João do Joaninho chora e nega envolvimento em crime ambiental

Cinco dias após ser abordado por policiais ambientais, vereador se pronunciou pela primeira vez sobre o episódio envolvendo seu nome

Lucas Soares
Repórter
16/06/2015

O vereador João do Joaninho (DEM), suspeito de envolvimento em crime ambiental na última quinta-feira, 11 de junho, negou que tenha sido o responsável pelo abatimento de três capivaras e um jacu na Represa de Chapéu D'uvas. Esta foi a primeira vez que o parlamentar falou sobre o caso.

Joaninho confirmou que estava na lancha e que, no momento em que foi abordado pelos policiais ambientais, estava ao volante. "Vi o problema no momento em que os policiais também viram. Eu peguei uma carona com o autor, que é meu vizinho, e não vi as capivaras. Eu estava sentado no único assento que o barco tem, do lado dele. Meu vizinho foi para a frente do barco e pediu que eu segurasse o volante, foi quando os policiais se aproximaram. Eu pensei que eram pescadores, talvez ele tenha notado que não fosse. Na hora que pediram para parar, eu parei", relata.

Ainda de acordo com o vereador, em nenhum momento ele chegou a ser detido ou foi preso. "Eu não fui preso, ninguém me deu voz de prisão. Não fui co-autor de nada, eu nem sei o que é isso. Eu fiquei estarrecido no momento, os próprios policiais estavam assim. O meu vizinho assumiu o que ele fez, estava tudo tampado na hora, já era meio de noite, não vi. Os policiais me levaram até a margem, encostaram o barco e já tinham duas pessoas procurando meu vizinho. Até agora eu não entendi porque fui qualificado como co-autor. Eles me levaram lá e vão falar que eu sai correndo?", questiona.

O parlamentar revelou as razões por não ter comparecido à Delegacia após a notícia ter vazado. "Eu não fui por orientação do meu advogado. Falei com ele que "quem não deve, não teme". Mas ele falou que ainda estava tomando ciência dos fatos. Quando eu senti essa pressão de tudo, eu dei entrada no Monte Sinai e fiquei lá mais de meia-hora tentando falar com meu cardiologista. Já mostrei as tentativas de contato com ele para a delegada, tem câmeras no hospital que provam que eu estava lá. A secretária falou que não tinha como me atender no momento, que iria demorar quatro horas. Eu iria para o Albert Sabin, mas meu cardiologista me ligou e me receitou um calmante", explica.

João do Joaninho chegou a chorar duas vezes na entrevista. De acordo com o democrata, a imprensa é responsável pelas proporções que o caso tomou. "Saiu na imprensa que eu estava preso, e eu estava solto. Saiu que eu recebi voz de prisão, e eu nunca recebi. Saiu que o autor era meu empregado, ele é um empresário muito rico com várias lojas de móveis pela região. Falaram que eu fugi, mas eu não fugi. Eu recebi uma ligação de um filho meu me perguntando se eu estava preso. Não é assim, não pode brincar com a vida ninguém. Me pegaram, colocaram num saco e estão fazendo piadinhas. Podem revirar meu sítio e não vão encontrar um anzol. Ninguém nunca ouviu falar que eu caço, que eu pesco. Minha mãe tem 84 anos, se eu não passo lá, ela tinha morrido. O cara que matou está na casa dele, tranquilo."

Segundo o vereador, o apoio que tem recebido das pessoas que o conhecem faz a diferença nessas horas. "Eu tive mais apoio do que eu mereço. Julgar quem não conhece é fácil. Mas as pessoas me conhecem, eu fui eleito pelo povo. Eu sou um homem público, fico chateado com isso. A gente fica muito exposto. Pensei em largar isso aqui. Se amanhã ou depois a polícia ou os vereadores acharem que eu não tenho mais com que contribuir, eu sigo a minha vida", conclui.

Entenda o caso

João do Joaninho está sendo investigado pela Polícia Civil por suposto envolvimento em crime ambiental. Ele e um homem, 51 anos, foram flagrados na última quinta-feira, 11 de junho, por volta das 17h, por militares da 4ª Companhia Independente de Meio Ambiente e Trânsito Rodoviário (4ª Cia Ind Mat) da Polícia Militar e fiscais da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e de Desenvolvimento Sustentável (Semad) em uma lancha, motor 30hp na represa de Chapéu D'Uvas com três capivaras e um jacu abatidos. Conforme a ocorrência registrada pela 4ª Cia Ind Mat, também foi encontrado dentro da embarcação uma espingarda calibre 22 e munições, com duas deflagradas. O homem de 51 anos assumiu ser o proprietário da arma e ter efetuado a caça ilegal. Já o vereador pilotava a lancha durante a caça.

Os policiais relataram que efetuavam patrulhamento aquático pela represa de Chapéu D'Uvas, juntamente, com os fiscais, quando se depararam com a lancha, ocupada por dois homens em atitude suspeita, em alta velocidade. A ordem de parada não foi respeitada, por isso a PM precisou montar cerco, quando realizaram a abordagem. Neste momento, João do Joaninho teria solicitado aos policiais autorização para buscar sua documentação, que estaria dentro do carro estacionado às margens da represa, próximo a sua residência rural. No entanto, ele não retornou, fugindo do local.

Segundo fiscais do Semad, os dois detidos podem ser enquadrados no crime descrito no artigo 29 da Lei 9.605/1998. A multa, para cada animal abatido, é R$ 751,27, totalizando, R$ 3.005,08. Ainda, de acordo com nota divulgada pela Polícia Civil, em relação o suspeito, 51, o flagrante está sendo lavrado nesta sexta, 12, por porte ilegal de arma de fogo, pelo artigo 29, da lei de crime ambiental. Será arbitrada fiança no valor de R$ 4 mil, para que suspeito responda em liberdade. Se não pagar, será encaminhado para o Ceresp. O vereador não foi encaminhado à Delegacia, mas a participação dele será apurada pela PC.

Em sua página no Facebook, Joaninho afirmou que pedirá afastamento da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, no qual ocupa cargo de presidente, até o término das investigações. O vereador também alega que em nenhum momento recebeu voz de prisão dos policiais ou dos fiscais ambientais.

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