Fernando Agra Fernando Agra 13/10/2011

A virada do câmbio

Colaboraram com este artigo Pedro Ferreira Barbosa, Renan Cid Silva, Aislene Dias de Almeida e
Lincoln Brian C. Carvalho, alunos do Curso de Ciências Econômicas das Faculdades Integradas Vianna Júnior

IlustraçãoObservamos que, nas últimas semanas, alguns fatos, como, por exemplo, que o aumento do IPI sobre automóveis importados e o agravamento da crise externa contribuíram para que ocorresse uma alteração significativa na taxa de câmbio, com a cotação passando de R$ 1,60 = US$ 1 para R$ 1,95 = US$ 1 em alguns dias e, ultimamente, recuou para casa de R$ 1,75 = US$ 1, em média. Quais as principais consequências para a economia brasileira?

De acordo com a condição de Marsshal-Lerner, segundo Blanchard em seu livro Macroeconomia, esse processo de depreciação cambial levará a um aumento das exportações líquidas, ou seja, um aumento das exportações e uma diminuição das importações, o que melhoraria o saldo comercial (tanto é que alguns meios de comunicação noticiaram uma diminuição na procura por pacotes de viagens estrangeiras). Mas esse efeito não é de imediato, são consequências a médio prazo. Vale lembrar também que, se a taxa de câmbio depreciar muito, a inflação pode aumentar em função do aumento dos preços dos importados e, por consequência, dos nacionais similares.

Já curto prazo, ainda segundo Blanchard, em observações empíricas, o saldo comercial não tende a ser melhorado tão logo, pois as empresas não diminuem de imediato as suas importações, já que as mesmas têm obrigados e contratos a cumprirem, bem como as empresas exportadoras não conseguem exportar de imediato também. Então, no curto prazo, o que acontece tão já é um impacto sobre preços e nem tanto sobre quantidades exportadas e importadas. Isso deteriorará o saldo comercial. Esse fato é conhecido na literatura econômica como "Curva J".

Enfim, os efeitos para economia brasileira ainda são incertos, pois a atual crise (se é que há crise) também é uma incógnita.

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Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e professor universitário das faculdades Vianna Júnior, Estácio de Sá, Universo e da Fundação Educacional Machado Sobrinho, todas a instituições em Juiz de Fora - MG. O autor ministra palestras, para empresas, na área de Educação Financeira.


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