Hábito de juntar moedas em cofres provoca sumiço do metal no comércio de JF
De acordo com o Banco Central, existem, hoje, no país, mais de 20 bilhões de moedas em circulação, número suficiente para atender a todo o território nacional
Repórter
28/11/2012
Com a chegada do final do ano, a tendência é que seja percebido um aumento considerável no movimento do comércio. Consequentemente, a circulação de dinheiro também cresce. Entretanto, algumas empresas de Juiz de Fora estão sofrendo com a falta de moedas em caixa.
Esta é uma realidade confirmada pela vendedora Kennia de Paula Donato, que trabalha na Vip Acessórios. "As moedas de R$ 1 e de R$ 0,10 sumiram da loja. Neste período, o movimento aumenta e, muitas vezes, ficamos com dificuldades de dar o troco aos clientes." Para contornar o problema, a comerciante afirma que usa várias estratégias. "Sempre peço socorro aos lojistas vizinhos ou costumo pedir a todas as funcionárias que tragam as moedas que têm em casa."
A assistente administrativa Karla Schaffer Ferrugini conta que na última segunda-feira, 26 de novembro, tentou trocar certa quantidade de cédulas por moedas em uma agência da Caixa Econômica Federal, mas não obteve o êxito total. "Consegui trocar apenas por moedas de R$ 0,25 e R$ 0,50. E fui informada pela gerência que nem a tesouraria do banco tinha moedas de R$ 1." O auxiliar administrativo, Peterson Bomforte Silva, afirma que na última semana tentou obter moedas de diversos valores, mas não conseguiu. "Fui a agências de bancos e até em algumas lojas em que a circulação de moedas é maior, mas não consegui trocar nada."
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Contudo, alguns comerciantes estão na mão inversa, como explica o gerente da loja Mundo Doce, Wellington Luiz do Nascimento. "Aqui não enfrentamos o problema de falta de moedas. Pelo contrário, muitas vezes, nós trocamos moedas para outros lojistas."
Hábito de guardar explica a falta
De acordo com o Banco Central, até a última terça-feira, 27, havia, em todo o Brasil, mais de 20 bilhões de moedas circulando. Somente as moedas no valor de R$ 1 ultrapassam o montante de 2,3 bilhões. A assessoria ressalta que este montante é mais do que suficiente para atender a todo o território, entretanto, o sumiço das moedas pode ser explicado pelo chamado "entesouramento", que nada mais é do que o hábito que os brasileiros têm de guardar ou esquecer moedas em casa.
Este é o caso da pensionista Carmelina Henriques, que possui uma porquinha de barro, que rendeu, na última troca, o equivalente a R$ 639. "Eu só coloco no meu cofre moedas de R$ 1. Quando a porquinha enche, vou até um mercado e troco por cédulas."
Apesar de juntar moedas há pouco mais de um ano, Carmelina afirma que isto já virou um hábito diário. "Tem dias em que fico sem dinheiro porque chego a trocar cédulas por moedas para encher a porquinha mais rápido. Fico impaciente."
Troco em espécie
A fim de combater o hábito de alguns comerciantes de arredondar para valores mais altos ou substituir o troco por mercadorias como balas, chicletes e outros doces, quando faltam moedas, foi aprovado, no último dia 21, o projeto de lei do vereador José Sóter de Figueirôa (PMDB).
A proposta aponta que, na venda de bens ou serviços, passa a ser obrigatória a devolução integral do troco em espécie quando o pagamento também for feito em moeda corrente, até o limite de 20 vezes o valor da compra ou serviço. Na falta de cédulas ou moedas, o fornecedor do produto ou serviço deve arredondar o valor sempre em benefício do consumidor. A substituição do troco em dinheiro por outros produtos não consentidos, prévia e expressamente pelo consumidor é proibida.
Por meio da assessoria da Câmara Municipal de Juiz de Fora (CMJF), o vereador explica. "Há algum tempo alguns comerciantes utilizam de estratégia de vendas ilusórias ao consumidor, por meio do anúncio de mercadorias com preços que terminam em centavos, às vezes abaixo de cinco centavos. Acabam por arredondar o valor para cima ou substituir o troco ilicitamente por outras mercadorias. Na verdade, o comerciante tem o dever de fornecer o troco devido."
O projeto de lei aguarda a sanção. Se for aprovado, os estabelecimentos comerciais terão que afixar placa de 0,20m x 0,30m com as informações, assim como o telefone do Procon, destinado aos que queiram fazer reclamações.
Guichê de troco
Desde julho deste ano, o Banco do Brasil criou 143 postos exclusivos para disponibilizar moedas para o comércio. Um destes pontos está localizado em Juiz de Fora, na agência da avenida Getúlio Vargas, 426, no Centro. O Banco Central ainda disponibiliza o telefone 0800 979-2345, destinado às reclamações referentes a este assunto. O número atende correntistas de todos os bancos.
Os textos são revisados por Juliana França
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