Com 30 anos de carreira, Roger Resende conta sua paixão pelo samba

Três CDs lançados, projetos e muitos planos fazem parte da vida do sambista

Laura Lewer
*Colaboração
29/11/2013

"É a música mais democrática que existe". É assim que o mineiro Roger Resende descreve o samba, ritmo que faz aniversário nesta segunda-feira, 2 de dezembro, quando é comemorado o Dia Nacional do Samba. "Por ter uma característica muito brasileira, ele atinge pessoas de todas as classes, idades e raças", comenta o sambista. E é assim. Dependendo do local, quem vai a uma roda de samba pode encontrar pessoas de 8 a 80 anos, todas reunidas para ouvir o som que, para Roger, todo brasileiro já nasce acompanhado. 

Tranquilo, exigente com a profissão, gosta de futebol, tomar uma cerveja gelada e encontrar os amigos para rir. É assim que o músico natural de São João Nepomuceno, cidade que tem uma grande tradição de Carnaval, iniciou a relação com a música.

Segundo o músico, aos sete anos ele ganhou um cavaquinho do seu pai. Entre aulas e sambas ensinados por seu avô, que era maestro, Roger foi criando dentro de si um amor pelo ritmo. Aos 12 anos aprendeu a tocar violão, mas foi dois anos depois que o contato intenso com o samba foi definitivo para o início de sua carreira. "Com 14 anos comecei a compor sambas-enredo para uma escola de São João Nepomuceno, a Esplendor do Morro. A partir daí passei a frequentar as escolas e adorava ver os desfiles. Isso tudo foi me contagiando e contaminando, no bom sentido", conta. 

Mudanças

Ao completar 18 anos, Roger se mudou para Juiz de Fora e já fazia shows, mas quando o assunto era vestibular, as coisas não deram muito certo. "Falei para a minha mãe que o Direito não era o que eu queria, que meu caminho era a música. Ela me deu um super apoio." Depois de passar quatro anos na cidade, o músico se mudou para o Rio de Janeiro pra estreitar seus laços com o ritmo.

Atualmente, Roger já tem 30 de seus 43 anos dedicados à carreira, três CDs (Roger Resende, Roger Resende canta Ernani Ciuffo e Borandá meu Camará) lançados, além de muita propriedade para falar do ritmo. Admirador de Paulinho da Viola, o músico acredita no poder da música como forma de mudar vidas. "Acho que a cultura tem um aspecto fundamental, assim como a educação. Ela, como meio de transformar a sociedade para melhor, é um ótimo caminho e deveria ser mais valorizada", opina.

Sobre o reconhecimento dos profissionais, a opinião é a mesma. "Todo mundo vê o profissional da música de uma forma muito informal, mas ele é um trabalhador como outro qualquer. Passa anos estudando e trabalhando para comprar um instrumento que o satisfaça e com o qual ele possa trabalhar. Hoje em dia isso é ainda maior, porque o músico tem que ser seu próprio gestor da carreira, produtor e político", afirma Roger, que também afirma que a remuneração deveria ser melhor para a categoria. E a mudança para essa situação pode começar no próprio profissional. "É necessário que o músico saia da informalidade, saiba bater o pé na hora certa e também saiba ser maleável.

Nova cena

Para o sambista, é inegável que os clássicos nunca sairão do gosto popular, mas o novo também é essencial. "As músicas do Cartola são imortais, mas as pessoas também querem saber sobre o que estão escrevendo agora, qual é a linguagem que está sendo utilizada", explica. De acordo com Roger, a cena juiz-forana e nacional são muito fortes, pois conseguem unir novos nomes à velha guarda e isso é essencial para que a abrangência do ritmo só aumente. Mas para que o trabalho seja ainda melhor na cidade, ele acredita em uma mudança pontual no que se trata da produção dos shows. "O artista sabe exatamente o que vai tocar quando sobe ao palco, então também merecemos que toda a estrutura esteja completa para nós", desabafa. 

Planos

Roger já trabalha em seu próximo disco, que será totalmente voltado ao samba, apesar de também ser adepto do choro, frevo, bossa e baião. Duas faixas inéditas devem ser gravadas em breve e uma delas virará um clipe. Nos segundos sábados do mês, o músico se junta a Carlos Cunha no bar Semente, na Lapa, Rio de Janeiro. Além disso, Roger também fará parte de um projeto em homenagem ao sambista juiz-forano Ministrinho, que completaria cem anos em 1014. As famosas rodas de samba também não ficam para trás.

Quem quiser comemorar antecipadamente o Dia Nacional do Samba pode se juntar a Roger e sambistas convidadas no domingo, 1º de dezembro, no Cultural Bar. A apresentação faz parte do projeto Ponto do Samba, feito para divulgar novos artistas da cidade.

*Laura Lewer é estudante do 6º período de Jornalismo do CES/JF

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