Fernando Agra Fernando Agra 11/2/2011

Ajuste fiscal

Gráfico ajuste fiscalNos últimos dias, o governo federal anunciou um plano para cortar cerca de R$ 50 bilhões do orçamento deste ano. Com isso, quais os objetivos do governo e quais as possíveis consequências para a economia brasileira?

Uma das questões que têm preocupado o governo é o aumento da inflação. Alimentos e serviços mais caros têm sido observados no nosso dia a dia recentemente. Na primeira reunião do COPOM (Conselho de Política Monetária) deste ano, a SELIC já subiu para 11.25% ao ano, com intuito de diminuir a demanda agregada e com isso diminuir a pressão sobre preços. Só que esse instrumento tem como efeito colateral o aumento da dívida pública e apreciação cambial ainda maior, pois com juros mais altos, o ingresso de capitais externos de curto prazo aumenta na economia brasileira.

Com isso, a fim de evitar novos aumentos da SELIC (ou pelo menos adiá-los), o governo resolveu reduzir seus gastos e diminuir a pressão na demanda e nos preços. Como sabemos, o peso dos gastos públicos na composição da demanda agregada é alto. Uma redução nos seus gastos poderá realmente diminuir o fôlego da inflação. É importante que nesse corte no orçamento, os nossos políticos também diminuam os gastos com suas regalias, pois de nada adianta sacrificar a população (pois, com menos gastos públicos, menos empregos e rendas são gerados) e não exigir austeridade também dos gastos da classe política.

Enfim, é uma pena abortar parte do crescimento econômico. Mas talvez seja necessário, pelo menos no curto prazo, pois ninguém quer a volta da inflação elevada, que corrói o poder de compra da moeda e, sobretudo, das classes mais pobres, que possuem uma maior propensão a consumir (gastam maior parcela de sua renda no consumo).

Espero também que novos investimentos em infraestrutura sejam adotados pelo governo de modo a expandir a oferta no longo prazo, para que possamos crescer sem nos preocuparmos sempre com a volta da inflação.



Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e professor universitário das faculdades Vianna Júnior, Estácio de Sá, Universo e da Fundação Educacional Machado Sobrinho, todas a instituições em Juiz de Fora - MG. O autor ministra palestras, para empresas, na área de Educação Financeira. 


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