SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Diante da escalada de licenciamentos de carros híbridos e elétricos, empresas passaram a oferecer serviços de assinatura para carregadores utilizados no abastecimento desses veículos. Os clientes são tanto companhias e condomínios residenciais quanto pessoas físicas interessadas no modelo de negócio.

São Paulo está na mira das locadoras dos equipamentos. Com edifícios ainda sem estrutura para comportar a chegada de grandes volumes de veículos eletrificados, condôminos têm de recorrer ao serviço para obter melhor custo-benefício e solucionar problemas relacionados ao sistema elétrico do prédio.

Pedro Schaan, CEO da Zletric, empresa que também faz aluguel dos equipamentos, explica que o aparelho da marca é capaz de fazer um balanceamento entre os veículos em recarga no momento. Para não exceder a capacidade do sistema elétrico do condomínio, é possível deixar alguns carros numa fila de espera ou dividir a energia que está sendo gasta entre eles, como um roteador de internet.

As mensalidades para os moradores variam de R$ 99 a R$ 299, a depender da potência solicitado.

"A gente já viu as mais diversas reuniões de condomínio -quentes, inclusive- sobre esse assunto. Por isso que o modelo de locação passou a fazer sentido. Nos condomínios de São Paulo, não está chegando o primeiro ou o segundo carro [elétrico], mas sim o décimo. Estamos fortes lá", afirma Schaan.

A obstetra Paula Kraide, 40, precisou adaptar a garagem de seu prédio, na zona sul de São Paulo, para carregar seu carro, um híbrido Volvo XC40. Não foi fácil. Ela conta que precisou convencer os vizinhos a aprovarem as mudanças e chegou a conversar individualmente com alguns deles para apresentar seus argumentos.

"Foi uma guerra. Eu ameacei processar o prédio. Os vizinhos implicaram porque eles não conseguiam entender como funcionava", diz. No final, Kraide afirma ter arcado com todos os custos para evitar brigas.

Ela contratou um engenheiro para fazer um estudo, que custou cerca de R$ 2.500, na finalidade de descobrir qual era a capacidade elétrica do prédio. Teve também de adicionar uma tomada à sua vaga na garagem para, assim, poder instalar o carregador da Zletric.

Na opinião da economista Vera Carletti, 53, dona de uma Volvo XC60, a maior vantagem no aluguel do equipamento é que, com o sistema instalado pela empresa, ela consegue medir quanta energia gasta na recarga. O valor é adicionado à taxa do condomínio, localizado na zona sul da capital paulista.

"Se você colocar no papel, o valor de um aparelho desse seria o equivalente a um pouco mais de um ano de aluguel. Mas a tecnologia vai mudando e fica defasado, vira um trambolho", diz.

Para a casa que possui no interior do estado, porém, ela planeja ter seu próprio carregador, já que não precisa prestar contas sobre a energia utilizada para outros vizinhos.

A locação do aparelho não é utilizada somente por pessoas físicas. Essa foi a opção mais viável para a UCorp, empresa de compartilhamento de veículos -serviço conhecido também como carsharing. No modelo de negócio, a empresa disponibiliza uma frota de carros em diversas bases pela cidade, e o cliente pode usar os automóveis depois de cadastrar seus dados em uma plataforma da marca. O pagamento é feito de acordo com o tempo de uso.

Segundo Guilherme Cavalcante, CEO e fundador da UCorp, o aluguel dos carregadores é mais vantajoso, já que o pacote inclui também manutenção, substituição por novos modelos e a possibilidade de devolução, caso a empresa não vá para a frente.

Thiago Castilha, diretor de marketing da fabricante de estações de recarga E-Wolf, explica que a locação ainda representa cerca de 10% do faturamento, mas vem crescendo em um bom ritmo. Para carregamento de frotas, o mercado, tanto de aluguel como de vendas, é mais forte no estados do Sul e Sudeste, diz.

No caso dos modelos residenciais, o preço mensal cobrado pela E-Wolf gira em torno dos R$ 350. O cliente é responsável por arcar pelos custos com energia. O valor fica mais salgado, porém, quando os aparelhos utilizados são de recarga rápida, podendo chegar a custar mais de R$ 7.000 por mês.

Fundador da Rinno Energy, outra empresa do mercado de carregadores para veículos elétricos, Fabrizio Romanzini afirma que sua companhia entrou no negócio de locação há pouco menos de um ano. O modelo, segundo ele, ainda é novo e, para dar certo, é preciso analisar outros segmentos, como aluguel de veículos ou até mesmo de máquinas de café e xerox, em relação às regras de manutenção e o tempo de locação, por exemplo.

"O carregador é um sistema novo. A gente pega esses cases de sucesso de locação, como o da Localiza ou o de máquina de xerox, e aplica. Todo o equipamento e a expertise de instalação e de projeto a gente tem", afirma.


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