Com 10 anos, juiz-forano campeão brasileiro de xadrez já disputa campeonatos com adultos
Praticante do esporte há quatro anos, Enzo Emanuel Victor Fontes acumula títulos nacionais e internacionais
Repórter
30/4/2013
Campeão Mineiro em 2011; melhor brasileiro na categoria no Mundial de 2011, em Caldas Novas (GO); 6º colocado no Sul-Americano, realizado em Lima, no Peru; Campeão do estado do Rio de Janeiro em 2012; vice-campeão brasileiro de xadrez escolar, e, agora, campeão brasileiro. Parece o currículo de um veterano, mas o juiz-forano Enzo Emanuel Victor Fontes tem apenas 10 anos, e já é um grande talento do xadrez (foto ao lado).
Ainda bem novo, o menino Enzo aprendeu, com o pai, Humberto Fontes, as regras do xadrez. Assim que dominou os movimentos, passou a demonstrar cada vez mais interesse pelo esporte. Aluno do colégio Santa Catarina, começou a participar de aulas na própria instituição. Poucos meses depois, percebendo o gosto e o talento do pequeno enxadrista, a família passou a investir em um treinador particular. Em pouquíssimo tempo, Enzo já começou a ter resultados expressivos em competições. "Assim que percebemos que ele levava jeito, começamos a investir no potencial dele, contratamos um treinador e o inscrevemos nos campeonatos. Hoje, em torneios regionais, ele já disputa contra adultos", afirma, orgulhosa, Tânia Herculano, mãe do garoto.
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Maturidade para aguentar a pressão
Esporte que exige concentração e capacidade mental fora do comum, o preparo emocional é determinante para se obter sucesso no xadrez. Por se tratar de uma criança, é nesse ponto que a família mais se preocupa ao apoiar o estudante. O menino, no entanto, demonstra uma maturidade incomum para a idade. "Nas partidas, o que eu mais gosto de fazer é tentar descobrir o plano do adversário, para poder evitar o ataque. Eu me coloco no lugar dele", explica. Sem pressão por resultado, as partidas contra adultos acabam se transformando em um forte treinamento, tanto nas táticas e malícias do esporte quanto na questão emocional. Enzo afirma não se intimidar ao encarar um veterano pela frente. "Eu não tenho medo. Penso assim: o cara é mais velho do que eu. Quem tem a obrigação de ganhar é ele. Então, jogo bem tranquilo", conta.
Administrar a rotina é outra dificuldade. Além dos horários para e escola e atividades extra-classes, Enzo precisa sempre reservar um tempo para treinar e praticar. Segundo ele, o esporte exige treinamento constante. "Nas aulas de xadrez, eu estudo módulos e planilhas com jogadas. Eu também jogo na internet, contra pessoas de todo o mundo."
Mas, no mundo do xadrez, o que faz a diferença entre um bom jogador e o campeão é a intuição, a capacidade de perceber um detalhe e enganar o oponente. "Nesse nível, todos são muito bons. Todos estudam os grandes mestres. O talento e a inovação é que mudam a partida, ao fugir do comum. Às vezes, naquele momento, tomar um peão é melhor que tomar um cavalo", conta Tânia.
Dificuldade em conseguir apoio segue script dos atletas locais
Muda-se o esporte, mas a dificuldade em se obter apoio e patrocínio para as competições é igual. "Infelizmente, até hoje, não temos apoio. Eu já tentei com algumas empresas, com a Prefeitura, mas até agora nada. Isso inviabiliza muitas coisas. Fica muito caro levar o técnico nas viagens, e isso faz falta. A maioria leva a equipe, que ajuda no suporte, tanto físico quanto emocional. Muitos atletas, mesmo no Brasil, são patrocinados, mas nós estamos levando tudo no peito e na raça", afirma Tânia.
A próxima competição é o Pan-Americano, que acontecerá no Brasil. O evento será entre 25 de julho e 1º de agosto. Com a conquista do Campeonato Brasileiro sub-10, Enzo conseguiu o direito de disputar o Mundial, em novembro, provavelmente em Dubai. A falta de apoio, entretanto, coloca em dúvida sua participação. "É um país muito caro, e o Enzo ainda é uma criança; precisa do apoio dos pais. Além disso, fica muito difícil se deslocar para um Mundial sem o treinador. É ele que dá o gás e mostra, ao final da partida, os erros e acertos", explica.
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