Páscoa também é época de brincar Estimular a imaginação das crianças quanto aos símbolos da Páscoa faz com que se tornem adultos mais criativos
Repórter
6/3/2010
A pouco menos de um mês para a Páscoa, que tal dar asas à imaginação e começar a brincar com as crianças antes mesmo de o domingo recheado de chocolates chegar?
Para a pedagoga Aline Dato Mendes, o sentido das festas ao longo do ano não pode ser perdido. "Devemos incentivar as crianças para que descubram o que há de sutil por trás do ovo de Páscoa que elas veem no supermercado. Se o adulto não dá os significados dos elementos, a criança fica só com o objeto. Reforçar o real significado da data, que é a celebração da vida, é fundamental."
No caso do coelho, símbolo da Páscoa, por exemplo, o que deve permear o elemento são as pistas referentes ao aparecimento daquele que seria responsável pela entrega dos ovos de chocolate. "É interessante que os pais, familiares e professores contribuam para a curiosidade, que é própria da infância. Elementos lúdicos servirão como subsídios para um adulto mais criativo."
Segundo a pedagoga, as brincadeiras podem ter início antes mesmo da Páscoa. "É possível começar três domingos antes. Criar expectativa nas crianças é muito importante, principalmente por vivermos em um mundo tão imediatista." Ela lembra que se os pais prometem, com antecedência, aos filhos um determinado ovo de Páscoa, estão tirando a possibilidade de explorar a imaginação, o que faz parte da essência do universo infantil.
Hora de brincar
Entre as brincadeiras sugeridas por Aline está a criação de um espaço que vai servir como toca para o coelhinho, além do ninho para os ovos de Páscoa. "A toca pode ser criada com o uso de duas cadeiras e um lençol, que servirá como cobertura. O ninho pode ser confeccionado com o uso de caixas ou cestas." Ela lembra que os pais podem fazer passeios com os filhos, durante os quais serão colhidas flores e folhas secas para decorar o ninho.
Outra dica, que auxilia a imaginação das crianças, é usar um pote com água e uma cenoura, que deverão ficar no cantinho do coelhinho. "Para incentivar a expectativa, pode-se, de um dia para outro, derrubar um pouquinho da água e dar uma mordidinha na cenoura. Assim, a criança vai imaginar que o coelho realmente passou por ali."
Para criar o ambiente, os pais podem simular, usando três dedos de uma das mãos e um pouco de farinha, as pegadas do coelho pela casa, fazendo o caminho até onde está montado o ninho. "Outra dica é alguém provocar um barulho em um cômodo e estimular a imaginação da criança, sugerindo ser o coelho de Páscoa passando por ali."
Os pais podem, também, contar histórias no decorrer da época. "Há contos de fadas relacionados à Páscoa, que podem ser usados. Não é necessário dar um caráter moral ou religioso às histórias, basta estimular a imaginação." Além disso, Aline lembra que no domingo de Páscoa é importante que haja o sentido de união da família, principalmente diante de tanta agitação no dia a dia das pessoas.
Pinturas no rosto das crianças são outra forma de brincadeira sugerida pela pedagoga. "Durante este processo, o responsável pode contar histórias e dar asas à imaginação infantil, como se aquela criança fosse o coelho." Brincadeiras em grupo, como "coelhinho sai da toca", cantigas de Páscoa e produção de desenhos são outras formas importantes de estímulo.
Uma alternativa é utilizar ovos de galinha. "Basta retirar as partes de cima e a interna do ovo e encher com guloseimas, como frutas cristalizadas ou pedacinhos de chocolate. Por fora, dá para decorar os ovos com pinturas." De acordo com Aline, esta é uma maneira de renovar a curiosidade da criança, que já está acostumada a ver os ovos de chocolates expostos nos supermercados. Outra dica é permitir que a criança participe da confecção de receitas, tais como colombas pascais, bolos e até mesmo biscoitinhos. "Neste momento é permitido criar, auxiliando os filhos na confecção de biscoitos em formato de coelhos e cenouras."
A pedagoga lembra que as brincadeiras auxiliam no desenvolvimento físico, emocional e cognitivo infantil. "Brincar significa passar mais tempo junto e dar elementos para que a criança se desenvolva. E qual é o pai que não quer ver o filho crescendo feliz?", indaga.
Até quando?
Qual seria a época certa para revelar à criança que o coelho de Páscoa não existe e é apenas um símbolo? Para Aline, não existe nada determinado neste sentido. "O adulto não deve mentir nem omitir. Por que não gerar dúvida? Diante de uma pergunta da criança, é possível questioná-la sobre o que pensa." Segundo a pedagoga, o pensamento lógico é próprio do adulto, à criança cabe criar, imaginar.
Aline lembra que os mais novos têm total confiança nos adultos, por isso, é preciso que o adulto seja sincero, mas tenha cuidado para que não haja uma ruptura quanto à crença de que o coelho de Páscoa é responsável pelos ovos. "A ruptura acaba provocando decepção. A criança deve compreender aos poucos, de forma leve."
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