Fazenda Esperança já atende a trás pessoas em Juiz de Fora

Fazenda Esperança já atende a três pessoas na Zona da MataO local tem capacidade para acolher 24 homens com dependência
de álcool e de drogas na cidade e região

Mesmo antes de ser inaugurada neste domingo, 22 de novembro, a Fazenda Esperança da Arquidiocese de Juiz de Fora já presta atendimento a três homens com dependência de álcool e de drogas. Localizada na cidade de Guarará (MG), a cerca de 40 km de Juiz de Fora, a unidade está pronta para acolher 24 pessoas.

No local há refeitório, copa, cozinha, sete dormitórios, horta, sala de aula e biblioteca. A construção de uma capela está em fase de término. "Parte da propriedade, que pertencia a uma obra social chamada Instituto Dona Selva, foi doada. O restante foi adquirido pelo fundador do projeto, frei Hans Stapel", informa o vigário geral da Arquidiocese, padre Antônio Cornélio Viana.

Segundo Viana, a fazenda, que possui 31 hectares, tem potencial de crescimento, podendo atender mais pessoas futuramente. A necessidade de ampliar a unidade é visível antes da inauguração. De acordo com o vigário, já há pelo menos 40 pedidos de internação no local. "Um grupo de psicólogos e psiquiatras voluntários faz a seleção dos inscritos, após entrevista e avaliação médica. Eles avaliam principalmente a força de vontade do paciente e a gravidade do problema."

Para entrar na lista de espera, o paciente precisa escrever uma carta de próprio punho para a diretoria da fazenda. "Este ato é importante, pois demonstra que o dependente está interessado em ficar livre dos vícios. É o primeiro passo para que o tratamento dê certo." O atendido vai então receber uma correspondência de volta, já com data marcada para a entrevista, feita no local.

A Fazenda Esperança cobra taxa de três salários mínimos para o tratamento durante 12 meses — tempo estimado para a recuperação. No entanto, o paciente que não tiver condição financeira não deixará de ser atendido. "A taxa é uma forma de conseguirmos manter a fazenda durante este período de início."

Trabalho, disciplina e oração

Três pilares sustentam o tratamento terapêutico desenvolvido na Fazenda Esperança: trabalho, oração e disciplina. Segundo Viana, o trabalho ajuda o paciente a esquecer o vício. "Trabalhando, o interno sente-se útil, percebe uma razão para abandonar a dependência. Além de ser bom para ele, o trabalho gera renda para a fazenda, que poderá se manter com a venda daquilo que produzir." A expectativa é de que seja possível explorar todo o tipo de agricultura, além de pesca e criação de gado de leite para produção de laticínios e de galináceos.

A disciplina é buscada a cada dia. O paciente precisa lidar com a dependência e a possível abstinência sem a ajuda de medicamentos. Nos três primeiros meses de internação, é proibida a visita de familiares. "Os parentes não precisam temer. O interno fica com grande parte do tempo tomado por atividades de todos os tipos, inclusive recreativas e em conjunto. Um voluntário, treinado pela fazenda matriz, em Guaratinguetá (SP), acompanha o dependente durante todo o tempo."

A oração fica a cargo das missas e encontros promovidos pela Arquidiocese e igrejas católicas da região. O método é utilizado desde a fundação da primeira Fazenda Esperança e continua sendo aplicado nas 62 unidades espalhadas pelo Brasil e por países como Alemanha, Guatemala, Rússia, Argentina, Paraguai, México, Itália, Filipinas e Moçambique.

Atendimento às mulheres

A unidade de Guarará atende apenas a pacientes do sexo masculino. Porém, de acordo com Viana, as mulheres interessadas em participar do projeto poderão ser encaminhadas à instituição ligada à rede mais próxima, que fica na cidade de Guapemirim (RJ).

Como ajudar?

A Fazenda Esperança recebe todo o tipo de contribuição, que pode ser encaminhado à Catedral Metropolitana. A ajuda financeira também pode ser realizada na Catedral, até que a fazenda providencie a abertura de uma conta bancária. A Catedral faz ainda a campanha Amigos da Fazenda da Esperança para quitar as dívidas da reforma e ajudar na manutenção. O interessado pode ajudar adquirindo um carnê e fazendo dez doações mensais no valor que desejar.

A instituição recebe também a ajuda de voluntários de todas as áreas. Os interessados devem fazer uma visita à fazenda e realizar uma entrevista com técnicos. Se necessário, devem ser feitos cursos na sede do projeto. Atualmente, ex-internos do interior de São Paulo trabalham na unidade da Zona da Mata.

Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!