Sexo foi feito para fazer e ter prazer
Se tem uma coisa que é completamente relativa é o resultado do diálogo quando utilizado para resolver desajustes na vida sexual de um casal. Cada dia mais fica provado que sexo a gente faz e pronto. Deu certo, ótimo. Não deu, aí vai depender muito das partes envolvidas serem coerentes e coesas o suficiente para, a partir de uma conversinha, a coisa ir se arrumando. É possível e a inteligência resolve bem isso.
Vai depender muito do quesito receptividade e, mais ainda, de uma virtude extremamente difícil de ser praticada: a humildade. Vai depender ainda de a pessoa te amar a ponto de querer te agradar, mesmo que isto a fira de alguma forma. É bom saber que muitas pessoas amam egoisticamente, ou seja, desde que você as ame mais e nunca as contrarie. É muito difícil para alguém ouvir "É bom, mas..." ou "Foi bom, mas..."
Mais difícil ainda é aquele que gostaria que algo fosse melhor no outro, precisar se manifestar ou, pior ainda, suportar o que falta em nome amor, que afinal de contas é constituído de vários outros fatores, não é mesmo? Tem gente que troca todos eles por uma boa pegada, mas vai levando.
O que é de se estranhar, e cabe comentar sempre, é que o sexo é o maior dos problemas que um casal pode ter. O segundo... Querem saber? É o dinheiro. Mas vamos falar de sexo, que é mais gostoso e mais barato resolver.
Até falta de dinheiro, um sexo bom dá conta de resolver. O que as pessoas não entendem e não acreditam é que uma vida sexual gostosa, sem grilos, pode sustentar um casal em vários outros aspectos onde encontram diferenças. Pode atenuar tensões geradas por diferentes pontos de vista, manias, diferenças econômicas, intelectuais e sociais. Casais com uma química forte têm mais tolerância. Na falta dessa química, interesses diversos conduzem bem a relação até que a morte os separe.
Mas como dizer que está faltando uma coisinha a mais para você? E logo onde, meu Deus! O grande problema é que existem pessoas que não aceitam observações. Que se ofendem mortalmente, que se sentem humilhadas e que o efeito da conversa pode ser o completo reverso do que se esperava.
As pessoas não admitem ou, se admitem que sejam, digamos fraquinhas sexualmente, além de não fazerem nada para melhorar, se sentem agredidas, se enfurecem e põem tudo a perder, buscando fora da relação a constatação de que o parceiro deve estar errado.
Se revoltam, brigam, fazem pirraça, tentam provar que o outro nem é tão bom assim. Ou apelam para a piedade. Se vitimizam, choram e vivem se justificando ou apontando culpados para sua negligência em melhorar em favor do amor que dizem sentir. Ou, o que é pior, se vingam com desprezo, rejeição e podem chegar até a traição, para se sentirem superiores. Costumam pagar e até usar de fetiches e fantasias para acreditarem que são bons de cama.
Esta é uma questão muito complexa. Em relações fugazes, todo mundo é bom de cama. Mas quando a relação é aprofundada, quando a intimidade se solidifica e o mais exigente percebe que não vai acontecer mais nada além daquilo, ou quando quem representava de alguma forma se esmerar sobre a alcova se cansa e deixa a máscara cair, o problema aparece.
Falar pode não ser a melhor solução. Pode ferir muito a autoestima de alguém que não está preparado para isso. E que não vai estar jamais. Existem pessoas que acreditam, até o fim da vida, mesmo sofrendo muito por padrões de comportamento dos quais elas insistem em não se livrar, que um dia, alguém vai gostar dela, assim como ela é. E vai jogando fora oportunidades valiosas em suas vidas... "Mamãe me acha maravilhosa."
Está certo gostar, amar alguém, do jeitinho que ela é. Admirá-la apesar de alguns defeitos. Aceitar suas limitações, porém se o que não é perfeito chega a incomodar muito, não está certo. E mudanças podem ser operadas em favor dos dois.
Se você não quer partir para uma nova tentativa, que seria o mais indicado no caso do sexo ser a queixa principal na relação, e acredita que uma conversa ou manifestação de que algo fosse melhor na transa de vocês, veja algumas dicas que podem ajudar.
- Use a técnica do sanduíche:
- Você é maravilhoso!
- Mas...
- Então, fazendo assim, vai ficar melhor ainda.
Pode ser que funcione, colocando sempre na abertura e no fechamento da conversa, a pessoa como alguém muito especial e o problema como um detalhe.
- Mostre cenas em filmes eróticos, que apontam o que é legal para você.
- Adoro isso!
Se ele não ficar "mordido" por pensar que você já viveu aquilo antes com alguém, pode funcionar muito bem. Se for atencioso, vai ser tiro certeiro.
Falar diretamente é diretamente mesmo e, no sexo, é melhor que seja assim. Nada de "Precisamos conversar." Isso pode até traumatizar, tenha certeza.
Na hora H, diga "Faça assim, faça assado, faça mais, gosto que pegue assim. Ou então, ainda na moleza do pós, suspire e diga: amei aquilo que você fez "e" (nunca diga "mas"), da próxima vez, vou querer que faça com mais força ou vou querer ficar em pé ou vou querer que demore mais, de tão bom que foi.
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Jussara Hadadd é filósofa e terapeuta sexual feminina
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