Por que pensar a educação?
Foi anunciado, recentemente, que o setor da Educação receberá, em função dos royalties do Petróleo, quase um bilhão e meio de reais em investimentos no ano de 2014. A expectativa é que esse repasse chegue a treze bilhões em 2018 e continue em processo de alargamento ao longo dos anos. A própria presidenta Dilma Rousseff afirmou que o objetivo é dar educação de primeiro mundo aos jovens e adultos brasileiros. Com isso, pretende-se que haja recursos para transformar o Brasil em um país desenvolvido, através dos investimentos na Educação.
Paralelamente a estas ações governamentais, é possível perceber uma generalizada aceitação, na sociedade, da ideia de que a Educação é o mecanismo através do qual é possível transformar o país, através do qual um desenvolvimento pleno e socialmente responsável pode ser alcançado. Basta que se pergunte a um e a outro: o que é preciso para o desenvolvimento do país? As respostas apontarão majoritariamente para a questão da Educação, mesmo que esta figure ao lado de outras prioridades em alguns casos.
Portanto, num quadro geral é possível falar de uma concordância entre sociedade e classe governante de que a Educação é o motor do desenvolvimento do país e que deve ser priorizada. Mas de que Educação estamos falando quando a colocamos como esta bandeira aparentemente desfraldada por todos?
Se o investimento na Educação significar a expansão das instituições de ensino nos moldes como têm se apresentado em diversas partes do país, muitas vezes compostas por estruturas absolutamente insuficientes para um mínimo trabalho educacional, então este investimento não é a melhor ideia. Na mesma linha, estes investimentos não podem representar uma simples ampliação do número de vagas em escolas, tornando as salas ainda mais lotadas; nem podem significar a construção de novas escolas sem que isso tenha sua proporção em investimentos na preparação dos profissionais – professores ou não – que atuarão nestas instituições. Nestes casos, a meta de um país melhor não pode ser alcançada.
Por seu turno, se o consenso social de que a Educação deve ser priorizada e valorizada permanecer no âmbito do discurso, sem que toda a sociedade se envolva na reflexão sobre a Educação, suas estruturas, suas metas, seu funcionamento, seus integrantes; então neste caso esta opinião geral não tem muito efeito, não tem qualquer força.
Em resposta à pergunta “por que pensar a Educação?”, por conseguinte, é preciso que se diga: porque nela estão depositadas esperanças sociais e políticas de melhorias para o país. Porque acredita-se que, através dela, será possível construir um futuro melhor, com condições dignas de vida para os cidadãos. Porque simplesmente investir não resolve, e porque simplesmente afirmar a importância da Educação não é muita coisa.
Pensar a Educação para que ela possa, verdadeiramente, gerar os resultados esperados. Para que ela não se renda à dinâmica de adestramento consumista, para que possa gerar cidadãos críticos e capazes de se situar na complexa vida cotidiana, atentos o suficiente. Pensar a Educação para que as próximas gerações possam agradecer os esforços desta.
E o que significa, exatamente, esta reflexão sobre a Educação? Significa acompanhar políticas públicas que se voltam para este campo – cobrando seu cumprimento, quando existentes; ou exigindo o comprometimento dos políticos, quando esta não é sua prioridade. Com esta recente ampliação dos investimentos, cumpre observar quais serão as formas de aplicação, para que não sejam em vão. Significa, também, conhecer a estrutura educacional atual, buscar melhorias, envolver-se com o projeto educacional em vez de deixar que os professores, muitas vezes desvalorizados ao extremo, lutem solitariamente. Trata-se de valorizar o conhecimento, a leitura, o envolvimento com as atividades culturais, a construção do saber e, em especial, o aspecto de construção de caráter e de valores próprio da Educação, e muitas vezes abandonado.
Há algo de trabalhoso nisso tudo. Mas nunca se pensou que construir o futuro é coisa fácil. Por isso, é essencialmente preciso pensar a Educação!
Ivan Bilheiro
Licenciado em História pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF), graduando em Filosofia pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Cursa duas pós graduações lato sensu: em Filosofia pela Universidade Gama Filho (UGF) e em Ciência da Religião pela UFJF
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