Inteligência financeira em condomínios
Eis um tema que me despertou bastante interesse em escrever, bem como em preparar palestras e oferecer, inicialmente, aos condomínios em Juiz de Fora – MG, com o objetivo de auxiliar a organizar a situação financeira do próprio condomínio, bem como orientar os condôminos a utilizarem melhor seus recursos de tal modo que a vida no condomínio seja cada vez mais harmoniosa. Isso é bom individualmente (para cada unidade do condomínio), bem como para o condomínio (edifício) como um todo.
Uma questão importante é dizer que a inteligência financeira começa no lar. Se um condômino possui um zelo pelas suas finanças pessoais, a tendência é que o mesmo aja de maneira similar com as questões coletivas, ou seja, do condomínio, neste caso. O contrário também é verdadeiro. Logo, um ponto inicial a ser refletido é: como cada morador pode melhorar a administração das suas respectivas contas pessoais?
Feito isso, vamos ao coletivo: uma questão relevante é a despesa com o consumo de água do prédio, que em geral possui apenas um hidrômetro e assim, a conta total é rateada pela quantidade de apartamentos, independente de quem usou mais ou usou menos e independente de quantas pessoas moram nos apartamentos. Essa é uma questão injusta, uma vez que, alguns condôminos aproveitam dessa situação e desperdiçam água, com banhos demorados, que chegam a ultrapassar horas embaixo do chuveiro.
Essa pobreza de raciocínio contribui para onerar o preço do condomínio, desperdiçar água, prejudicar a própria saúde de quem faz isso (pois ficar muito tempo embaixo de um chuveiro com água muito quente é prejudicial à própria pele), prejudicar o próprio bolso, pois além de pagar mais pelo condomínio, pagará mais também pela conta de energia elétrica do seu apartamento etc. E ainda tem a questão ambiental, pois é desumano desperdiçar qualquer recurso natural, ainda mais água, que é essencial à vida e atualmente estamos passando por uma situação de escassez.
Algumas obras mais modernas já são projetadas para que cada apartamento possua o seu próprio hidrômetro. Sugiro aos prédios atuais, que seja criada uma forma de medir (assim como se faz em apartamentos que possuem gás encanado) individualmente cada apartamento e depois fazer o rateio da conta de água proporcional ao que cada unidade gastou. Isso é justiça.
A questão da inadimplência é terrível. É uma situação que pode levar qualquer empresa à falência. Mesmo não sendo uma empresa, a inadimplência provoca efeitos terríveis nas contas do condomínio, uma vez que as despesas com os serviços de fornecedores comuns a todos os moradores (água, energia elétrica em local de acesso comum, funcionários, manutenção de elevador, manutenção de jardim, seguro residencial obrigatório por lei etc.) podem não ser honradas em dia. Isso prejudica principalmente o condômino que está em dia, pois pode ter um serviço suspenso mesmo que sua unidade esteja adimplente.
Por outro lado, o condômino inadimplente continuar a usufruir dos serviços comuns, mesmo não tendo pago por eles. Isso é justo, caros leitores? É sabido que situações imprevistas acontecem e algum condômino pode não ter como honrar o pagamento do condomínio em algum mês. O problema se agrava quando essa inadimplência é recorrente. É muito importante o síndico e o conselho do condomínio conversar com o morador inadimplente para buscar soluções amistosas. Caso não seja possível, os meios judiciais devem ser buscados o mais rápido possível para que seja feita justiça e os adimplentes não paguem pelos inadimplentes. E quem não tem condição de pagar um condomínio que está acima da sua situação financeira, tem que vender ou alugar seu imóvel e morar numa residência compatível com o seu padrão de vida.
Outra questão importante é a escolha da administradora de condomínio a ser contratada. É muito importante observar se a mesma é competente, eficiente e cumpre o contrato. E a própria administradora também deve, no caso da questão da inadimplência supracitada, atuar para evitar que as dívidas dos inadimplentes não prejudiquem as contas do condomínio.
Enfim, uma boa organização das contas do condomínio, associada à transparência na prestação das mesmas, bem como uma cooperação entre os moradores em busca de uma vida harmoniosa é fundamental para se viver bem num ambiente coletivo.
Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Professor da Universidade Salgado de Oliveira (Universo) e professor licenciado da Fundação Educacional Machado Sobrinho, todas as instituições em Juiz de Fora - MG. Também é economista do Centro Regional de Inovação de Transferência e Tecnologia (Critt) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O autor ministra palestras, para empresas, na área de Inteligência Financeira, Gestão de Pessoas, Relacionamento Interpessoal, Marketing Pessoal e Gestão do Tempo. É autor do livro "Crédito Rural e Produtividade na Economia Alagoana" pela EDUFAL. É colunista do Portal ACESSA.com e coautor de artigos na Folha de São Paulo on line (com o colunista Samy Dana, Professor da FGV - SP).Saiba mais clicando aqui.
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