Lucas Soares Lucas Soares 29/06/2015

É o fim do mundo perder a Copa América?

O Brasil perdeu para o Paraguai nos pênaltis e deu adeus à Copa América. Alguns lamentam, outros buscam culpados, e a pergunta que não quer calar é uma só: é o fim do mundo perder para o Paraguai e dar adeus antecipadamente?

Na contra-mão de absolutamente todos os jornalistas/comentaristas esportivos deste país, que querem mais ver o sangue escorrendo do que o bem da Seleção, digo que não. Por mais que o Brasil entre como favorito em tudo que disputa no futebol, não é nenhum absurdo se despedir de uma competição continental com antecedência. Lógico, todos queriam ganhar, ainda mais depois do fatídico 7 a 1 para os alemães, mas o buraco é tão mais embaixo assim? O trabalho é tão ruim?

A primeira coisa a se levar em consideração são os números de Dunga no comando da equipe neste retorno. Foram 12 vitórias, sendo 11 seguidas, um empate e uma derrota por 1 a 0 (Colômbia). A desclassificação veio nos pênaltis após o 1 a 1 contra os paraguaios, e não simboliza como uma derrota no scout.

Alguns já disseram que essas 11 vitórias vieram contra equipes de menor expressão. Jura? Colômbia (1 a 0), Argentina (2 a 0), França (3 a 1) e Chile (1 a 0) são seleções fracas? Ao meu ver, não. Tá que essas partidas não foram nenhum espetáculo de futebol-arte, mas ambas valeriam os "três pontos", caso a possibilidade existisse em amistosos.

A convocação é falha? Bom, o que há de tão melhor assim? Talvez se trocar uma peça ou outra chegaria em um encaixe melhor, dando uma maior rotatividade e opções ao treinador. Dunga escolheu bem na sua lista da Copa América. Não se pode exigir um Kaká no grupo, enquanto joga uma MLS. Assim como não se pode pedir jogadores atuando nos fracos (e milionários) centros de futebol na Ásia e no Oriente Médio. Por mais que eu aprecie o futebol de Diego Tardelli (Shandong Luneng), Éverton Ribeiro (Al Ahli), Douglas Costa e Fred (Shakhtar), não os vejo como convocáveis enquanto atuarem em ligas sem um parâmetro competitivo maior e com poucas informações sobre suas atuações. Afinal, quem acompanha esses caras jogando e sabe como estão?

Acho que o que mais desagradou os torcedores brasileiros foi a falta de um padrão tático e ofensivo por parte da Seleção. É verdade que todos esperavam um Brasil mais sufocante, atacando mais e não jogando no contra-ataque. O grupo tem jogadores rápidos, mas que também são talentosos. William (Chelsea), por exemplo, dribla muito bem, é rápido e bom passador. Por que não testá-lo como um 10 autêntico, jogando na faixa central de campo e não aberto, na correria?

Acho que essas táticas de videogame (aquelas com pontas abertos pra receber um lançamento nas costas do defensor) não costumam dar certo aqui no nosso país. As recentes experiências que fizemos ao "copiar" o estilo Barcelona (que na verdade, vem de muito antes) não deram resultado, tanto com a amarelinha, quanto com clubes. O nosso material humano é bom, tem jogadores com potencial, mas ainda precisa de alguns ajustes.

Não acho que corremos risco de ficar fora da Copa do Mundo como alguns já vem levantando. Claro que as outras seleções sul-americanas estão mais competitivas. Contudo, as Eliminatórias são longas e, com mais jogos e encontros do grupo, o time vai se tornar mais forte. Concorda?


Lucas Soares é natural de Juiz de Fora, jornalista formado pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora em dezembro de 2012 e pós-graduado em Jornalismo Multiplataforma na Universidade Federal de Juiz de Fora. Apaixonado por futebol, repórter no portal Acessa.com e Editor-chefe do blog Flamengo em Foco. Já atuou em veículos impressos da cidade e como assessor de imprensa na PJF e na Câmara Municipal.

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