Vendedores de ?gua de coco apostam
no aumento da temperatura para alavancar lucro
Chico Brinati
Rep?rter
19/10/05
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O calor e o clima abafado que chegou h? Juiz de Fora nos ?ltimos dias tem
gerado muita reclama??o em grande parte da popula??o. Contudo, tem uma
pequena parcela de juizforanos que est?o rindo ? toa. S?o os vendedores
ambulantes de
?gua de coco. O aposentado, Ruim?rio Ribeiro (foto abaixo), ostenta sua barraca h?
tr?s anos e est? na expectativa. O calor deste ano, aumentou suas vendas em
quase 50%. Segundo ele, em ?pocas como esta, consegue por m?s um valor entre
R$ 500 e
R$ 600.
"Enquanto no inverno, o dia rende, em m?dia, apenas R$ 10, no calor fica entre R$ 25 e R$ 30. Temos que aproveitar o bom movimento do ver?o para nos garantir no inverno", garante. Embora, tenha adquirido uma freguesia fiel, com pessoas que vem, diariamente, beber da sua ?gua, Ruim?rio n?o est? satisfeito com o retorno financeiro. "? dif?cil crescer assim, n?o d? lucro. A gente n?o consegue empregar ningu?m e precisa trabalhar no frio, onde o faturamento ? muito baixo", diz.
O gasto para se manter uma barraca destas ? alto, de acordo com ele. "Cada coco sai a R$ 0,80 junto ao fornecedor. Fora o valor do estacionamento que pago para deixar a barraca, o gelo, as garrafas pl?sticas... A renda ? pouqu?ssima", lamenta. Se levarmos em conta que o valor do copo de ?gua ? vendido a R$ 1, o valor l?quido, por coco, ? de apenas R$ 0,20.
Mesmo assim, o aumento da temperatura n?o o deixa desanimar. Para Ruim?rio, quanto mais quente estiver, mais cocos ser?o vendidos. "Tomara que o tempo continue esquentando cada vez mais", diz.
Conquistando o cliente
O tamb?m aposentado, Avladir Barbosa (foto ao lado), ? outro que
mant?m sua barraca de venda de ?gua de coco para ajudar na renda da fam?lia.
No ramo desde 2002, Avladir credita o sucesso nas vendas ? facilidade que
possui de conquistar a confian?a do cliente. "Se voc? for uma pessoa honesta
e manter a higiene do equipamento, com certeza conseguir? bons resultados",
orienta.
O aumento no n?mero de cocos vendidos por Avladir no calor ? surpreendente. "Por dia, no inverno, vendo entre seis a oito cocos. No calor, s?o de 50 a 60 cocos", relata. Ou seja, quase dez vezes mais que nos dias frios ou chuvosos.
Para ele, o consumidor tem que mudar o h?bito de s? beber ?gua de coco em dias quentes. "O pessoal tem que lembrar que ?gua de coco ? sa?de e que n?o precisa, necessariamente, ser tomada s? no calor. Ela ? boa no inverno tamb?m", enfatiza.
Sem ilus?o
O estudante do curso t?cnico de enfermagem, Eliender Gomes de
Oliveira (foto ao lado), ? mais um exemplo de pessoas que n?o conseguem
emprego no mercado formal e optam por abrir o seu pr?prio neg?cio na
informalidade vendendo ?gua de coco. Segundo ele, o movimento na sua barraca
aumentou em quase 100% desde o in?cio do calor. No inverno arrecadava de R$
10 a R$ 15 por dia. Hoje, tira entre R$ 80 e R$ 100, diariamente.
Para Eliender, no entanto, sua atividade ? o que ele gosta de chamar de um mercado de incertezas. "A pessoa que v? essa movimenta??o em frente a barraca, durante o ver?o, n?o pode se iludir achando que ? um neg?cio muito rent?vel, pois n?o ?", alerta. O valor arrecadado na temporada de calor, nem sempre garante o sustento para o restante do ano. "No in?cio, h? tr?s anos, tive um pouco de dificuldade em garantir renda no inverno. Passei apertado. Com o tempo, aprendi a fazer o meu p? de meia durante o ver?o e me garantir para o frio", ensina.
Eliender, que ? casado, diz que o dinheiro que tira na barraca ? apenas um complemento na renda do casal, pois ? um valor incerto. "Hoje voc? tem cliente, amanh?, n?o", diz. Como consegue se manter na fun??o, com tanta dificuldade? "Sou persistente, pode fazer frio, calor, chuva... Sempre estou aqui, vendendo ?gua de coco. Isso faz com que mantenha uma clientela fiel. Mas ? complicado, vida de ambulante n?o ? para qualquer um", garante.
A voz da experi?ncia
Experi?ncia de "vida ambulante", o aposentado, Roberto Alc?ntara
(foto ao lado), tem de sobra. H? cinco anos no mercado e dono de cinco
barracas de ?gua de coco, ele mant?m apenas duas funcionando. Garante que,
desta forma d? para sustentar uma fam?lia de quatro pessoas. Seu faturamento
tamb?m cresce com o aumento da temperatura. No calor, chega a arrecadar
cerca de tr?s sal?rios m?nimos por m?s, enquanto que, no inverno, o valor
chega a meio sal?rio. "No calor d? para viver com o lucro da ?gua de coco,
agora, no frio fica complicado", confessa.
Na temporada de temperaturas baixas, ele busca alternativas para aumentar a renda, somando na barraca ? ?gua de coco, chinelos, roupas, bijuterias... "A gente tem que aprender a conviver com as adversidades. Vendo algumas 'coisinhas extras' para ajudar durante o frio, mas, no ver?o, vivo melhor com minha ?gua de coco", garante.
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