Asilos de Juiz de Fora estão lotadosAs instituições filantrópicas de longa permanência para idosos estão aquém da demanda na cidade. Município conta com seis asilos do tipo
Repórter
25/9/2009
Os seis asilos filantrópicos de Juiz de Fora estão incapazes de receber novos idosos. O motivo é a lotação dos espaços que, ao todo, contam com cerca de 500 residentes maiores de 60 anos. O número equivale a 0,9% da população da cidade. De acordo com a assistente social da Política Municipal de Asilos, Maria da Piedade Oliveira, existe a necessidade de criação de novas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) na cidade.
"Juiz de Fora tem hoje 16 asilos. Dez deles são particulares. De acordo com o Estatuto do Idoso, os filantrópicos podem cobrar até 70% do benefício dos idosos, que normalmente equivale a um salário mínimo. Mas, em Juiz de Fora, as entidades não chegam a ficar com todo esse percentual. Até o ano passado, algumas mensalidades não passavam dos R$ 60*. Isso pode explicar a superlotação."
Além disso, o aumento da população acima de 60 anos na cidade pode ter motivado o crescimento da demanda por asilos. De 2000 a 2008, o percentual de idosos em Juiz de Fora subiu meio ponto, de 10,57% para 11,1%. O número está acima da média nacional: 10,2%. Em números absolutos, o acréscimo é de cerca de 6.500 indivíduos. "As vagas nas instituições aparecem em casos de falecimento ou de volta para casa, que quase nunca ocorre."
Piedade ressalta outros fatores que diminuem a quantidade de cuidadores naturais e podem aumentar ainda mais a demanda pelas ILPIs. "As famílias estão cada vez menores. Além disso, o número cai com a inserção das mulheres no mercado de trabalho, já que elas são a maioria das cuidadoras." Ela aponta ainda as novas configurações familiares. "Muitas pessoas optam por viverem sozinhas ou por não terem filhos. Temos ainda os casais homossexuais. Essa população vai envelhecer sem a presença de cuidadores naturais."
Condições dos asilos devem seguir preceitos da Anvisa
A Resolução 283/2005 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamenta o funcionamento das ILPIs em todo o país. Entre as normas, a agência exige que os locais promovam ambiência acolhedora, convivência mista entre os residentes de diversos graus de dependência e integração dos idosos em atividades desenvolvidas pela comunidade local. Além disso, é preciso incentivar e promover a participação da família e da comunidade na atenção ao residente e desenvolver atividades que estimulem a autonomia dos idosos.
Para a coordenadora de Atendimento à Pessoa Idosa da Associação Municipal de Apoio Comunitário (AMAC), Maria José Sinhoroto, só obedecendo às regras é que os asilos e casas de repouso deixam de ser "depósitos de idosos". "Os maiores de 60 anos precisam ser valorizados a cada dia e levados a envelhecer com dignidade. As diversas atividades culturais que podem ser realizadas ajudam na qualidade de vida, na autonomia e independência e até na educação e na alfabetização dessas pessoas."
O documento prevê ainda toda a regulamentação sanitária que o local precisa cumprir. Em Juiz de Fora, uma das instituições corre o risco de ser interditada. Uma ação conjunta entre a Vigilância Sanitária Municipal, o Ministério Público, a Política Municipal de Abrigos e o Departamento de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa pede judicialmente a interdição do local, que não pode ser fechado imediatamente por ainda abrigar idosos.
De acordo com a assessoria de comunicação da Prefeitura, o local está proibido de receber novos residentes. O nome do asilo não pode ser revelado, pois o trâmite corre em segredo de Justiça.
Os textos são revisados por Madalena Fernandes
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