Paratleta juiz-forano se destaca nas competições de natação
Há pouco mais de um ano, André Silvério começou a praticar o esporte competitivamente e já coleciona várias medalhas
Repórter
15/9/2012
A prática esportiva é a superação diária dos limites do ser humano. A cada treino, cada competição, o atleta busca incessantemente melhorar os resultados. Mas, no caso de André Gustavo de Melo Silvério (foto ao lado), um juiz-forano de 31 anos, a natação entrou em sua vida com um hobby, e quando o atleta resolveu encarar este esporte como competição, conquistou o lugar mais alto do pódio. A primeira vitória veio em outubro de 2011, no X-Terra, que aconteceu nas águas da represa Doutor João Penido. "Sempre gostei de nadar, mas dos 15 aos 28 parei de praticar. Quando voltei, fui convidado para participar de um projeto. Então, resolvi encarar as águas da represa e para minha surpresa conquistei o primeiro lugar. Confesso que não esperava por isso e até fiquei com um pouco de receio de participar desta competição, pois foi a primeira vez que encarei águas turvas. O que eu queria era apenas atravessar a represa," revela.
Silvério é paratleta e nasceu sem o antebraço direito e também sem os membros inferiores das pernas. Advogado, ele revela em entrevista ao Portal ACESSA.com que a deficiência física nunca foi um empecilho para sua vida de atleta, e muito menos para a pessoal. "Minha mãe foi quem me incentivou a começar a nadar. Lembro que algumas pessoas achavam que eu não iria conseguir, mas ela sempre acreditou em mim. Quando criança, jogava bola, brincava com os colegas da escola. Fazia tudo o que todas as crianças fazem. Atualmente eu dirijo, sou independente como qualquer um. E devo isso tudo ao apoio que sempre recebi da minha família", diz.
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O paratleta faz parte do projeto Superação Aquática, da Secretaria de Esporte e Lazer da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), o que motiva Silvério a participar de mais competições. Este ano ele participou do Circuito Loterias Caixa de Natação. Na modalidade regional, que teve a participação de atletas de Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo e Distrito Federal, ele conquistou seis medalhas. "Ganhei três medalhas de bronze, duas de prata e uma de ouro," revela. Com esse desempenho, Silvério foi classificado para a etapa nacional. E, apesar de não ter conquistado mais nenhuma medalha, revela que ficou satisfeito com o resultado. "Consegui melhorar meu tempo e isso já me deixou muito feliz."
Silvério explica ainda que, ele juntamente com seus treinadores Gerson Moreira e Karla Belgo, estão tentando alterar a modalidade em que ele compete. "A divisão na natação vai de S-1 até S-10. Sendo que na S-1 estão os atletas que possuem deficiências maiores. Atualmente, eu estou na S-6, mas estamos tentando passar para a S-5 ou S-4, o que vai me ajudar ainda mais nas competições," explica.
Dedicação
Todos estes resultados fazem com que Silvério se dedique cada vez mais ao esporte. Atualmente o atleta treina duas horas por dia, de segunda-feira a sábado, somente na piscina. "O ideal era que fizéssemos também um trabalho muscular fora da água, mas para isso precisamos de parceiros."
Agora Silvério se prepara para mais uma competição, com um nível de desafio ainda maior. "Meu sonho é fazer a Travessia dos Portos, no Rio de Janeiro. O percurso é de três quilômetros, o dobro que eu tive que percorrer na represa Doutor João Penido. Porém, com um agravante a mais, que é a movimentação das águas. Mas vou dar o máximo para conseguir fazer essa travessia."
Exemplo de vida
Durante toda a conversa com o Portal ACESSA.com Silvério se revela uma pessoa feliz. "Claro que eu tenho um problema de locomoção. Mas é só isso. Não tenho nenhuma dificuldade séria na minha vida. Nada além daquelas que qualquer outra pessoa tem."
Para o nadador, o apoio da família e a convivência com a sociedade moldaram a sua personalidade e o seu estilo de vida. "Crescer sem os membros inferiores das pernas e sem o antebraço direito foi tranquilo para mim, pois nunca fui discriminado. Desde pequeno, meus colegas de escola conviveram comigo e nunca me trataram com indiferença, pois eles também cresceram me vendo."
Silvério termina com um recado para as pessoas deficientes. "Existe um estudo que diz que cerca de 30% da população brasileira possui algum tipo de deficiência, mas quando andamos nas ruas, nós não vemos essa porcentagem. Tem pais que escondem seus filhos em casa, pois têm medo que seus filhos sofram algum tipo de retaliação. Mas quando a sociedade passar a conviver com pessoas com deficiência, quando uma criança tiver a oportunidade de ver seu colega de escola crescer junto com ela, isto não acontecerá mais. Por isso eu digo, nunca se sintam inferiores, busquem seus sonhos, pois o impossível não existe."
Os textos são revisados por Mariana Benicá
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