Ciganos vivem mudan?a de h?bitos A luta pela inclus?o social e o crescimento das cidades t?m causado as mudan?as de h?bitos do povo cigano. Em JF, s?o mais de oito mil
Rep?rter
31/10/2008
Um levantamento feito entre os anos de 2003 e 2006, pelo Centro de Cultura Cigana de Juiz de Fora, contabilizou 8.740 ciganos na cidade. Na Zona da Mata Mineira s?o 46.679 e em todo o estado, o n?mero chega a 432.108. O Brasil possui a segunda maior comunidade cigana do mundo, com cerca de 1,6 milh?o, ficando atr?s somente da Rom?nia. Para o presidente do Centro de Cultura Cigana, Zarco Fernandes, esse levantamento em Minas ? mais que uma conquista.
A contagem ? in?dita e, para Zarco, ela mostra que todas as estimativas do poder p?blico a respeito do n?mero de ciganos existentes no Brasil n?o s?o corretas. "A estimativa mais atual ? de que s?o cerca de 500 mil no pa?s"
, diz e se questiona. "Ent?o todos est?o em Minas?".
Segundo ele, os governantes alegam ser dif?cil localizar a popula??o por se tratar de uma ra?a n?made. A desculpa do poder p?blico serviu de est?mulo para a realiza??o
do levantamento e tamb?m foi motivo de revolta. "Contabilizamos para mostrar que ? poss?vel"
,
diz. Ele se refere tamb?m ao desconhecimento, por parte do governo e da popula??o em geral,
sobre as mudan?as de h?bitos dos ciganos.
"Muitas pessoas falam que os ciganos est?o sumindo. Mas n?o ? isso. A verdade
? que estamos mudando o jeito de viver e procurando melhores condi?es de vida."
Ele conta que h? sete anos era raro ver um acampamento cigano na cidade e, de l? para c?,
se tornou ainda mais. "H? tr?s anos n?o se v? um acampamento em Juiz de Fora."
Os ciganos est?o passando de n?mades a sedent?rios. Atualmente, somente 40% vive de cidade em cidade. Essa mudan?a se deu em fun??o do crescimento urbano, que eliminou os espa?os para acampamento. E a tend?ncia ? que, a cada ano, o n?mero de n?mades continue caindo.
Uma amostra dessa mudan?a de h?bito ? o fato de os ciganos n?o exercerem mais o principal of?cio exercido por eles: a leitura de m?os. Atualmente, somente 11% deles vivem disso. A maior parte ? comerciante (30%). Eles s?o seguidos dos profissionais liberais, com 22%, dos negociantes, com 16%, dos professores, com 10%. Os artistas s?o 4%, os artes?os 2% e 5% exerce outras atividades.
Para Zarco, outro fator que contribui para a mudan?a na forma de viver dessa ra?a s?o as pr?prias conquistas relacionadas ? inclus?o social. Uma delas, considerada positiva ? a conquista do direito ao registro civil, atrav?s de decreto assinado pelo presidente Lula em 2007, que amplia o acesso ? documenta??o b?sica.
Vinte e seis por cento
dos ciganos n?o t?m o documento. "E n?o ? poss?vel haver pol?tica p?blica e de inclus?o social
para quem n?o existe, n?o sabem quantos s?o e nem onde est?o"
, diz ele. A dificuldade em tirar
a certid?o de nascimento se dava em fun??o da lei do cart?rio ser mais forte que a lei nacional. O cigano explica que os cart?rios exigiam domic?lio fixo e um registro de nascido vivo na maternidade. "N?s nascemos e vivemos em barracas. ? a nossa tradi??o."
A falta do registro ? motivo de impedimento aos estudos, ? aten??o a sa?de e ao exerc?cio da cidadania. Segundo Zarco, em 2006, 230 crian?as ciganas estavam fora da escola em Juiz de Fora. "O maior ?ndice de analfabetismo no Brasil est? entre os ciganos"
, ressalta.
A cr?tica de Zarco recai sobre o sistema de levantamento de informa?es sobre a popula??o
brasileira. Ele critica o fato de n?o haver a op??o "cigano" no censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat?stica (IBGE). "Temos que nos declarar como outra ra?a, porque n?o h? op??o no formul?rio do IBGE."
Apesar de conquistas importantes para a ra?a, como a comemora??o do Dia Nacional do Cigano, em 24 de maio, Zarco ainda diz que elas representam apenas
1% de tudo o que ? necess?rio. Ele diz que tudo foi um avan?o em anos-luz, mas, levando em considera??o o cansa?o, a sensa??o ? de que tudo demorou uma eternidade.
"Ainda n?o conquistamos a cidadania de fato. Esbarramos na burocracia e na m? vontade dos governantes."
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