Dona Isabel Salom?o Um exemplo de vida, vontade, amor e esperan?a
Rep?rter
06/10/2006
Uma vida cercada de sonhos, vontades e, para a alegria de muitos, uma hist?ria repleta de realiza?es. ? assim que Dona Isabel Salom?o (foto), personagem conhecida no cen?rio de "ajuda ao pr?ximo", em Juiz de Fora, comemora nada mais nada menos que 82 anos de vida: 62 deles dedicados ? cren?a em um mundo melhor.
Simp?tica, cheia de garra e com um olhar confortante incr?vel, Dona Isabel
tamb?m ? modesta. Segundo ela, todas as suas a?es e benfeitorias n?o s?o
nada mais que obriga??o. "N?o temos o direito de deixar crian?as com fome,
pessoas dormindo em lugares horr?veis, muitas vezes, em lugares piores que
tocas de tatu. Fazer o bem ? uma obriga??o de todos n?s, que acreditamos no
filho de Deus"
, ressalta.
A hist?ria de esperan?a de uma das mais conhecidas l?deres espirituais do Brasil, come?ou quando ela ainda era menina. A filha de imigrantes libaneses que deixaram sua terra natal no in?cio do s?culo passado por causa das guerras (que existem at? hoje, lembra Dona Isabel) ficava angustiada com a falta de escolaridade dos filhos dos lavradores vizinhos ? fazenda do seu pai.
"Eu visitava as casinhas e via sempre as crian?as de longe, sem escola, sem
roupa, chupando o dedo. Que futuro aqueles meninos cheios de vida poderiam
ter sem a educa??o? Tudo era muito longe e eles teriam que andar
quil?metros para freq?entar a escola"
, lembra.
Foi ent?o que Isabel, na ?poca com 14 anos, fundou a Escola Rural Mista Bom Jardim. Ela conta que procurou as autoridades, os pol?ticos e deu um jeito de que essas pessoas ajudassem na concretiza??o da sua vontade. Pedido atentido, nova ocupa??o para a jovem Isabel: era ela mesma a respons?vel pelas aulas das primeiras s?ries prim?rias.
Alguns anos depois, Dona Isabel saiu da fazenda que ficava na regi?o de Marip?, Rochedo e Guarar? e se mudou para Juiz de Fora. E foi nessa mudan?a geogr?fica que ela descobriu e deixou que uma outra "mudan?a" passasse a fazer parte da sua vida. Foi atrav?s de contatos em Juiz de Fora, uma cidade maior, que lhe proporcionava condi?es de conhecer mais sobre o espiritismo, que Dona Isabel lapidou seu dom.
Como ela mesmo contou, desde crian?a j? sentia manifesta?es
espirituais, mas filha de cat?licos convictos, tinha dificuldades de
aceitar a mediunidade. "Eu via e ouvia coisas, cheguei ao ponto de n?o dormir direito,
de perceber quando as pessoas mentiam para mim; mas n?o aceitava"
.
Quando o entendimento e a aceita??o do espiritismo chegou, as obras foram potencializadas. Depois, foi a vez de Dona Isabel se casar com Ramiro Monteiro de Campos, tamb?m esp?rita, e abra?ar de vez o roteiro de uma vida volunt?ria.
"Nunca ningu?m bateu em minha porta e eu n?o dei total aten??o. Nunca
deixei de escutar algu?m que queria desabafar ou me ouvir porque estava com
panelas no fogo. Nesses meus anos de dedica??o ao pr?ximo, eu apaguei o fogo
do fog?o todas as vezes"
.
A senhora, de 82 anos, lembra v?rias a?es que at? hoje ela realiza, mas
que agora, t?m uma amplitude muito maior. Desde que se casou, distribu?a
alimentos para os mais necessitados, na garagem da sua casa. "Dava uma fila
enorme no port?o"
, relembra.
"Minha m?e sempre comentava que meu marido ganhava muito bem e que a gente
n?o conseguia comprar carros, casas, porque repart?amos tudo que a gente
ganhava com outros. Eu, sempre a escutava, mas tamb?m sempre dizia a ela:
Deus prov? e prover?. Ele sabe o quanto a gente precisa para
sobreviver"
.
Dona Isabel conta que vendia roupas em casa, e que ficava sempre impressionada com a
quantidade de pessoas que iam at? sua "boutique". "Certa vez tinham aproximadamente
80 pessoas dentro da minha casa, n?o entendia isso, e foi ent?o que meu guia
espiritual me disse que aquelas pessoas estavam ali, porque queriam me
ouvir."
Somada a essa conclus?o, Dona Isabel relembra o momento que decidiu se dedicar integralmente ? ajuda ao pr?ximo. Segundo a l?der, certa vez ela estava sentada em sua mesa, bonita, cheia de fartura. Foi ent?o que ela ouviu uma voz que lhe chamava a aten??o para a sua miss?o na terra.
"Ouvi uma voz dizendo que conforto era bom e bonito. Mas que eu precisava sair do meu conforto, do conforto que eu oferecia para os meus filhos, para cuidar dos filhos dos outros". E, foi assim que, nasceu o Lar do Caminho.Lar do Caminho
"F? sem obra ? morta". Essa ? a frase que mais orienta todos que participam das a?es para o bem do Lar do Caminho. E ? com esse pensamento, que Dona Isabel dirige h? 25 anos a institui??o e tamb?m o Centro Esp?rita A Casa do Caminho.
Atualmente, o Lar do Caminho abriga 50 meninos, ?rf?os ou n?o. Mas ao longo desses anos de atividade, j? tirou da rua mais de mil crian?as. Mais do que resgat?-los, o Lar oferece a esses pequenos uma oportunidade essencial: a de estudar. Todos eles estudam gratuitamente no Instituto Educacional Allan Kardec, uma escola particular.
A maioria das crian?as chega ao Lar com a m?dia de quatro anos de idade, onde ficam at? se formar, no segundo grau. As crian?as que possuem fam?lia costumam ir para casa nos fins de semana, f?rias e feriados.
Dona Isabel lembra que eles tamb?m fazem trabalhos com os pais dessas
crian?as, para que a casa se concretize com um ambiente fraterno e cidad?o.
"Hoje em dia, o trabalho chega a ser ampliado at? mesmo para os vizinhos
dos pais dessas crian?as"
, complementa. Em todo quarto domingo do m?s, a
institui??o distribui seis toneladas de alimentos para 370 fam?lias.
Obra que n?o p?ra
Dona Isabel ganhou o Pr?mio Geraes de Voluntariado. A conquista, um dos mais valorizados e disputados trof?us da categoria, encontrou em Dona Isabel uma enorme representa??o.
Quando a juizforana de cora??o concorreu, mais de cem pessoas com trabalhos para o bem do Brasil concorriam ao Geraes. Dona Isabel foi eleita com mais de mil votos, muitos deles vindos das mais diversas partes do Brasil e at? do exterior.
No m?s de setembro de 2006, ela tamb?m lan?ou o livro "Elo do Amor", escrito por seu
filho, Iri? Salom?o de Campos, contando a hist?ria de luta e braveza dessa
senhora que veio para lutar por um mundo melhor. O que em partes - no que
seus bra?os alcan?aram - ela conseguiu! Dona Isabel ? "Gente do Bem".
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