Cultura nip?nico-brasileira mescla educa??o e calor humano Brasileiro, filho de japoneses, mora em JF e confessa que o Jap?o ? um bom lugar para trabalhar, mas o Brasil ? mais divertido
Colabora??o*
29/07/2008
Em arquivo:
Alfredo Kenji Dan (foto abaixo) nasceu em Rio Bonito, no estado do Rio de Janeiro, cresceu entre o Jap?o e Leopoldina, estudou em Juiz de Fora, retornou ao Jap?o, juntou dinheiro, voltou para Juiz de Fora, montou um neg?cio, se casou, teve um filho e aqui continua trabalhando.
Por mais confusa que pare?a, essa ? a hist?ria do fot?grafo Kenji que adotou Juiz de Fora como sua terra natal. Os pais de Kenji se conheceram no Jap?o e l? se formaram.
Engenheiro agr?nomo, o pai queria ir para o Amazonas ou para qualquer cidade do interior do Brasil onde pudesse ter uma planta??o e ficar perto do mato. Cautelosa e j? pensando em filhos, a m?e queria estar perto da cidade para o caso de emerg?ncias.
Assim, o jovem casal partiu para o Brasil onde viveu em S?o Paulo, Petr?polis e Rio Bonito. Nesse per?odo de adapta??o em solo tropical, a fam?lia sofreu grave acidente de carro, que custou a vida da matriarca e deixou um dos tr?s filhos paral?tico.
"Nessa ?poca eu estava com cinco anos e meus irm?os eram um pouco mais velhos do que eu. A fam?lia toda se desestruturou e meus av?s vieram do Jap?o para cuidar de n?s"
. Decidiu-se, ent?o, que, como o pai precisava trabalhar e n?o tinha parentes pr?ximos para ajudar na cria??o dos meninos, o melhor seria que eles voltassem ao Jap?o com os av?s.
E l? foi Kenji viver sob a cultura dos av?s por cinco anos. Ele recorda que a educa??o no lado oriental ? muito diferente da que acontece no Brasil. "L? eles t?m mais seriedade, as crian?as, geralmente, estudam nas escolas dos bairros em que moram e, como eles pregam a igualdade, os pais s? podem lev?-las a p? ou de
bicicleta. A merenda ? s? a que a escola oferece para evitar que as crian?as que t?m pouco poder aquisitivo se sintam mal"
.
Outra diferen?a que o fot?grafo considera brutal na compara??o entre as duas culturas ? a quest?o da limpeza das ruas. "Depois de muito tempo no Jap?o, essa ? a primeira coisa que chama a aten??o quando voc? chega aqui. L? voc? n?o v? um papel no ch?o"
, diz.
Kenji ficou sob a tutela dos parentes japoneses e americanos (parte da fam?lia materna ? americana) at? os dez anos, quando retornou ao Brasil. Dessa vez, o destino foi Leopoldina, onde o pai estava morando com a nova esposa.
L?, o jovem Kenji viveu com o pai, os irm?os e a madrasta at? o colegial. Quando chegou em idade de fazer cursinho pr?-vestibular ele veio para Juiz de Fora, onde ficou at? 1993. Nesse ano, Kenji retornou ao Jap?o com intuito de trabalhar e juntar dinheiro.
Em solo nip?nico ele permaneceu por dez anos e carrega lembran?as n?o t?o boas. "No Jap?o as pessoas levam tudo muito a s?rio, o tr?nsito ? ca?tico, voc? leva horas para chegar no trabalho... ? uma vida estressante demais"
, relembra.
Com o dinheiro no bolso ele retornou para Juiz de Fora porque considerava o mercado de trabalho e a qualidade de vida aqui melhores do que em outras regi?es do pa?s. "Minha fam?lia estava em Leopoldina, mas a cidade ? pequena, n?o tinha muitas oportunidades. Em cidades maiores, como S?o Paulo, a vida n?o deve ser muito diferente do que no Jap?o por causa do ritmo estressante, ent?o fiquei por aqui, onde j? tinha meus amigos"
.
Em Juiz de Fora ele constituiu a sua fam?lia. Casado h? quatro anos, Kenji tem um filho de um ano e dois meses que ? a mistura da loirice brasileira da esposa com os tra?os dos japoneses, mostrando que duas na?es completamente diferentes em termos culturais podem se misturar e dar um belo resultado.
Sedimentado em Juiz de Fora, Kenji sonha em voltar para Leopoldina. "Mas isso ? s? quando eu estiver velhinho porque l? ? mais tranq?ilo"
.
Por enquanto, ele quer mesmo ? continuar fotografando os rostos dos juizforanos, ajudando a registrar os momentos inesquec?veis e criar seu filho usando o que h? de melhor das tr?s culturas com as quais conviveu: japonesa, americana e brasileira.
E, se poss?vel, curtindo o calor humano do brasileiro e um barzinho com uma boa cerveja gelada e um tira-gosto apetitoso no fim do expediente. Peculiaridades nacionais que tanto lhe fizeram falta nos anos em que viveu no Jap?o. "L? n?o tem essa de sair do trabalho e ir para um botequim com os amigos. Voc? vai direto para casa e eu adoro uma cervejinha. L? n?o tem isso"
.
*Marinella Souza ? estudante de Comunica??o Social da UFJF
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