Fernando Agra Fernando Agra 14/4/2009


Zona azul...zona?

Prezados leitores, ao refletir sobre o tema a ser discutido neste mês, eu havia escolhido custos de transações, que são aqueles custos de se fazer um negócio. Tais nem sempre são levados em conta e muitas das vezes fazem o barato sair caro, sem que as pessoas percebam. Mas outro tema causou-me ojeriza, que foi a ampliação das áreas de Zona Azul aqui em Juiz de Fora. Com isso, custos de transações ficarão para o próximo artigo. Agora vamos discutir outro custo.

Zona Azul é referente a determinadas áreas públicas para estacionamento de veículos, geralmente em regiões centrais e que viraram mais uma maneira fácil das prefeituras arrecadarem dinheiro da população. Aqui em Juiz de Fora, algumas mudanças no trânsito da cidade diminuíram essas áreas recentemente. Uma vez que a receita havia caído, gananciosamente novas áreas foram criadas. Uma delas foi a rua Santo Antônio, região central da cidade.

Nós, para estacionarmos nossos veículos em determinadas áreas públicas, temos que pagar. E pior, parece-me que caso aconteça algo com o mesmo (roubo, furto ou qualquer outro dano) quem arcará com o prejuízo seremos nós mesmos. Pagamos simplesmente por pagar, pois nos é imposto. Se não pagarmos, os órgãos públicos "arranham" nossos veículos com advertência e até multas.

Situação semelhante a que ocorre em outras áreas públicas, ou melhor, em outras zonas (que ainda não são Azul) e que foram apropriadas por outros pilantras que se intitularam donos da rua (alguns usam jaquetas luminosas, crachás... e outros apetrechos por eles criados) e fazem da mesma um bem privado. Quando estacionamos o carro, esse pilantra chega a nos extorquir e diz:

- Posso tomar conta do seu carro?

Mas na verdade, essa frase seria melhor se fosse dita assim:

- Dê-me dinheiro senão eu arranho ou quebro o retrovisor do seu carro!

E pior de tudo é que essas pessoas passam a conhecer os nossos hábitos e podem ser informantes de outros bandidos para furtarem nossos veículos.

Outro dia, estacionei o carro no bairro São Pedro, próximo ao Comemorare, local em que participaria de um evento acadêmico e um pilantra pediu-me R$ 10 para tomar conta do meu carro. Achei isso um absurdo e disse ao mesmo que ia chamar a polícia. Ele falou que baixaria o preço para R$ 5 e seria uma simples contribuição que eu daria. Chamei a polícia e comuniquei o fato. Acuado, com receio do mesmo atentar contra a integridade minha e de meu veículo, fui forçado a estacionar num local privado e pagar por isso. Não sei se a polícia foi ao local e nem o desfecho da história.

Essa atividade virou meio de vida de muitos vagabundos que alegam o desemprego como justificativa para práticas extorsivas. O que essas pessoas ganham em uma semana chega a ser superior a que a maioria dos trabalhadores honestos ganham em um mês.

Sejam os órgãos públicos responsáveis pela cobrança na Zona Azul ou esses outros pilantras, vivemos numa sociedade em que somos obrigados a pagar por algo que é público sob a ameaça de danos aos nossos bens e ou multas. E pior de tudo é verificar que a cidade de Juiz de Fora está esburacada. Basta andarmos por algumas ruas e verificaremos crateras passíveis de causarem acidentes com vítimas fatais ou danos aos nossos veículos. Para onde vai esse dinheiro arrecadado nas Zonas Azul?

Cheguei a pensar em entrar em contato com autoridades públicas para coibirem as extorsões nas áreas públicas. Mas a minha esposa me questionou qual a diferença dessas pessoas que nos extorquem e os próprios órgãos públicos que nos cobra para estacionarmos na Zona Azul? O leitor sabe a resposta.

Em geral, revolto-me demasiadamente com essa situação e às vezes, quando paro próximo a uma área de Zona Azul, ficou a pensar quem sugeriu tal nome para essas áreas. Realmente as mesmas merecem tão nomenclatura, só lamento pela cor escolhida, que foi o azul.


Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela UFAL (Universidade Federal de Alagoas), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e professor universitário das faculdades Vianna Júnior, Estácio de Sá e Universo e do curso de Formação Gerencial do Instituto Educacional Machado Sobrinho, sendo todas a instituições em Juiz de Fora - MG.

Sobre quais temas (da área de economia) você quer ler novos artigos nesta seção? O economista Fernando Agra aguarda suas sugestões no e-mail negocios_economia@acessa.com.




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