Em dois lugares ao mesmo tempo?
O que ocorre quanto ‘pensamos em agir de forma a conhecer tudo’ para executar inúmeras tarefas? Quando assim perguntamos, estamos querendo saber quais as forças que estão por detrás deste tipo de pensamento. Motivação, como sabemos, é uma força intrínseca, que está dentro de cada um de nós. Algo que vem de dentro, então, nos impulsiona a pensar e a agir desta forma. É quase certo o fato de que se assim pensamos assim agimos. Portanto, podemos admitir tal mobilidade por vários motivos: precisamos da remuneração para comprar alimentos, remédios, manutenção de nossa faculdade, manutenção familiar, etc.
O que acontece no momento em que afirmamos a impossibilidade de conhecermos todas as tarefas que existem em nosso meio de trabalho? Nosso parecer aponta para algo extrínseco, isto é, existe um estímulo externo, advindo do nosso próprio ambiente de trabalho que está envolvendo nossos ‘pensamentos’ no sentido de agirmos “contra”: não terei mais meu final de semana para um chopinho, pois tenho que aprender coisas novas, nossa! Já estou cansado só em pensar que tenho que aprender mais alguma coisa... Pior, vou ter que fazer muitas tarefas, enquanto outros não, “meu nome é trabalho?”, etc.
Para lançarmos uma luz sobre estas duas posições, precisamos ir além dos pensamentos cristalizados – aqueles que aprendemos com os outros e que repetimos sempre sem muitas vezes nos conscientizarmos de que estamos repetindo. Entretanto, pergunto: não está faltando coragem para irmos além daquilo que aprendemos a pensar? Não está faltando um pensamento do tipo: posso eu realizar outro trabalho para a manutenção de minha família? Duas horas no final de semana para eu me atualizar realmente farão com que eu não consiga tomar meu chopinho no final de semana?
Sim, está faltando coragem para permanecermos no aqui e agora e, saber que cada tarefa a ser executada no trabalho tem uma coordenada precisa de tempo e de espaço. Sim, deveríamos aplicar aquilo que chamamos de “novo modo de sentir e de pensar que abranja um mundo mais vasto do que os simples pensamentos lógicos”, isto é, acreditar que dentro de nós existe uma potencialidade criativa para que possamos conviver com as mudanças que fluem no ambiente do trabalho, sobreviver a elas e aprender com elas. Assim, o que vai nos esclarecer sobre estes dois pontos de vistas de maneira saudável é justamente a proposta de buscar o pensamento intuitivo. O pensamento intuitivo muito se aproxima do “pensamento prático” que falamos anteriormente. Busquemos por ele em nosso trabalho, aos poucos, dia a dia, realizando uma tarefa de cada vez. Centremo-nos naquilo que estamos fazendo. Querer estar em dois ou mais lugares ao mesmo tempo é a “doença” da modernidade, é a “doença no trabalho”.
André Salles é Bacharel em Psicologia pelo CES/PUC-MINAS, Pós-Graduado Latu-Sensu em Psicologia Fenomenológico-Existencial pela PUC-MINAS, Mestrado em área de Concentração Filosófica pela UFJF, Formação em Docência pelo DETRAN-MG, Educador em disciplinas de Psicologia e Filosofia na Faculdade Sudeste de Minas – FACSUM - 2004/2008, Assessor em Psicologia e Gestão de Pessoas junto ao Instituto Joaquim Soares de Oliveira (Santos Dumont-MG), Cargo Público do Governo Federal, onde atua em serviços na área Operacional de Gestão de Pessoas, Filiado à Associação Brasileira de Psicólogos Antroposóficos, Em Formação Antroposófica e Educação Waldorf – Foundation Courses and Waldorf Certificate Program - Sophia Institute – US.
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