Lei Murilo Mendes impulsiona cultura no munic?pio Nos anos de 93/95, Funalfa ? reativada tendo a lei municipal de incentivo ? cultura como carro-chefe e presente at? os dias atuais
*Colabora??o
02/12/2008
Fundada em 1978, a Funda??o Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa) ? a refer?ncia cultural de Juiz de Fora. Para comemorar a data em que comemora-se 30 anos de sua exist?ncia, o portal ACESSA.com preparou uma s?rie de reportagens sobre a institui??o. Ao longo dessa semana, voc? confere entrevistas com alguns dos ex-superindentes da Funalfa que v?o nos contar detalhes de seu per?odo de atua??o.
Para iniciar a s?rie especial, convidamos o jornalista Rodrigo Barbosa.
Com tr?s passagens pela institui??o, ele
comemora o sucesso dos projetos que ajudou a implementar nos anos em que esteve a frente da Funalfa. "Foi um per?odo muito rico do qual eu me orgulho muito"
, declara.
Barbosa foi superintendente da Funalfa no per?odo entre 1993 e 1995 e conta que quando assumiu o cargo a institui??o estava abandonada. Ele explica que o primeiro ano foi usado para resgatar o papel da Funalfa. A equipe comandada por Barbosa reequipou e reestruturou a parte administrativa e fez com que as atividades fossem retomadas.
O grande marco desse quadri?nio foi o desenvolvimento da Lei Murilo Mendes de Incentivo ? Cultura. At? ent?o, as negocia?es de apoio aos eventos culturais eram feitas diretamente entre a Funalfa e o artista, que deveria, ent?o, correr atr?s das empresas para patrocin?-los.
"Era mais pessoal, algo que dependia das rela?es que o artista tinha com o superintendente ou com algu?m da Funalfa. A lei veio regulamentar isso, dar mais
transpar?ncia ao processo."
A proposta inicial seguia os moldes da Lei Estadual
de Incentivo ? Cultura, que trabalha com a isen??o fiscal, mas Barbosa e sua equipe
acreditava que aquela n?o seria a melhor op??o.
"Esse modelo ? muito burocr?tico porque uma vez aprovado pela Funalfa, o artista
vai ter que correr atr?s de uma empresa que queira trocar o imposto pelo patroc?nio
ao projeto cultural"
, argumenta.
Assim, as bases foram redefinidas entre a C?mara dos Vereadores, autora do projeto inicial, e a Funalfa, criando uma maneira mais ?gil e direta entre a institui??o e o artista.
"Esse ? o grande diferencial da lei,que ? considerada uma das mais eficientes
do pa?s por sua simplicidade e agilidade"
, orgulha-se.
A batalha do Cine-Theatro Central
Barbosa recorda de outros projetos que merecem destaque nesse per?odo. Um deles
foi a compra do Cine Theatro Central, "uma batalha linda"
, segundo ele.
O teatro pertencia a uma empresa de exibi??o de filmes que tinha pouco interesse nele. O pr?dio j? era tombado pelo munic?pio, mas estava deteriorando, a Funalfa conseguiu o tombamento federal, o que, como conta Barbosa, tinha dois objetivos.
"O tombamento federal tinha dois prop?sitos. O primeiro era facilitar a aprova??o
do projeto de reforma e a outra era passar o recado de que o Central tinha import?ncia
hist?rica nacional."
Tudo isso para que o ent?o presidente da Rep?blica, Itamar
Franco, ficasse mais confort?vel para liberar as verbas para a reforma. "Se n?o
fosse assim, iam achar que ele estava protegendo a cidade"
, justifica.
Para dar anda mais destaque ? luta, a Funalfa conseguiu gravar um v?deo reunindo artistas de peso como Tom Jobim, Milton Nascimento, MPB 4, Bibi Ferreira e Fernanda Montenegro dando depoimentos sobre a excel?ncia do teatro em ilumina??o, ac?stica, conforto etc.
A luta surtiu efeito e o Cine-Theatro Central foi restaurado, reformado e teve suas atividades retomadas, sendo palco de grandes eventos locais e nacionais.
Outros projetos
Barbosa destaca outros projetos do tempo em que esteve ? frente da Funalfa. "Conseguimos
uma sede definitiva para a Biblioteca Municipal Murilo Mendes em um pr?dio da Prefeitura,
que era uma necessidade de Juiz de Fora, visto que ela funcionava precariamente
em um por?o na rua Marechal Deodoro"
, relembra.
O resgate do carnaval tamb?m ? considerado relevante pelo jornalista. "A cidade
tem tradi??o, raiz e for?a no samba. As escolas de samba s?o n?cleos dessa representa??o
cultural em Juiz de Fora e h? dois anos elas n?o funcionavam mais. Trouxemos uma
escola do Rio de Janeiro para desfilar na ter?a-feira de carnaval e as escolas locais
desfilaram no esquema de bloco. No ano seguinte o carnaval estava de volta para a
avenida"
, comenta.
Fora isso, nessa ?poca a Funalfa conseguiu recuperar a infra-estrutura do Museu Mariano Proc?pio e criou uma articula??o com a Secretaria de Educa??o com um projeto cultural envolvendo as crian?as da rede p?blica de ensino nas mais diferentes artes.
A Funalfa, segundo Rodrigo Barbosa (1993 ? 1995)
"Pela sua tradi??o cultural e pela intensidade do movimento art?stico de Juiz
de Fora, ? fundamental uma funda??o que lide com a cultura diretamente. A cria??o
dessa institui??o ? uma conseq??ncia hist?rica.
A Funalfa cumpre seu papel com altos e baixos, coloca na pauta, de maneira expl?cita, a quest?o da cultura; tem um forte corpo t?cnico de funcion?rios que gostam do que fazem e a mant?m funcionando mesmo nos per?odos de crise. Al?m disso, a Funalfa tem o reconhecimento dos artistas e a refer?ncia que eles t?m hoje.
Acho que falta maior articula??o, uma agenda mais organizada que crie uma identidade para a cidade, recuperando a sua auto-estima, para que os juizforanos tenham orgulho de sua terra. "
*Marinella Souza ? estudante de Comunica??o Social na UFJF
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