Mais de 150 mil unidades consumidoras da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) tiveram o serviço interrompido por causa de ocorrências que envolvem pipas. Os dados são dos primeiros cinco meses deste ano.

Na Zona da Mata/Mantiqueira, foram registrados 106 incidentes provocados por pipas, com mais de 17 mil unidades consumidoras interrompidas.

Em maio, as ocorrências aumentaram 50% em relação aos quatro primeiros meses do ano. Segundo a Cemig, foram quase 53 mil unidades consumidoras prejudicadas pela brincadeira em 214 incidentes com a rede de distribuição da empresa.

Até maio, foram registradas 672 ocorrências no sistema elétrico no estado. Só na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foram 289 incidentes provocados por pipas, com 73 mil unidades consumidoras interrompidas.

“Soltar pipa é uma atividade lúdica e que as crianças e jovens gostam muito. Mas é importante que se tenha consciência de que a brincadeira deve ser realizada em áreas abertas e sem rede elétrica, pois pode causar acidentes graves ou provocar interrupções no fornecimento de energia e prejudicar muitos clientes”, disse o engenheiro eletricista da Cemig, Demetrio Aguiar.

Demetrio explica que a brincadeira deve ser feita em locais descampados e sem uso de linhas cortantes, pois quando uma linha de papagaio é cortada, o vento carrega aleatoriamente o aparato, que pode cair sobre redes elétricas ou vias públicas, provocando acidentes ou interrupções no fornecimento de energia.

E mesmo que o período de férias escolares não tenha começado e o vento ainda não seja o mais propício para a brincadeira, o registro das ocorrências já é relevante.

“A partir de junho essa brincadeira tende a se intensificar, pelo aumento dos ventos em função da transição entre outono e inverno, além da proximidade com as férias escolares do meio do ano. E em julho isso se potencializa muito mais. Por isso, é importante que os pais e responsáveis estejam atentos para que não haja acidentes com os jovens e também ocorrências no sistema elétrico”, alertou o engenheiro eletricista.

Resgate perigoso

A Cemig ressalta ainda que o resgate de pipas que ficam presas nas redes elétricas deve ser evitado.

Outra situação que também deve ser evitada é o resgate de pipas presas à rede elétrica, pois a ação pode causar acidentes graves.

"As redes de distribuição e transmissão, bem como as subestações da Cemig, são construídas dentro de padrões das normas técnicas brasileiras com características e distanciamento que são seguros. Dessa forma, a aproximação indevida para retirar pipas presas à rede e o uso de cerol e linha chilena são os principais motivos de acidentes com a rede elétrica da companhia", disse Demetrio.

Ao longo do ano a Cemig realiza campanhas de segurança e conscientização sobre os riscos de se soltar pipas próximas das redes elétricas em escolas, entidades e veículos de comunicação.

Linhas cortantes são proibidas por lei

O uso de cerol ou a linha chilena é proibido no estado, conforme a lei 23.515/2019. É vedado ainda a comercialização e o uso de linha cortante em pipas, papagaios e similares.

Quem for flagrado vendendo linhas cortantes pode ser multado entre R$ 5.279,70 e R$ 263,98 mil (em casos de reincidência). Se a linha cortante apreendida estiver em poder de criança ou adolescente, os pais ou responsáveis legais serão notificados da autuação e o caso será comunicado ao Conselho Tutelar.

“São materiais altamente condutores e que acabam sendo energizados quando tocam os cabos da rede de energia, causando o choque elétrico. Quando alguém utiliza uma linha cortante, ela pode romper os cabos de energia e causar acidentes graves para quem está brincando ou com outras pessoas. Nunca se deve usar cerol ou linha chilena neste tipo de brincadeira”, finalizou Demetrio.

Cemig - Pipas rede elétrica

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