Deu a louca no preço dos combustíveis em Juiz de Fora!
Ultimamente, o preço dos combustíveis em Juiz de Fora tem disparado. Há postos em que o litro do álcool chega a R$ 2,65 e o do litro da gasolina a R$ 3,18. Será que a conjuntura econômica justifica esses preços?
É sabido que as cotações do açúcar têm atingido o pico no mercado internacional. Os preços desse produto são os mais altos nos últimos 30 anos. Não é à toa que estamos pagando, em média, quase R$ 10 por 5 kg do mesmo (literalmente, o preço do açúcar está salgado!). Um dos fatores responsáveis por isso foi a quebra de safra da Índia, há pouco mais de 2 anos. A mesma era a segunda maior produtora e exportadora mundial de açúcar e passou a ser importadora.
Com esse brutal aumento na demanda internacional, as cotações do açúcar dispararam. Assim, os usineiros (que possuem uma curva de oferta positivamente inclinada) optaram por produzir mais açúcar e menos álcool. Adiciona-se a essa situação, o aumento da demanda por este combustível em função do aumento das vendas dos veículos flex que puxou os preços do álcool para patamares jamais vistos nos postos de combustíveis de Juiz de Fora.
No caso da gasolina, apesar do preço do barril de petróleo ter subido e alcançado quase US$ 120, a Petrobrás não reajustou os preços da gasolina. Lembro que em maio de 2008, período pré-crise financeira internacional, a cotação chegou a US$ 160/barril e, nem naquela época, a gasolina não havia ultrapassado a casa dos R$ 3/l. Então, o que está acontecendo? Será o preço do álcool o único responsável pelo aumento da gasolina? Ou será que as distribuidoras e/ou os postos de gasolina estão aproveitando da situação atual e reajustando semanalmente os preços dos combustíveis? Se continuar assim, em breve quem passará dos R$ 3 será o litro do álcool e a gasolina poderá ultrapassar a casa de R$ 3,50/l.
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Como os combustíveis são produtos mais inelásticos-preço da demanda, a população reduz o consumo, mas com limites, pois os combustíveis movem literalmente a economia. Os maiores beneficiários são os revendedores (distribuidoras e postos) que aumentam suas receitas. Aconselho aos consumidores a reduzirem a demanda de combustíveis, dentro de suas possibilidades, e abastecerem o mínimo necessário para o dia a dia. Quem sabe assim, poderemos provocar uma redução na demanda agregada por combustíveis e forçar alguma redução nos preços. E tem mais, por que será que alguns postos aqui na cidade deixaram de exibir os preços como faziam antes? Será que eles não querem assustar ainda mais a população ou simplesmente se aproveitar daqueles consumidores mais desatentos que chegam aos postos e pedem para abastecer e não olham os preços?
Enfim, faço votos de que a safra de cana que se inicia dentro em breve aumente a oferta de álcool no mercado, bem como a Índia recupere de fato a sua produção e as questões no Oriente Médio sejam solucionadas, pois senão teremos um 3º Choque do Petróleo, que levará a um 1º Choque do Álcool e com isso, a inflação poderá fugir do controle e não vai ter âncora cambial e nem âncora monetária que segure os preços da economia.
Quero finalizar este artigo com uma questão: há alguns dias, a população brasileira ficou chocada com o massacre que vitimou 12 crianças (e adolescentes) numa escola no Rio de Janeiro. Realmente é uma situação por demais triste, mas levanto uma indagação: quem mata mais? O assassino maluco no Rio de Janeiro ou a corrupção de alguns de nossos representantes políticos? Ao roubar o dinheiro público, alguns políticos "gatunos" comprometem a saúde pública e, com isso, muitos brasileiros também morrem (quase que "assassinados") nos corredores dos hospitais. Então, caros leitores, existe diferença entre esses dois tipos de homicidas?
Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e professor universitário das faculdades Vianna Júnior, Estácio de Sá, Universo e da Fundação Educacional Machado Sobrinho, todas a instituições em Juiz de Fora - MG. O autor ministra palestras, para empresas, na área de Educação Financeira.
Deu a louça no preço dos combustíveis em Juiz de Fora!
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