RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O Saab Gripen, novo caça da FAB (Força Aérea Brasileira), estará pronto para uso em missões de combate e interceptação no ano que vem, quando participará de seu primeiro exercício militar.

A informação foi dada pelo comandante do GDA (Grupo de Defesa Aérea), baseado em Anápolis (GO), que concentrará a frota de 36 caças encomendados pelo Brasil em 2014 e que começaram a ser entregues de forma operacional em dezembro do ano passado.

Até aqui, há quatro aviões voando, além do primeiro exemplar enviado ao Brasil pela fabricante na Suécia para finalizar a campanha de certificação militar. Dos 36, 15 deverão ser produzidos na linha conjunta da Saab e da Embraer em Gavião Peixoto (SP), a partir do próximo dia 24.

"Deveremos estar no Cruzex em Natal. De fato, a operação armada é essa", afirmou o comandante, tenente-coronel Gustavo de Oliveira Pascotto. O Cruzex é um exercício multinacional que ocorre desde 2002, cada ano em um país da América do Sul, envolvendo convidados como os Estados Unidos.

Em 2024, ele será realizado na capital do Rio Grande do Norte. Até lá, talvez já haja mais quatro Gripen em ação em Anápolis.

Por ora, eles estão sendo usados para adaptação dos pilotos, cujo grupo inicial foi treinado na Suécia porque não há Gripen com dois assentos, um deles para o instrutor, no Brasil. Não fazem patrulhas reais ainda.

Na atual geração do caça, a terceira, esse avião se chama modelo F -o E, que já está no Brasil, é para um só piloto. Inicialmente, a programação previa que os oito caças de dois lugares da encomenda seriam produzidos na fábrica da Embraer.

O modelo foi desenhado praticamente todo em Gavião Peixoto, por um time de 67 engenheiros, metade dele brasileiro. Em 2020, a primeira peça específica para sua fuselagem foi cortada na fábrica de componentes da Saab em São Bernardo do Campo (SP).

Só que atrasos devido a soluços orçamentários, algo crônico nos programas estratégicos brasileiros, acabaram obrigando a Saab a prever a construção de apenas 4 dos 8 aviões modelo F no Brasil, e a Embraer considerou que a escala não compensava a instalação da linha.

A Saab diz que o primeiro modelo F deverá ser entregue ao Brasil em 2015. No ano passado, o programa teve uma boa execução no orçamento, contudo: do R$ 1,6 bilhão empenhado, R$ 1,4 bilhão foi gasto, segundo o sistema de acompanhamento de gasto federal do Senado.

Assim, agora só serão feitos no país os 15 modelos E. Executivos da Saab consideram que o principal ganho na transferência tecnológica para os brasileiros já foi dado quando eles participaram do desenho do avião, que demandou readaptar todo o aparelho da metade para a frente.

A linha de produção, ao fim, é igual a qualquer outra. A inauguração formal não será no dia 24 porque está prevista a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o Planalto postergou a ida por motivos de agenda.

O comandante Gustavo, como é chamado na FAB, disse também que já está em planejamento o primeiro teste no Brasil de um míssil com capacidade de abate além da linha do horizonte, no caso o europeu Meteor, do consórcio MBDA.

O modelo, o mais avançado do tipo, permite que o piloto dispare a 100 km ou 200 km do alvo, podendo atualizar sua rota no caminho. Com um motor ramjet, que injeta combustível no fluxo de ar supersônico, chega até a quase 5.000 km/h.

É um evento raro mesmo na Europa e nos EUA, dado que cada míssil, aí com a carga bélica completa, custa o equivalente a quase R$ 12 milhões. O Gripen também vai operar mísseis de curto alcance Iris-T teuto-italianos, e com isso terá o jogo de armamentos mais sofisticado da América Latina.

Eles fazem parte do pacote total da compra, que saiu em 2014 por um valor financiado por 25 anos que hoje equivaleria a cerca de R$ 28 bilhões. Preços e quantidades não são revelados, embora análise de bases de dados de vendas de armas internacionais indique que foram ao menos 100 Meteor comprados.

A intenção da Saab, que na terça (11) anunciou na LAAD, feira militar no Rio, um aprofundamento de sua parceria com a Embraer, é que o Brasil seja a base exportadora para países fora do eixo europeu que escolham o Gripen.

Na América Latina, Colômbia e Peru têm o caça sueco em concorrência para substituir suas frotas antiquadas. No âmbito da Otan, aliança militar ocidental que poderá ter a Suécia em breve, o Gripen perdeu concorrências importantes para o americano F-35 na Finlândia e no Canadá.

Como é um aparelho mais barato e altamente sofisticado, embora não tenhas as características furtivas que colocam o F-35 na categoria arbitrária de quinta geração, a Saab espera que ele seja uma alternativa apetitosa. Ele está em disputas na Índia e na Áustria, e espera renovar sua presença na Tailândia, que já opera Gripen mais antigos.


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