Matheus Brum Matheus Brum 13/07/2015

"Robaldinho" e a pressão em Cristovão

esporteNesse final de semana, tivemos a confirmação da contratação de Ronaldinho pelo Fluminense. "Ele chega para comandar o time", "Vai jogar muito", "Fluzão campeão", "Fluzão rumo a Tóquio". Ouvi e li isso de vários torcedores tricolores. Até aí, tudo bem, já que a chegada de um jogador com o quilate de R10 aumenta o ânimo da torcida, que já está elevada com a boa campanha no Brasileiro. Porém, o que me causa espanto é ver vários comentaristas elogiando a contratação do gaúcho. Frases como: "ele vai ser um espelho para os jovens", "vai encaixar igual luva nesse time" e "Ah, é o Ronaldinho, duas vezes melhor do mundo, não tem nem que discutir sua chegada. Bola dentro do Fluminense", foram lidas e ouvidas aos montes desde sua contratação. Ouvir o torcedor feliz, até vai, mas ver comentaristas elogiando a contratação é demais. É claro que o ex-jogador do Barcelona não vai arrumar nada no Fluminense!

Afirmo isso por ter acompanhado a primeira estadia de R10 no Rio de Janeiro, quando vestiu a camisa do Flamengo. Em pouco mais de 1 ano atuando na Gávea, o meia "encheu os olhos" do torcedor em cinco ou seis partidas, contando com o show que deu na Vila Belmiro, quando comandou o rubro-negro na vitória por 5 a 4 sobre o Santos de Neymar.

Desde 2006, quando começou o declínio da sua carreira, Ronaldinho atuou bem apenas um ano, entre metade de 2012 e 2013, quando vestiu a camisa do Atlético-MG e foi importante para a conquista da Libertadores. Repito, em 9 anos de carreira, jogou muito em apenas 1 ano. Muito pouco para um jogador que vai custar R$800 mil por mês. A fase do gaúcho é tão ruim, que foi chamado de "Robaldinho" quando vestia a camisa do Querétaro, do México, por conta das suas noitadas picantes no país latino.

Tudo isso mostra que é uma contratação arriscada por parte do Tricolor das Laranjeiras. A possibilidade de chance de dar errado é muito grande, e o jogador vem mostrando ao longo dos anos que não quer mais saber de competitividade. Ele foi literalmente "chutado" do México por conta da vida noturna e indisciplina no vestiário. Qual a garantia de que ele vai fazer diferente no Rio de Janeiro? Usar o argumento de que quando ele quer, pode jogar em alto nível, é muito pouco para esse grau de investimento. O Fluminense está com o time arrumado e precisa de jogadores que vão vestir a camisa e agregar tecnicamente e taticamente a equipe, e não de um jogador estrela que não aceita a reserva. A contratação de Ronaldinho Gaúcho mostra a mentalidade atrasada dos dirigentes brasileiros. Infelizmente, muitos de nós ainda temos na mente todas as genialidades que o ex-camisa 10 da Seleção fez com a bola nos pés. Contudo, essa época já passou, e nunca mais vai voltar.

esporteSaindo das Laranjeiras e indo para a Gávea, Cristovão balança depois de mais uma derrota no Campeonato Brasileiro. No comando técnico do Flamengo, são dez jogos, com quatro vitórias e seis derrotas. Em casa, no Brasileirão, contando com as partidas sob a liderança de Vanderlei Luxemburgo, são seis jogos, com uma vitória, um empate e quatro derrotas, configurando o pior início do time diante da sua torcida na história dos pontos corridos.

Com esse retrospecto ruim, o técnico Cristovão Borges começa a sentir a pressão pelos resultados. Mas qual a porcentagem de culpa dele nos jogos ruins da equipe? De 20% a 30% apenas. O time não está mal treinado, está faltando é qualidade técnica dos jogadores. Cristovão é daquela escola de técnicos que tem uma filosofia de jogo. Gosta de times com boa troca de passes, com jogadas verticais e com jogadores de velocidade nas pontas. O problema é que o elenco rubro-negro não conta com jogadores de qualidade para esse estilo de jogo. Além disso, o time encontra muitos problemas na defesa, o que dificulta ainda mais o trabalho do treinador, já que ele quer colocar o time para frente, mas não encontra consistência nos seus volantes e zagueiros para neutralizar eventuais contra-ataques adversários. Para exemplificar, basta olharmos os números da partida contra o Corinthians. O Flamengo teve 90% no aproveitamento dos passes (420 certos e 48 errados), mas não conseguiu produzir boas finalizações (6 certas e 9 erradas), além de abusar nos "chuveirinhos" na área (6 cruzamentos certos e 29 errados). Isso mostra que o time toca a bola, mas lateralmente, sem a incisividade que o "professor" deseja. Em termos defensivos, na última partida, foram 13 desarmes contra 25 do Corinthians, mostrando a fragilidade defensiva rubro-negra, que pode ser evidenciada nas falhas nos três gols da derrota.

Há uma grande pressão da imprensa para a demissão de Cristovão por conta dos resultados. Só que temos que considerar que Guerrero fez apenas um jogo, e que o centroavante vai agregar um valor técnico muito grande a essa equipe, por ser o único jogador diferente no plantel. Na hora do "filé mignon", é injusto demitir o treinador, além de não ter nenhum outro técnico disponível no mercado que possa fazer um trabalho bem melhor.

Outros destaques

1º - Não entendo a reclamação das pessoas acerca do horário das 11 horas da manhã para jogo de futebol. É óbvio que há problemas por conta do calor, mas é legal termos um horário diferente para o esporte bretão, principalmente aqui em Juiz de Fora. Com partidas nesse horário, não há a concorrência com jogos da Série A, permitindo que torcedores de outras equipes possam ver o Tupi de manhã, e seu time de coração à tarde.


Matheus Brum nascido e criado em Juiz de Fora, jornalista em formação pela Universidade Federal de Juiz de Fora, e desde criança, apaixonado pelo Flamengo e por esportes. Atualmente é escritor do blog "Entre Ternos e Chuteiras", estagiário da Rádio CBN Juiz de Fora e editor e apresentador do programa Mosaico é nascido e criado em Juiz de Fora.

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