Pais devem ter atenção aos sintomas do diabetes infantilA doença, que pode aparecer de forma súbita, requer
atenção e cuidados especiais
Repórter
17/10/2009
Muitas crianças desenvolvem diabetes e os pais, não acostumados à situação, não sabem como lidar com o problema. O diabetes do tipo 1 é o mais comum em crianças e pode surgir desde as primeiras semanas de nascimento até os 30 anos de idade, mas é na faixa compreendida entre os cinco e os sete anos e durante a puberdade que a doença tende a ser mais comum.
De acordo com a endocrinologista Célia Novaes, o diabetes do tipo 1 pode aparecer de forma súbita. "Os pais devem estar sempre atentos à saúde dos filhos. Sintomas como emagrecimento repentino, ainda que a criança coma bastante, sede constante e urina frequente servem como sinais de alerta." Segundo a médica, a doença causa grande falência no pâncreas, o que pode acarretar o quadro de coma em poucas horas. É importante ressaltar que qualquer criança pode desenvolver a diabetes do tipo 1. "Não é preciso que haja histórico familiar para que a doença se manifeste."
O tratamento e o controle do diabetes do tipo 1 são feitos à base de aplicações diárias de injeções de insulina. O número varia, devendo ser feitas, no mínimo, duas aplicações por dia. O tipo de insulina também varia de acordo com o caso. Tão importante quanto aplicar o hormônio é fazer o monitoramento do nível de glicose no sangue, que deve ser realizado pelo menos quatro vezes ao dia. A medição é feita por meio de uma agulha usada para perfurar superficialmente o dedo da mão da criança e coletar uma gota de sangue.
A dieta a ser seguida pela criança também depende de cada caso. "Dependendo do estado da criança e do tipo de insulina utilizada, define-se a necessidade ou não da dieta, que é traçada de acordo com a contagem de carboidratos." Um dos cuidados importantes é que a criança diabética se alimente a cada três horas, a fim de que a falta de alimento não cause hipoglicemia, que é a queda da taxa de açúcar no sangue.
A endocrinologista destaca a importância da atividade física no tratamento do diabetes. "Exercícios físicos auxiliam diretamente no controle da taxa de glicemia no sangue. Mas é importante salientar que devem ser desenvolvidos exercícios aeróbicos e não musculação, que pode atrapalhar no desenvolvimento da criança."
Além disso, deve ser feito acompanhamento médico constante, a fim de verificar o funcionamento dos olhos e dos rins, que são áreas sujeitas a problemas sérios em decorrência do diabetes, como perda de visão e insuficiência renal. "Outra dica importante é que devem ser feitas visitas ao dentista, ao ginecologista, no caso de adolescentes, por exemplo, já que o portador de diabetes tem maior predisposição ao desenvolvimento de qualquer tipo de infecção."
Mudança de hábitos
A dona de casa Geralda Aparecida Gomes Ricardo conta que seu filho Victor, hoje com 14 anos, apresentou os sintomas do diabetes do tipo 1 aos 8 anos. "Ele urinava a cada cinco minutos porque bebia muita água. Além disso, emagreceu e sentia dores nas pernas." Hoje, Victor faz tratamento com dois tipos de insulina, combinando com uma dieta rigorosa. "Mudamos hábitos alimentares na minha casa. Fiquei anos sem comprar batatas devido ao fato de ele não poder comer."
A mãe conta que, para acompanhar o nível de glicose no sangue, o filho faz entre oito e dez testes de medição de taxa de glicose por dia. Ela destaca a importância de o portador do diabetes aprender a conviver com a doença. "Além da insulina, da dieta, das atividades físicas, é fundamental que o lado emocional esteja bem, para que não comprometa o controle do diabetes."
Diabetes tipo 2
O diabetes do tipo 2 é hereditário e mais comum entre pessoas adultas. A doença acontece quando as células resistem à ação da insulina, mesmo que sua produção seja normal. Embora raros, já existem casos do diabetes do tipo 2 em crianças. A médica coordenadora de um projeto multidisciplinar destinado a diabéticos, que funciona no Hospital Universitário, Mônica Barros Costa, explica que os casos de diabetes do tipo 2 em crianças podem ser explicados pela elevação da taxa de obesidade infantil. "Hábitos de alimentação não saudáveis e o sedentarismo contribuem para o problema."
A doença
O diabetes pode ser uma alteração na produção do hormônio insulina pelo pâncreas ou uma resistência à ação da insulina pelo organismo. O hormônio insulina auxilia o organismo a transformar o açúcar, glicose, em energia para o funcionamento do corpo humano. A quantidade de insulina liberada depende de quanto açúcar é ingerido. Quanto mais alimentos ricos em carboidratos, tais como doces, batata, arroz, macarrão, biscoito e bebidas alcoólicas, são consumidos, mais o pâncreas precisa trabalhar na produção do hormônio.
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