Atores em busca de registro profissional Para ser ator ? necess?rio talento, voca??o e estudo. Para Juiz de Fora, a sa?da ? ser testado pelo sindicato

Priscila Magalh?es
Rep?rter
23/07/2008

Para exercer a profiss?o de ator ? necess?rio mais do que talento. A voca??o ? uma qualidade que faz toda a diferen?a, pois "o talento n?o resiste sem ela", diz o coordenador e diretor do Centro de Estudos Teatrais (Grupo Divulga??o), Jos? Luiz Ribeiro. Ele justifica dizendo que ser ator ? um trabalho de perseveran?a.

Ao contr?rio do que muita gente pensa, ele diz que n?o ? uma profiss?o f?cil. "Na vida, andamos e falamos, mas no palco n?o ? s? isso. Temos que andar, falar e representar, tudo ao mesmo tempo", ressalta.

O motivo de alguns verem facilidade na profiss?o de ator est? ligado ao fato de o ser humano ter facilidade em representar. "Todo mundo mente com a cara mais lavada do mundo quando a situa??o obriga", explica Ribeiro. Entretanto, ele diz que teatro n?o ? s? mentira. "Associamos a mentira ? t?cnica. O ator diz ser algo que n?o ? e quanto mais ele diz que ?, mais as pessoas acreditam".

Al?m disso, a representa??o ? uma arte h?brida, onde o ator precisa desempenhar a dan?a, o canto e a fala. "A base do teatro s?o as pessoas, e os atores trabalham com a comunica??o face a face". Por isso, para trabalhar, ? preciso que o ator esteja preparado "na voz, no corpo e na alma", orienta ele. Nesse meio, o p?blico n?o ? mero espectador. "Dependemos da resposta do p?blico, pois estabelecemos uma comunica??o direta e rec?proca".

foto da pe?a Mercador foto da pe?a Tempestade

O diretor explica que h? uma diferen?a entre ser ator de televis?o e estar nos palcos. Ele compara a expressividade da televis?o ? de um cabo de vassoura e justifica dizendo que, na novela, a c?mera se ap?ia sempre no rosto do ator, porque ? a parte do corpo que se mostra mais natural. "Quando uma pessoa te deixa nervoso, voc? se levanta e quer tirar satisfa??o. Na televis?o, isso n?o ? poss?vel por causa das c?meras colocadas em lugares espec?ficos. Ent?o, o ator permanece na posi??o e interpreta atrav?s da express?o facial", explica.

No teatro, tudo acontece de forma mais exagerada, mesmo quando ? um espet?culo naturalista. Isso pode ser percebido atrav?s dos movimentos dos atores no palco e do tom da voz, que sempre deve ser bem alto. "Brincamos que sempre h? uma velhinha na ?ltima fila da plat?ia e que precisa ouvir o que falamos no palco".

Em busca do registro

foto de Bruno Em grandes capitais, como S?o Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, ter o registro de ator significa que o profissional est? habilitado para trabalhar na televis?o e nos palcos. Entretanto, para Juiz de Fora este registro ainda n?o possui muita funcionalidade. "N?o ? m?rito ter o registro", diz o ator Bruno Fonseca, da Cia Putz! de teatro.

Bruno tirou seu registro profissional de ator em setembro do ano passado, em Juiz de Fora. Como na cidade n?o h? curso superior e nem t?cnico, a sa?da foi passar por testes oferecidos pelo Sindicato dos Artistas e T?cnicos de Divers?o de Minas Gerais (Sated).

Ele conta que a prova do Sated realizada em Juiz de Fora n?o foi f?cil. Os candidatos passaram por tr?s etapas, o que inclui prova de hist?ria do teatro, leitura de pe?as, apresenta??o de mon?logo e exerc?cios de improvisa??o. Para o ator, Minas ? o Estado que mais exige dos atores nesses testes.

foto de Bruno Os profissionais enfrentam o problema do grande n?mero de pessoas que n?o t?m o registro e, mesmo assim, interpreta. "? normal vermos modelos fazendo interpreta??o em comerciais na televis?o, o que n?o ? permitido", comenta. Por isso, ele cobra maior atua??o do Sindicato na fiscaliza??o.

Ele fala que, na cidade, o n?mero de atores profissionais ? pequeno. "E a maioria dos profissionais n?o trabalha bem", diz. Segundo ele, isso est? ligado ao fato de o Rio de Janeiro n?o exigir muito de quem pretende o registro. "As pessoas v?o at? o Rio, apresentam os documentos e conseguem tirar sem fazer qualquer teste", conta.

De acordo com a lei

As outras formas de ser ator profissional ? cursar uma faculdade ou passar por um curso t?cnico. Nestes dois casos, o diploma permite ter o registro profissional. Por?m, segundo Ribeiro (foto abaixo), h? diferen?as entre as duas forma?es. Quem passa pelo curso superior, tem o registro de artista. "Ele d? op??o de ser diretor, cen?grafo, figurinista, dramaturgo ou core?grafo", explica. No outro caso, o registro de t?cnico permite a interpreta??o.

foto de Jos? Ribeiro O decreto 82.385, de 05 de outubro de 1978, regulamenta as profiss?es de artista e de t?cnico em espet?culos de divers?es. Segundo seu artigo 8?, para ter o registro ? necess?rio que o candidato apresente diploma de curso superior de diretor de teatro, core?grafo, professor de arte dram?tica, ou outros cursos semelhantes. Ainda ? permitido apresentar diploma ou certificado de 2? grau de ator, contra-regra, cenot?cnico ou sonoplasta. Ainda h? a terceira op??o, que permite apresentar atestado de capacita??o profissional fornecido pelo Sindicato.

Para Ribeiro, a facilidade em conseguir o registro em alguns locais ? o principal motivo de existirem profissionais ruins. "Quando a televis?o precisa de um perfil e encontra, ela d? um jeito de arrumar o registro para a pessoa. Ela trabalha naquilo e, depois, quando n?o desaparece, continua fazendo alguma coisa", comenta.

Sobre a profiss?o em Juiz de Fora, ele diz que n?o h? como viver somente do trabalho de ator e ressalta que isso tamb?m acontece em outros locais, como no Rio. "O profissional passa fome se n?o se dedicar a outra coisa".


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