Por que é importante acreditar no Papai Noel?Crença das crianças é uma ferramenta no desenvolvimento da criatividade e da fantasia. Idade maturacional aponta a hora de saber a verdade

Pablo Cordeiro
*Colaboração
24/11/2009

Um dos símbolos mais queridos da cultura social, o Papai Noel representa para as crianças a chegada da alegria natalina e, claro, de presentes. Ficar acordada esperando o bom velhinho ou imaginar como ele carrega tantos presentes no saco é um grande mistério, deixado de lado apenas na manhã do dia 25 de dezembro, hora de rasgar os embrulhos.

"Acreditar no Papai Noel é importante na formação da criança, pois favorece o desenvolvimento da criatividade, da imaginação e da capacidade de elaborar histórias. As fantasias estimulam o sonho, tornando a criança mais estimulada e apta a desenvolver o raciocínio", destaca a terapeuta cognitivo-comportamental, Ana D'arc Moreira Arcanjo.

Para ela, o estímulo à fantasia na infância pode refletir até na vida adulta, facilitando, inclusive, a escrita. "No vestibular, por exemplo, a imaginação fértil auxilia na criação dos textos. As relações profissionais também são favorecidas por esta criatividade adquirida na infância." 

E até quando a criança deve acreditar no Papai Noel? Segundo a terapeuta, não existe uma idade fixa para que a verdade seja revelada, desde que a criança esteja madura o suficiente para aceitar o fato. "A idade maturacional da criança, influenciada principalmente pela cultura familiar, indica o momento certo. O período médio de passagem da infância para a adolescência é dos 7 aos 12 anos, mas existem adolescentes de 13 e 14 anos que ainda acreditam."

Quando Karolina completou três anos, sua mãe, a supervisora comercial Emanuele Moreira Alves, lhe contou que o bom velhinho é uma pessoa fantasiada e que os presentes são dados pelos pais. "Nunca induzi esta história. Até pelo fato de não ter acreditado na infância. Quando ela começou a entender as coisas, achei que era a hora perfeita de revelar. Conheço meninos de dez anos que acreditam e tive o receio de que ela ficasse decepcionada."  

Para a enfermeira Erlaine Ritti, o importante não é quando será revelada a verdade para sua filha Letícia, de 2 anos e 11 meses, mas a maneira em que a ilusão será desmentida. "O ano todo a Letícia fala do Papai Noel e dos presentes que quer ganhar. Não penso em acabar com esta ilusão tão cedo. Como ela é muito esperta, acredito que um dia vai perceber sozinha e perguntará." Este ano, Letícia deseja que o bom velhinho lhe traga uma boneca e muitas balas. "Ela não pode nem pensar em sentar no colo do Papai Noel. Só tira foto se estiver comigo. Fala dele o ano todo. Quando está longe do Natal, ela diz que ele está fazendo os presentes."

Certo e errado

Um hábito muito praticado pelos pais e que pode trazer prejuízos à criança é a utilização desta fantasia como uma punição. "Se tirar nota vermelha, não ganha presente. Esta é uma forma errada de convencer a criança e pode, inclusive, causar decepção", explica Ana D'arc. Outro ponto ressaltado pela terapeuta é a forma como a verdade é revelada para a criança. "Ao sentir que a hora chegou, vale explicar de forma carinhosa e agradável. É possível que haja uma decepção e uma baixa momentânea na autoestima da criança, mas é passageiro, é como o sentimento de luto. Pais rudes e severos irão perceber uma reação negativa. Eles têm que mostrar o lado positivo, como o fato de as crianças estarem crescendo, se tornando adolescente."

Ela diz que mencionar outra história para suavizar o sentimento de perda é errado. "Inventar que o trenó quebrou ou o Papai Noel fugiu pode provocar um sentimento de inferioridade. Contar a verdade é o melhor caminho. O contato e a conversa fazem bem para o relacionamento familiar e provoca confiança nos filhos."

Na hora "H", Ana D'arc indica que um irmão mais velho também pode auxiliar. "O irmão pode contar sua experiência e minimizar a tristeza. A criança se sente mais valorizada quando a verdade é revelada pela família." A terapeuta salienta que em quadros mais extremos e raros a criança pode entrar em uma tristeza profunda e apresentar um  quadro depressivo. "Nestes casos, é fundamental os pais procurarem um especialista."

*Pablo Cordeiro é estudante do 9º período de Comunicação Social da UFJF

Os textos são revisados por Madalena Fernandes


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