O pequeno grande homem
O personagem da rodada poderia ser Paulo Bayer, do Goi?s, o maior artilheiro da era dos pontos corridos do campeonato brasileiro, que abriu o caminho para a goleada do time goiano sobre o Santos. Ou Keirrisson, o not?vel atacante do Coritiba, que manteve o Fluminense na zona de rebaixamento. Ou Renan Oliveira, o futuro do Atl?tico Mineiro, autor do belo primeiro gol do Galo contra o N?utico. Ou Guilherme, o presente do Cruzeiro, autor de dois gols na espetacular vit?ria mineira sobre o Figueirense.
Mas n?o. O fato da rodada ? o retorno de Pedrinho, o pequeno grande homem, ao Vasco. N?o ? ? toa que Pedrinho se parece fisicamente, com aquele tamanho e aquele nariz, com Dustin Hoffman. E tal qual o personagem do filme, n?o tem feito outra coisa na vida a n?o ser encarar os soldados do General Custer, travestidos de zagueiros.
Como disse, Pedrinho parece sempre estar nessa situa??o, fragilizado e acuado pelos mais fortes. No Vasco, que eu me lembre, em quatro oportunidades: quando esteve frente a frente com Jean, o zagueiro do Cruzeiro que lhe quebrou a perna; quando fez arte, embaixadinhas em campo na final da Ta?a Guanabara de 2000 - e foi covardemente agredido por Beto, que, ironia do destino, depois envergou a camisa que foi dele; ao enfrentar Galeano, o militar por excel?ncia do futebol brasileiro, na final da Mercosul daquele mesmo ano e na ocasi?o em que esteve cara a cara com Eurico Miranda, quando saiu do Vasco - numa batalha que, obviamente, perdeu.
Nesse dia da Mercosul, na primeira partida da final, s? se falava de Rom?rio e a possibilidade do baixinho igualar ou bater o recorde de Roberto Dinamite (61 gols na temporada). Mas, s? deu Pedrinho que, outra ironia do destino, jogava com a camisa dez, a mesma de Dinamite, aquela que tinha "cheiro de gol", a mais lembrada da noite.
Depois de um sufoco palmeirense inicial, Pedrinho come?ou a se desgarrar de Galeano, o General Custer do Parque Ant?rtica. Dribles espetaculares, chutes precisos, toques perfeitos e um passe brilhante, m?gico, para o gol de Rom?rio.
O tempo passou e Pedrinho foi embora, em dire??o ao Palmeiras. As dificuldades e as constantes contus?es o acompanharam. Chamado de "Podrinho" por parte da torcida e praticamente toda a diretoria do clube, ele quase sucumbiu e por pouco n?o encontrou a sua Little Big Horn particular, a guerra irremediavelmente perdida.
Nesse sentido, uma partida realizada em An?polis (GO), no Planalto Central do Brasil, num s?bado ? noite, representou uma ressurrei??o. Do jogador e do homem.
Naquele jogo - lembrado tamb?m porque foi fundamental para que o Palmeiras voltasse ? Primeira Divis?o - Pedrinho chutou a bola que bateu em Vagner Love e chegou ?s redes para empatar a partida. E, depois, ele pr?prio aproveitou uma pelota que lhe caiu aos p?s, vinda de um c?u justo, e colocou o Verd?o na frente do placar.
Agora, Pedrinho est? de volta ao Vasco. J? n?o ? mais menino e, acredito, n?o tem mais ilus?es na vida. Mas, mesmo assim, ter?, como a poucos ? dada, a oportunidade de sentir, at? mesmo fora das quatro linhas, o gosto do triunfo da verdade e da justi?a.
Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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