Conflito entre g?neros Incompatibilidade de pensamentos e sentimentos entre mulheres e homens foi percebida a partir da d?cada de 1970. A tentativa ? a busca pela harmonia
S?lvia Zoche
Rep?rter
04/08/06
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"Direitos iguais!", dizem as mulheres. "Deveres iguais", rebatem os homens.
As mulheres afirmam que todos os homens s?o iguais e que eles n?o as entendem.
Os homens concordam que ? dif?cil entend?-las, porque s?o seres estranhos.
Conflitos entre g?neros que existem em v?rios setores da
vida, seja no pessoal ou no profissional. Conversas que se tornam debates,
por vezes, perigosos e preconceituosos de ambos os lados.
A escritora feminista Rose Marie Muraro (foto abaixo), que esteve em Juiz de Fora no dia da entrega dos livros do projeto "Grandes Escritores", 03 de agosto (quinta), fala sobre tais incompatibilidades, que ficaram bem evidentes depois do feminismo, a partir da d?cada de 1970.
Rose ? m?e de cinco filhos e av? de doze netos e foi casada durante 23 anos. Nasceu com problema de vis?o, mas sua for?a de vontade mostrou que devia lutar contra as dificuldades, inclusive a cura do c?ncer por duas vezes. Atualmente, aos 76 anos, a carioca enfrenta o terceiro c?ncer, mas n?o esmurece e recebe todos com um belo sorriso. Vaidosa, arruma os cabelos para falar um pouco sobre o que produziu na literatura.
"Quero destacar meus livros Di?logos para o futuro, O que as
mulheres n?o dizem aos homens e Mais lucro: valores humanos na
constru??o da empresa". Todos falam sobre a imers?o da mulher na
sociedade, seja no trabalho, na fam?lia ou na rela??o sexual. "S?o 10 mil
anos de patriarcado e a mulher ainda ? vista sob a ?tica masculina. Nos
livros escritos por homem, a mulher ? retratada como o homem a v?, como objeto. At? o
s?culo XX, a mulher que trai tem que morrer. A vis?o masculina ? de que a
mulher por cima mata, ? perigosa", diz.
Algumas das literaturas feitas por mulheres s?o reativas, como vingan?a ao que os homens escrevem, segundo Rose Marie. Para ela, Clarice Lispector foi a escritora que conseguiu mostrar a mulher do ponto de vista feminino, sem tentativas de ir contra a ?tica masculina. "Ela mostra que mulher ? manipulada. J? o homem mostra a mulher como ponto de disc?rdia", explica.
Se at? meados de 1970, a mulher e o homem possu?am um papel definido na sociedade - mulher em casa cuidando dos filhos e do marido e homem trabalhando, chefe de fam?lia -, hoje em dia, n?o h? modelos pr?-determinados.
Para a historiadora Marta Barros, que defendeu a tese sobre a emancipa??o da mulher, enquanto os homens ficaram estagnados no tempo, em um mesmo patamar, a mulher evoluiu. "E surgiram os atritos. A mulher avan?ou por sua condi??o de crise. Eu ouvi um homem dizendo que ele n?o v? mais diferen?a entre homens e mulheres. A igualdade e o equil?brio s?o utopias, mas os sonhos movem as pessoas na expectativa de realiz?-los. O mundo se move atrav?s das diferen?as. Acredito que vai haver mais di?logo entre os homens e mulheres que, ali?s, j? est? aumentando", conclui. Rose Marie tamb?m acredita nesta aproxima??o. "Vejo que isso vai acontecer em breve".
A psic?loga e terapeuta familiar, Ana Stuart (foto ao lado), v? na
pr?xima gera??o uma mudan?a de mentalidade, mas diz que
a mulher ainda est? no momento reativo, da vingan?a contra a sociedade
patriarcal. "A mulher ? mais reativa e vingativa por causa da maternidade. ? a defesa da cria.
J? o homem ? mais passivo, apesar da for?a f?sica. Quando a mulher mostra
este lado vingativo, o homem fica d?cil. Depois da 1? Guerra Mundial e,
principalmente, depois da 2?, as mulheres viram o grande potencial que
tinham, mas disputavam com os homens de forma velada. Para manter o dom?nio,
o homem oferecia ganhos secund?rios [financeiros e/ou psicol?gicos]. Mas
surgiu o feminismo e a mulher adquiriu for?a no mercado. Hoje a competi??o ?
acirrada. A mulher ? exigente. At? se submete, se o ganho secund?rio for
? altura dela", diz.
Mas, por outro lado, a mulher que se sente boicotada pelo homem ou pela sociedade patriarcal, quer se vingar. O problema ? quando ambos usam o poder que possuem para o lado negativo das situa?es.
"H? duas faixas reativas. Na primeira, o homem perde o controle e entra em algum tipo de depend?ncia e a mulher ? uma co-dependente dele. Quando ela sai, da ? volta por cima e se torna independente. O homem se retrai e se torna co-dependente dela. Na segunda, o homem com o lado feminino mais sens?vel traz a fam?lia para perto de si, porque percebe que a mulher ? dominadora. Ao ver que ele percebeu sua personalidade dominadora, a mulher cai em depress?o por ?dio", exemplifica.
Mas a luz no fim do t?nel existe tamb?m para Ana Stuart. As mulheres j? orientam suas filhas para n?o serem autorit?rias, com o objetivo dos filhos entenderem que n?o devem se render ?s mulheres. "As mulheres v?em seus filhos sofrerem nas m?os das mulheres e est?o criando os homens com uma nova mentalidade. Percebo que homens que fazem faculdade de Hist?ria, Psicologia, Filosofia n?o se deixam dominar pelas mulheres", explica.
Na pr?xima gera??o, para a psic?loga, j? v?o acontecer grandes mudan?as nas rela?es entre homens e mulheres. "O que n?o pode existir ? o jogo. A rela??o, em qualquer ?rea, tem que ser aberta. 'Sem di?logo n?o h? salva??o'".
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