Mostra de Tiradentes expõe paradoxos e diversidadeEntre os filmes mais esperados está o longa que abre a programação do festival, Viajo porque preciso, volto porque te amo, do homenageado Karim Aïnouz
Repórter
21/1/2010
A 13ª Mostra de Cinema de Tiradentes começa nesta sexta-feira, dia 22 de janeiro, com a exibição do filme Viajo porque preciso, volto porque te amo, do diretor homenageado Karim Aïnouz. A escolha, tanto da homenagem, quanto do longa-metragem está relacionada com o tema do festival deste ano, Paradoxos do Contemporâneo.
O filme, produzido em 2009, mostra a viagem de um pesquisador pelo sertão nordestino a fim de avaliar o possível percurso de um canal de desvio de águas. Ao mesmo tempo em que a jornada gera expectativa de solução, possibilidade de futuro e de esperança, ela demonstra o vazio, o abandono e o isolamento da região atacada pela seca.
"A primeira exibição é sempre o ponto alto da mostra, o mais esperado. Este ano, o estudo do paradoxo nos faz não só pensar na temática da contradição, como também nas diferenças do cinema contemporâneo. Não há como rotular o que é cinema e o que não é, diante da tecnologia, das diversas formas de produção, que possibilitam um novo panorama para o fazer cinema. É isso que vamos estudar e é isso que vamos mostrar na abertura", diz a coordenadora-geral do evento, Raquel Hallack d’Angelo.
A exibição do longa é também esperada pelo estudante de comunicação, Rodrigo Souza, que vai à mostra exclusivamente para assistir aos filmes. É a terceira vez que ele participa do evento. "Serão exibidas outras produções de Karim Aïnouz que me interessam bastante. A possibilidade de assistir filmes que sequer chegam a estrear nas salas comerciais é umas das vantagens."
Ao longo dos nove dias de evento, 128 filmes, sendo 29 longas, serão exibidos pela primeira vez no Brasil. Três filmes produzidos por personalidades da música compõem a lista de filmes a serem exibidos. "A programação sempre é a novidade. A Mostra de Tiradentes adianta o que vai ser o cinema nacional em 2010 e dá espaço aos média e curta-metragens que não vão ser exibidos comercialmente", afirma Raquel. Da extensa lista de exibições, Raquel destaca as duas pré-estreias mundiais, Estrada para Ythaca e Dá 1 tempo! e o longa vencedor de prêmios de uma edição anterior do próprio festival, Cabeça a Prêmio.
Oficinas
Doze oficinas serão realizadas durante a mostra. A estudante de comunicação, Ludmila Fonseca, conseguiu uma vaga para o mini-curso de Direção de arte, cenografia e figurinos na área de cinema e espera levar a experiência para o campo profissional. "Na sétima arte, essa é a área pela qual mais me interesso e com que pretendo trabalhar no futuro. Já cursei outra oficina em 2008 e vi que são muito dinâmicas, com troca de experiências com nomes consagrados do cinema brasileiro. Vai ser uma boa oportunidade", avalia.
Para Raquel Hallack, a mostra é um instrumento de transformação social, que se renova a cada ano. "Isso porque o próprio público vai sendo renovado e a troca de conhecimento faz as mudanças acontecerem. O objetivo com o seminário, as oficinas e a exibição dos filmes é promover nossa cultura, de forma que não só a produção seja mais interessante, mas também que seja desenvolvidas novas plateias."
Programação cultural
Toda a programação do evento é gratuita e está publicada na página oficial da mostra. Além das atrações ligadas ao cinema, apresentações culturais como cortejos, shows, peças de teatro e discotecagem compõem o festival. Uma exposição com painéis fotográficos sobre a carreira do diretor homenageado também ocorre ao longo da mostra.
Os textos são revisados por Madalena Fernandes
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