SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Brasil recebeu convite para entrar na organização de países produtores de petróleo conhecida como Opep+ durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Arábia Saudita nesta semana, mas ainda analisa a situação antes de dar uma resposta sobre o assunto, informou o Palácio do Planalto.
Mais cedo, um delegado da Opep+ havia dito à agência Reuters que o Brasil deverá se juntar ao grupo. O anúncio foi feito no mesmo dia em que começa em Dubai a COP28, conferência do clima da ONU. Reduzir o uso de combustíveis fósseis é um dos objetivos centrais da reunião.
Em pronunciamento nesta manhã, António Guterres, secretário-geral da ONU, afirmou que o mundo vive um "colapso climático em tempo real" e que os recordes de temperatura deveriam "fazer os líderes mundiais suarem frio".
Nesta quinta-feira (30), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou durante um encontro com membros da Opep+ que Lula "confirmou nossa carta de cooperação" com o grupo de países produtores de petróleo a partir de janeiro de 2024.
"Esperamos nos juntar a este distinto grupo e trabalhar com todos os 23 países nos próximos meses e anos", destacou Silveira.
Segundo ele, a Opep+ preserva a "estabilidade dos mercados de petróleo e energia". Não está clara como seria a participação do Brasil na organização.
O ministro afirmou que o acordo está próximo de ser anunciado. "Há uma etapa de análise detalhada pela nossa equipe técnica do documento recebido agora há pouco que faz parte do protocolo do Brasil", afirmou Silveira.
A participação do Brasil em um grupo que determina, por exemplo, cortes de produção de petróleo por parte de seus membros é polêmica, uma vez que o país é uma economia de mercado, contando com empresas listadas na Bolsa, como a Petrobras, entre outras. Há ainda multinacionais que atuam em importantes campos do pré-sal.
ELOGIOS À OPEP+
Silveira fez declarações cheias de elogios à Opep+, grupo integrado por Arábia Saudita e Rússia, dizendo que o Brasil acompanha com entusiasmo o trabalho "valoroso" da grupo.
O grupo, que funciona como um cartel, realizou reunião nesta quinta-feira (30), mas não houve um acordo coletivo. Assim, os países decidiram promover cortes voluntários, que resultam em uma redução de quase 2 milhões de barris de petróleo por dia a partir de 2024.
Decisões de cortes de produção da Opep+ costumam elevar os preços do petróleo no mercado global, à medida que nações como a Arábia Saudita se beneficiam de cotações mais altas.
"É um momento histórico para o Brasil e a indústria energética, abre um novo capítulo na história do diálogo e cooperação no campo de energia", afirmou Silveira.
Ele disse ainda que essa "estabilidade traz consigo benefícios não só a países produtores de petróleo, mas também aos consumidores".
"É um momento histórico para o Brasil e a indústria energética, abre um novo capítulo na história do diálogo e cooperação no campo de energia", afirmou.
O QUE É A OPEP+
A Opep+ reúne os integrantes da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e produtores aliados.
A Opep é composta por Arábia Saudita, Venezuela, Emirados Árabes Unidos, Nigéria, Líbia, Kuwait, Iraque, Irã, Gabão, Guiné Equatorial, República do Congo, Angola e Argélia.
Já a Opep+ inclui Rússia, Cazaquistão, Azerbaijão, Malásia, México, Bahrein, Brunei, Omã, Sudão e Sudão do Sul.
O Brasil despertou interesse da Opep+, pois está entre os dez maiores países produtores de petróleo e é o maior produtor da América Latina desde 2016.
A sua produção de petróleo atingiu um recorde de 3,7 milhões de barris por dia em setembro, um aumento de quase 17% em relação ao mesmo mês do ano anterior e de 6,1% em relação a agosto, segundo a agência de referência de preços Argus Media.
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