Internet?s
Certo ou errado? O que se sabe ? que essa linguagem
j? virou mania entre a galera web!

Fernanda Leonel
Rep?rter
18/01/06

Para muitos, entender o que os jovens e adolescentes escrevem na internet ainda ? uma tarefa dif?cil. Clique no ?cone ao lado para ver uma mat?ria em v?deo!

Veja! Leia!

O que para muitos ? a coisa mais natural do mundo para outros parece "conversa de grego". A internet e as nova tecnologias de comunica??o, al?m de mudar nossos h?bitos, nossa percep??o de mundo, est? querendo agora mudar o ... portugu?s.

Kd vc k naum dexo coments no meo flog pra eu fla ctg? Entendeu? Pois essa ? uma frase t?pica do que alguns professores, estudiosos da l?ngua e gram?ticos passaram a chamar de internet?s.

Vamos ? tradu??o, para os que, ou n?o pertencem ? gera??o anos 90 ou n?o adotaram a nova mania da galera web: Cad? voc? que n?o deixou um coment?rio no minha p?gina pessoal de fotos para eu falar contigo?

Sim! Tudo quer dizer a mesma coisa! E acredite, tem muita gente que s? escreve na internet assim. Para essa galerinha, teclar com amigos escrevendo de forma natural e obedecendo as regras da gram?tica portuguesa pode ser brega, cafona e at? mesmo sin?nimo de que se ? uma pessoa ultrapassada.

O termo internet?s, que ainda n?o est? no dicion?rio (ainda, diriam os que j? sabem que delete, off-line e on-line j? constam no vocabul?rio - Leia a mat?ria!), expressa a nova forma de escrever adotado pela maioria dos jovens e adolescentes que t?m o h?bito de conversar em chats e programas de bate-papo. A maneira colocou como regra o n?o uso de acentos, a possibilidades de inventar palavras ou emend?-las obedecendo somente ? fon?tica.

N?o vira naum, assim como aqui s? ? escrito como aki. Jeitos diferentes de quebrar as regras e criar uma nova forma de se comunicar, "divertido" para alguns, "assustador" para outros.

Mas o internet?s n?o ? s? conseq??ncia da internet. Apesar de ela ser considerada pelos gram?ticos como a principal respons?vel, as mensagens de celular tamb?m s?o responsabilizadas. Os SMS que precisam, mais do que a pressa, economizar espa?o que ? dinheiro, tamb?m ensinaram muita gente a cortar palavras.

Soh flo assim!
O estudante de Farm?cia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Vin?cius Carvalho (foto) adotou o internet?s em todo tipo de conversa via web que ele tem. Ele escreve e-mails, conversa em programas de bate-papo, e tamb?m transp?e essa nova maneira de escrever em nicks e nomes de pasta dentro do seu computador.

Vin?cius acredita que esse jeito de escrever abrevia a conversa e tamb?m economiza tempo de quem est? digitando. "Al?m da quest?o do tempo, ? legal porque a conversa fica mais descontra?da", explica, complementando que o pr?prio fato de quebrar as regras da gram?tica j? ? uma coisa divertida.

Ele diz que muita vezes sem perceber deixou bilhetes para a m?e em casa com esse tipo de escrita e que ela n?o entendeu nada. "Quando fiz foi sem perceber, porque estou acostumado a escrever para o pessoal que conhe?o, que sempre sabe exatamente o que quero dizer com meu internet?s".

Perguntado sobre quem seria esse "pessoal" que sempre entende o que ele diz, Vin?cius foi checar a faixa et?ria de quem estava na sua lista de Msn. O resultado? Ningu?m com mais de 25 anos...

A professora de L?ngua Portuguesa do Col?gio Jo?o XXIII, Maria Cristina Weitzel (foto) explica que essa tend?ncia ? desnormatiza??o ? cada vez mais comum entre os jovens e tende a crescer. As crian?as, que possuem mais tempo de uso de computadores e que j? incorporaram as novas tecnologias como algo intr?nseco ? sua exist?ncia sofrem mais influ?ncia de todas as modifica?es que s?o provenientes da nova realidade. S?o eles quem praticamente escrevem s? em linguagem de computador e que a cada dia mais carregam para a sala de aula as influ?ncias desse processo.

Maria Cristina ministra aulas para alunos do ensino m?dio e afirma que essa "mistura" de formas de escrita tem chegado ? escola. Ela j? encontrou provas e reda?es com v?rias palavras do tipo "vc", "kero" ou "bjo". Por isso, resolveu desenvolver um projeto com os alunos para conhecer um pouco mais da realidade deles. Ela pede que cada um, em determinado dia da semana, traga de casa uma impress?o de alguma conversa ou e-mail enviado por um amigo que se encaixe nos moldes do internet?s.

Recolhida as c?pias dos "documentos", como ela mesmo brinca, a professora prepara uma aula que discuta regras de portugu?s e tamb?m conte um pouco da hist?ria da evolu??o da l?ngua.

Esse ? um detalhe importante. A professora n?o classifica nem como ben?fico nem como mal?fico todas essa mudan?as. "A l?ngua est? em constante evolu??o, ela sempre est? aberta ?s incorpora?es naturais ? evolu??o do pr?prio ser", justifica. A professora acredita que o internet?s ainda vai trazer muitas adapta?es para a gram?tica normativa brasileira.

Processo irrevers?vel
A estudante de ensino m?dio, Camilla Santos (foto), tamb?m usa muito todas as adapta?es criadas pela galera web para se comunicar com os amigos. Ela afirma que n?o leva essas novidades da escrita para a escola ou para os bilhetes fora do computador, mas tem que estar muito atenta para n?o escrever assim.

"Muitas vezes escrevo e tenho que apagar. ? uma coisa muito natural pra mim, porque na verdade escrevo muitas vezes mais no computador que no papel", diz.

? verdade. A garota de 14 anos digita tudo em uma velocidade muito grande, muitas vezes, superior ao tempo que ela gasta para escrever em papel e passa em m?dia seis horas do dia em frente ao computador. Desse jeito, fica realmente muito dif?cil n?o se confundir.

A professora de ensino m?dio e fundamental, Adriana Antonelli, destaca ainda um outro detalhe do uso excessivo do internet?s e do tipo de linguagem desenvolvida pelo computador. A professora acredita que mais que as palavras, o uso intenso de salas de chat e bate - papo modifica a forma dos jovens e adolescentes se comunicarem. Para isso ela explica:

"Imaginemos uma hist?ria com in?cio meio e fim. Para n?s, adultos que n?o tivemos uma experi?ncia com computadores t?o profunda como essa nova gera??o tem, parece mais que natural desenvolver uma ordem cronol?gica para o nosso discurso. Simplesmente, a maioria desse pessoal que passa o dia falando no computador n?o consegue. Muitos n?o entrela?am os par?grafos, n?o amarram as id?ias e n?o possuem um poder de argumenta??o t?o agu?ado".

Tanto Adriana Antonelli como Maria Cristina Weitzel reconhecem como irrevers?vel esse processo de fala e escrita pela internet. Elas apostam que essa nova mania dos jovens vai incorporar a nossa l?ngua em algum momento, mas atentam que ? preciso deixar muito claro para os altinhos ou baixinhos da necessidade da preocupa??o como lugar em que est?o escrevendo. "Ainda n?o d? pra aceitar o internet?s como algo natural na vida. Temos que nos preocupar com a gram?tica como nossa principal maneira de express?o e comunica??o", concordam as duas professoras.


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