Ailton Alves 19/10/2009 Tempos de nada
Eram decorridos apenas 33 segundos de jogo. A bola foi lançada na direita para Diego Tardelli, que não conseguiu, no entanto, cruzar. Antes disso, Miranda, o zagueiro do São Paulo e da seleção de Dunga, chegou com força desproporcional e derrubou o atacante. Alguns zagueiros são mesmo assim: na primeira investida dão logo uma cacetada no adversário, na esperança de que ele, amedrontado, desapareça da área. Tardelli não sumiu e na cobrança da falta escorou a bola para as redes, aos 90 segundos de jogo. Jogada desse tipo, que acaba em gol relâmpago, devia ser proibida pela regra. Toda a afoiteza deveria ser castigada. Os primeiros minutos de uma partida não são para marcar gols. É como se no Xadrez fosse possível um Xeque-Mate logo no primeiro movimento. Os momentos iniciais de um jogo de futebol são para a contemplação.
Mas...O Atlético saiu na frente do placar e assim ficou. Nos outros 88 minutos e meio do confronto, mais os acréscimos, nada, absolutamente nada, aconteceu.
Decorridos menos de 24 horas desse nada acontecido no Morumbi, em outro campo de São Paulo o Palmeiras surgiu imponente no gramado (como diz o hino) para confirmar a liderança e, mais que isso, o status de favorito ao título. Que nada! Nada aconteceu. Quem brilhou mesmo foi o meia sérvio Petkovic, novamente a serviço do Flamengo, com duas jogadas de gênio. Parecia ele, no primeiro gol, um Bispo de jogo de Xadrez, deslocando-se em diagonal. No segundo gol, nem mesmo a Torre Marcos foi capaz de evitar que a bola chutada do escanteio entrasse.
No Maracanã, o Internacional de Porto Alegre tinha tudo para, diante do Fluminense, assumir a vice-liderança. Mas, como tem acontecido desde sempre, o clube gaúcho perdeu suas chances num jogo que, a despeito dos quatro gols, nada aconteceu. O tricolor carioca está condenado. Pula como um cavalo açoitado mas será sacrificado como um peão de tabuleiro. E o Colorado confirma sua sina de Rainha de Xadrez nas mãos de um péssimo jogador: endeusada, parece que pode tudo – e pode –, mas não é tratada como merece.
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Nos últimos jogos do Tupi também nada aconteceu. Já são duas quartas-feiras de dar dó. Aquele 0 a 0 em casa contra o Villa Nova foi o pior jogo do Galo em muitos anos e o outro 0 a 0, fora, contra o Funorte, pode ser creditado, com boa vontade, ao forte calor de Montes Claros. Na próxima quarta-feira, dia 21, os Carijós entram em campo de novo, para pegar o Valeriodoce, de Itabira. Mesmo com a chuva e o frio previstos é hora de algo acontecer.
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A repescagem europeia, etapa que vai definir os quatro últimos países do Velho Mundo classificados para a Copa do Mundo de 2010, terá quase nada de emoções. A FIFA manipulou o sorteio e praticamente garantiu as presenças de França (que enfrenta a Irlanda) e Portugal (que pega a Bósnia). Nos outros dois confrontos (Grécia X Ucrânia e Rússia X Eslovênia) tudo ou nada pode acontecer, pois na verdade não fará nenhuma diferença.
Ailton Alves é jornalista e cronista esportivo
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