O charme sob forma dos sons produzidos pela Orquestra BarrocaGrupo apresenta obras barrocas durante apresentação no próximo dia 18, no 22º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga

Aline Furtado
Repórter
12/7/2011
Orquestra Barroca

A Orquestra Barroca do 22º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga grava, nesta quarta-feira, 13 de julho, o 12º CD de obras inéditas no Brasil. Embora o CD só seja lançado no final do ano, o público poderá conferir algumas peças que estarão na obra, durante a apresentação da orquestra, na próxima terça-feira, 18, segundo dia do festival.

Na ocasião, o público poderá conferir o charme da Orquestra Barroca, por meio da sonoridade atingida a partir do uso de instrumentos de época. "Buscamos imprimir técnicas de execução barroca, perdidas com o passar do tempo", aponta o regente Luís Otávio Sousa Santos.

A Orquestra Barroca reúne músicos vindos de várias partes do mundo, com carreira internacional. Mesclando obras nacionais e europeias, este ano, a orquestra vai contemplar, mais uma vez, a obra de Jean-Phillipe Rameau (1683-1764), maior expoente da música barroca francesa. Neste álbum, serão gravadas suítes das óperas Hypollite et Aricie e Pygmalion.

O 12º CD traz, ainda, uma peça inédita, Beata mater, do maior compositor com berço em Minas Gerais, no século XVIII, J.J. Emerico Lobo de Mesquita (1746-1805). "A peça, que fecha o ciclo de gravações das composições de Lobo de Mesquita, foi restaurada, recentemente, pelo musicólogo Paulo Castagna no arquivo da Arquidiocese de Mariana", aponta Santos.

O CD vai contar, também, com obras do compositor italiano Francesco Geminiani (1687-1762), um dos mais importantes mestres de violino do século XVIII. Para o integrante da orquestra, o flautista Ricardo Kanji, que é natural de São Paulo e lecionou música na Holanda, voltando ao Brasil em 1995, o resgate da música barroca é uma resposta à música moderna.

"Houve um tempo em que as pessoas optavam por priorizar apenas a música moderna. Hoje, não é possível fazer isso. Resgatar a música barroca é uma forma de fazermos nossa releitura, o que, por sua, vez, contribui para a modernidade, já que não reconstruímos o que foi feito no século XVIII, até por não termos provas, como gravações, de como eram as obras. Lemos de acordo com nossa capacidade, sem esquecer o passado, que está dentro de nós."

Segundo Kanji, as releituras acabam permitindo a criação de um novo estilo, que, para ele, é mais articulado, elegante e com mais vida. "Isso porque os tempos são outros, mais ágeis." Kanji integra a Orquestra do Século XVIII, com sede na Holanda.

Juiz de Fora

Para Santos, a cidade tem uma vertente cultural forte, o que é verificado pelo prestígio do público com relação ao festival. "É algo transformador. A cidade é rica em movimentos culturais e o festival vem potencializar isso. Temos, sim, dificuldades financeiras e de formação de público e de profissionais, mas Juiz de Fora respira esta forma de cultura."

Kanji lembra que uma das mudanças percebidas ao longo dos anos em que ele vem ao festival diz respeito, justamente, ao comportamento do público. "Lá na década de 90, as pessoas aplaudiam ao final de cada movimento, o que mudou com o passar do tempo."

CDs e DVDs

A Orquestra Barroca do Festival tem onze CDs gravados e um DVD. Entre as obras presentes nos trabalhos, J.S.Bach, G.F.Handel, G.P.Telemann, J. M. Leclair, A. Vivaldi, J.J.Emerico Lobo de Mesquita, André da Silva Gomes, W.A. Mozart, PE. José Mauricio Nunes Garcia e J. Haydn, entre outros. A orquestra é a única formação do gênero no país, tendo recebido, em 2006, o prêmio "Disco de Ouro", concedido pela revista "Diapason" pela gravação do CD com obras de J. F. Rebel, J. S Bach e Lobo de Mesquita.

Festival

O 22º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga será realizado em Juiz de Fira entre os dias 17 e 30 de julho, com apresentações em espaços como o Teatro Pró-Música, o CIne-Theatro Central, além de igrejas católicas. O concerto da Orquestra Barroca do Festival está marcado para a próxima terça-feira, 18, às 20h30, no Cine-Theatro Central.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken


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