mãe, parasita, são despejados, e a única possibilidade de não se verem sem teto é procurarem a ajuda da irmã, mãe de três filhos, com quem não se relacionam bem. Após darem seus “jeitinhos”, eles conseguem permanecer na casa durante uma viagem para estudos.
Uma opinião que tenho sobre as comédias, é que um de seus piores problemas não é ela não ser engraçada. Porque isso, definitivamente, o filme não é. Mas é ela se achar engraçada, e não ser. É fácil perceber que existe em “Um tio...” um certo “achismo” do tipo “sou engraçado”. Um outro ponto é a trama. Extremamente batida, possível, imaginável e previsível. É um filme para crianças, com propaganda de filme para adultos, para público que conhece o Magela. Foi enganoso conosco. Eu esperava algo, ao menos, próximo ao que ele está acostumado a fazer. Os comediantes sabem sobre essa expectativa. E eles nos devem isso, já que foi por isso que estávamos ali.
O cinema brasileiro que vem sendo exibido está bem fraco. Ao menos por aqui, na nossa cidade, que não possui muitas salas que se aventuram a passá-los. Poucas são as exceções, como “Aquarius”, com Sônia Braga. “Um Tio Quase Perfeito” é o pior filme que comento desde que assumi esta coluna.
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