Arte do papel machê contribui para a preservação ambientalEntre as peças que podem ser confeccionadas tendo o papel machê como base estão travessas, bandejas, cinzeiros, cachepôs, fruteiras, entre outras
Repórter
20/4/2011
O termo vem do francês papier mâché, que significa papel picado, amassado e esmagado, e permite criar peças como travessas, bandejas, fruteiras, cinzeiros, cachepôs, entre outras. Mas como usar, na confecção de peças utilitárias e decorativas desenvolvidas em papel machê, materiais que auxiliem na preservação ambiental?
A resposta é dada pela artista plástica Semea Kemil. "Para começar, a dica é não usar papel higiênico, afinal, desta forma, estaremos aumentando o consumo. Então, o ideal é utilizar qualquer tipo de papel já usado anteriormente, como saco de pão, bulas de remédios, papel de escritório, boletos, contas, jornais, revistas, encartes e até mesmo caixas. Só não vale papel de bala, durex e embalagens de biscoitos." A dica de Semea é que, no caso do uso do jornal, por exemplo, a peça ficará mais escura.
Outro produto que serve como base para as peças a serem confeccionadas é a argila. "Todo mundo fala em papel machê à base de cola e gesso, mas trabalhar com argila é uma forma de contribuir com o meio ambiente, desde que seja utilizado o barro e não a argila industrializada, além de gastar menos." Ela lembra que a argila vendida em lojas de material escolar é acrescida de soda cáustica e, no caso do uso do barro, a soda cáustica não é necessária, já que a base da peça contará com água sanitária, que tem poder de limpeza.
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Outro ponto que merece destaque durante a confecção das peças, segundo Semea, é o fato de a secagem não ser feita em fornos. "A secagem é feita ao sol, o que também é uma atitude ecologicamente correta." Já a decoração final é feita com tintas. Com isso, a dica da artista plástica diz respeito ao uso de pigmentos naturais, como os extraídos da terra. "Caso não seja possível, pode-se usar tinta acrílica, guache, tinta para parede ou tinta para tecido.
Passo a passo
Para fazer a base do papel machê, utilize um balde de dez litros. Encha o recipiente com papéis e água. Acrescente meio copo de água sanitária. Deixe o material de molho, sem mexer, por um período entre um e três dias. O próximo passo é bater, no liquidificador, o papel que ficou de molho.
"Sugiro que seja utilizado liquidificador industrial ou aqueles mais antigos, já que o papel é pesado e exige um motor mais potente." A dica é colocar pouco papel, juntamente com água limpa e meio copo de água sanitária. "Cada fração de papel deve ser passada várias vezes para que fique bem triturado. Portanto, a dica é reservar a água com água sanitária, para que a mesma seja usada durante todo o processo no liquidificador."
Ao final de cada trituração no liquidificador, o papel deve ser coado em uma peneira. "Para quem quiser guardar o papel já processado, é possível fazê-lo em geladeira, dentro de um saco plástico. Se o papel estiver úmido, a durabilidade será de até um mês em refrigeração. Agora, se for guardar fora da geladeira, é necessário espremê-lo bastante, a fim de deixá-lo o mais seco possível."
Para moldar peças, basta misturar o papel processado à argila e à cola. "Para cada litro de papel, deve-se acrescentar três colheres [sopa] de argila, meio copo de cola e meio copo de água. Para medir o papel, a dica é usar caixa de leite." Depois, é necessário amassar os materiais, misturando bastante. Quando estiver bem uniforme, é possível moldar a peça, usando forma de plástico, de inox ou de cerâmica. Antes de aplicar a base, deve-se forrar a forma com plástico ou untá-la com óleo.
"A forma não deve ser de material frágil, que quebre com facilidade e não deve estar torta. A massa deve ser colocada aos poucos para que não se formem bolhas, além disso, é necessário que ela seja colocada de forma bem compacta, já que é isso que dá firmeza à peça." Depois da forma coberta, basta deixar a peça secando ao sol entre dois e três dias, em um local plano. Para deixar a peça bem firme, basta aplicar um banho de cola.
Em seguida, pode-se decorá-la com tintas, pequenos pedaços de azulejos ou pastilhas, entre outros materiais. Após a pintura, aplique cola diluída em água, na mesma proporção, ou verniz. "A cola pode ser substituída pelo CMC [Carbox Metil Celulose], que não altera a cor do pigmento", ensina Semea.
Os textos são revisados por Thaísa Hosken
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