História em quadrinhos: de hobby a profissãoJuizforano Raphael Salimena se destaca na nova
geração de quadrinistas brasileiros
*Colaboração
9/7/2009
"Toda criança gosta de desenhar e, com o passar dos anos, para. Eu nunca parei." É dessa forma que o quadrinista Raphael Salimena, de 26 anos, começa a falar da paixão pelo desenho, influenciada pela leitura de revistas em quadrinhos na infância e na adolescência. Por diversão, Salimena começou a publicar tirinhas de humor em um blog e, diante do retorno positivo, decidiu investir no hobby, que acabou virando profissão.
"Sempre gostei muito de ler e de contar histórias. De todos os meios que você tem para contar alguma coisa, a história em quadrinhos é o que te dá o maior controle sobre aquilo que se quer passar, pois você domina todos os elementos visuais e narrativos. Além disso, é ótimo para quem quer trabalhar com humor", explica o quadrinista. Através da internet, Raphael conquistou uma vaga na Revista MAD, que reúne quadrinhos de humor e sátiras de fatos reais.
Também foi com o site que Salimena conheceu Sidney Gusman, responsável pela área de Planejamento Editorial da Maurício de Souza Produções, que o convidou para participar da homenagem aos 50 anos da Turma da Mônica. "O Sidney é um dos jornalistas mais conceituados do mundo dos quadrinhos e sempre está procurando coisas novas. Numa dessas, ele me achou e nós começamos a conversar. Ele estava organizando uma publicação para o aniversário da Turma da Mônica, com 50 desenhistas. Um deles desistiu e eu fui chamado para substituir na última hora."
Para a empreitada, o quadrinista relembrou o interesse da infância pelos dinossauros e escolheu Horácio. "Eu gostava muito de dinossauros, lia sobre eles, conhecia várias espécies e desenhava. Quando me perguntaram com qual personagem da turma eu gostaria de trabalhar, escolhi o dinossauro por causa dessa familiaridade e por ser mais flexível também, porque o Horácio é muito diferente dos outros", justifica. O livro deve ser lançado no segundo semestre deste ano, na Bienal do Rio de Janeiro.
Interação
Uma das surpresas da profissão, para Salimena, é a receptividade dos artistas do meio. "É muito interessante participar dessa troca de experiências com gente que está há anos no mercado. Já troquei ideias com o Laerte, que é um dos maiores quadrinistas do Brasil, e ele é muito tranquilo. Acho que as pessoas são acessíveis porque sabem como é difícil entrar no meio e seguir carreira", afirma.
Laerte é uma das influências do quadrinista, ao lado de André Dahmer (Os Malvados) e Bill Waterson (Calvin). Apesar de gostar das histórias dos super-heróis americanos, Salimena prefere o estilo brasileiro de fazer quadrinhos.
A produção de filmes baseados em heróis das revistas, que muitas vezes desagrada os fãs de quadrinhos, é considerada positiva pelo quadrinista. "Hoje todo mundo assiste ao filme do Homem-Aranha, por exemplo, que existe há décadas. Isso é bom porque dá uma liberdade muito grande para quem produz, que pode renovar o herói e reinventar uma história já contada nos quadrinhos para torná-la mais atraente e comercial. O fã dificilmente aceita esse tipo de mudança, mas eu considero que é uma coisa para o mercado."
*Patrícia Rossini é estudante de Comunicação Social da UFJF
Os textos são revisados por Madalena Fernandes
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