Comprar livros usados pode representar economia de mais de 70%O período que antecede o retorno às aulas chega a provocar aumento equivalente a 70% nas livrarias que compram, vendem e trocam títulos usados

Aline Furtado
Repórter
10/1/2011
Livros usados

Entre as inúmeras contas que chegam junto com o início do Ano Novo, estão os gastos referentes à lista de material escolar. Uma boa saída, no caso dos livros didáticos, é buscar os itens em livrarias que compram, trocam e vendem exemplares usados, os chamados sebos.

A economia com os livros usados pode passar de 70% por exemplar. "O valor, tanto no caso da compra quanto no caso da venda, vai depender do estado de conservação do livro, que não deve estar riscado com canetas ou marca-texto", explica a atendente de um sebo de Juiz de Fora, Inaiá Guimarães.

No caso de um livro de história, por exemplo, utilizado por alunos do ensino médio, o preço chega a variar de R$ 113,50*, o exemplar novo, até R$ 30*, o título usado, o que representa uma economia de aproximadamente 74%. Outro livro, de inglês, usado no ensino fundamental, pode variar 56,79%, já que o novo custa R$ 81* e o usado chega a R$ 35*. Outro título, de matemática, usado por estudantes do ensino médio, pode variar cerca de 58,33%, novo sai a R$ 96*, sendo que usado, o valor cai para R$ 40*.

A estudante universitária e mãe de dois filhos, Ellen Paulseh, pesquisou os preços dos oito livros novos, pedidos nas duas listas de materiais, em três papelarias. "Estou levando quase todos usados. Com isso, o gasto, que seria de R$ 672*, no caso dos novos, caiu para R$ 340*, uma economia que faz muita diferença." Ela conta que é a primeira vez que consegue comprar a partir do reaproveitamento. "Meus filhos estão no quinto e no sexto ano do ensino fundamental. Antes disso, não conseguimos comprar os usados porque os títulos não são reaproveitados no caso de crianças menores."

Ellen lembra que a compra vai incentivar ainda mais seus filhos com relação à importância da conservação dos livros. "Eles sabem que usarão exemplares que foram bem cuidados por outras crianças, ao mesmo tempo em que saberão que, se cuidarem dos livros, estes poderão servir para outras pessoas no próximo ano."

Segundo Inaiá, quanto mais conservado o livro, maior será o valor oferecido pela loja no caso da compra. As constantes mudanças nas edições dos livros solicitadas pelas instituições de ensino são criticadas pela proprietária de outro sebo, Evonilda Taragino Côrrea. "A reformulação acaba atrapalhando nosso negócio, porque os livros saem de circulação, ou seja, não podemos comprá-los e nem vendê-los, uma vez que deixam de ser adotados pelas escolas."

A reformulação nas edições fez com que a economia da recepcionista, Vânia Antônia Macedo, mãe de um estudante de 17 anos, fosse abaixo do esperado, aproximadamente 30%. "Como muitos títulos mudaram, acabei tendo que levar exemplares novos, e somente três usados, mas, ainda assim, a economia valeu a pena", destaca, contando que opta pelos usados desde que seu filho começou a estudar, aos três anos de idade.

Trocas

A contadora Lílian Ferreira, mãe de uma menina em idade escolar, relata que sempre tenta efetuar a troca dos livros usados pela filha no ano anterior. "Se conseguir aproveitar é vantajoso para mim, já que posso trocar pelos títulos solicitados neste ano." Segundo Lílian, a troca representa muita diferença no bolso.

Evonilda explica que um livro usado em bom estado de conservação pode ser vendido pelo cliente à loja por meio do pagamento da metade do valor pelo qual este será revendido. "Ou seja, se irei vender o livro por R$ 40*, vou pagar R$ 20* por ele, o que é vantajoso para quem vende, afinal, talvez o livro não tenha mais serventia para aquela criança que o utilizou durante o ano."

Incremento de cerca de 70% nas vendas

No período que antecede o retorno das aulas, comerciantes do setor chegam a verificar um incremento de até 70% do movimento. "É só passar o Natal que os clientes começam a aparecer com as listas de materiais escolares nas mãos", destaca Evonilda. Já Inaiá afirma que o movimento sobe em torno de 50% antes das aulas, em comparação com dias normais.

Nos dois casos, as comerciantes chegam a trabalhar com lista de reserva, tamanha a procura. "Assim que a escola repassa a lista ao cliente, ele traz a mesma até a loja, a fim de garantir o exemplar que chegar por meio da compra por nossa parte", explica Ianaiá.

* Os valores foram pesquisados em janeiro de 2011

Os textos são revisados por Thaísa Hosken


didáticos a partir da 5ª série.


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