Festival de Música Antiga inspira novas possibilidades Estudantes utilizam a formação clássica para aprimorar demais atividades como DJ, compositor de tango, guitarrista de banda de rock e diretor de cinema
Repórter
23/7/2009
O Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga traz anualmente à cidade concertos apresentados por músicos de instrumentos antigos, tocando peças do período colonial. Além da ampla programação cultural, o evento oferece cursos de instrumentos, práticas orquestrais e dinâmica musical que atraem centenas de alunos todo o ano.
O interessante é que nem todos os estudantes dedicam-se exclusivamente à música erudita. O Portal ACESSA.com conversou com estudiosos, instrumentistas e amantes do rock que encontram no festival o aprimoramento musical ou um simples contato com a arte erudita.Do tango às pick ups de DJs
O pianista dinamarquês Christian Kliber (foto e vídeo acima) além de professor num conservatório em Copenhague, capital da Dinamarca, é compositor de músicas tonais e tango. "Sou inspirado pela música erudita. Gosto muito de Bach, Beethoven e Chopin. Por isso faço uma mistura entre esses estilos e minhas improvisações." Segundo Kliber, a formação clássica é de extrema importância na hora de compor. "Sou mestre em piano pela Universidade Real da Dinamarca e venho aperfeiçoar conhecimentos em música antiga no Brasil sempre que posso."
A pianista Daniele Espíndola (foto ao lado) vive da música clássica. Ela é professora de piano numa escola particular carioca e faz mestrado no mesmo instrumento na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Desde pequena gosto de música erudita e de muitas outras manifestações musicais. Por ser louca por música dançante e frequentadora da noite, sempre tive o desejo de atrair o público clássico e os jovens das baladas num ambiente só. Foi aí que surgiu a ideia de ser DJ."
Para Daniele, a formação erudita ajuda na escolha do repertório e permite que ela tenha contato com músicas e estilos que não são comumente veiculados na mídia. "Então eu aproveito e misturo tudo. Uso músicas da década de 60, versões dançantes de autores clássicos e os hits que estão nas paradas para animar a pista." Para ela, o festival não só acrescenta conhecimento técnico, como é a época ideal para a realização de sua festa. "O meu público alvo está todo reunido na cidade."
Do rock à museologia
O guitarrista autodidata Rafael Várady, apesar de não trabalhar a música erudita, diz que o festival é uma ótima oportunidade para adquirir experiência e evolução musical. "Hoje considero as manifestações clássicas como uma chave para meu futuro." Várady estuda numa faculdade de produção musical no Rio de Janeiro e acredita que a teoria aprendida com o estudo do eruditismo é de grande valia. "Além disso, o contato com nomes importantes da música serve como motivação para abraçar a profissão, seja em que estilo for."
O instrumentista e cantor Nívio Mota vem ao festival para seu único contato anual com a música erudita. Além de tocar alaúde, ser bacharel em violão clássico e mestre em musicologia, Mota é coordenador de cinema da Secretaria Municipal de Cultura de Santos e diretor do Museu da Imagem e do Som daquela cidade. "Meu trabalho é completamente diferente da formação que tenho. No entanto, quando preciso da linguagem musical para um evento do museu, por exemplo, sempre recorro ao clássico."
Para o vice-presidente do Pró-Música, Júlio César de Souza Santos, embora o festival tenha um tema específico, é possível identificar que o perfil dos alunos que frequentam os cursos é eclético. Segundo Santos, a vantagem do conhecimento musical é agregar várias áreas e relacioná-las da forma como se queira manifestá-las. "Uma interpretação musical é mais consciente na medida em que o saber é bem desenvolvido. Quem trabalha numa vertente popular precisa conhecer a história da música para ser bem sucedido. Música é troca de conhecimento e teoria ao longo do tempo. Por isso o festival é procurado."
Programação
A programação cultural do festival conta com apresentações gratuitas em teatros e igrejas da cidade. Confira o calendário de espetáculos até o final do evento, no dia 1º de agosto.
Os textos são revisados por Madalena Fernandes
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