Casas abandonadas e lotes vagos dificultam trabalho de agentes que atuam no combate à dengue, expondo população ao risco
Repórter
O número de casas abandonadas e de lotes vagos em Juiz de Fora tem dificultado a atuação dos agentes de controle de endemias, que atuam no combate à dengue. "Quando o proprietário não é encontrado, não temos autorização para entrar", explica o coordenador geral de campo, Juvenal Marques Franco.
Com isso, a população fica exposta ao risco trazido por possíveis criadouros do Aedes aegypti. "Moro próximo a uma casa abandonada, que virou um depósito de lixo. Isso é perigoso porque, nesta época de chuvas, a água acumula. Já entramos em contato com a Prefeitura, por meio do Disque Dengue, mas nada foi feito, mesmo depois da visita dos agentes ao local", afirma a moradora da rua José Cerqueira, no bairro Bela Aurora, Ana Lúcia Estephani.
O mesmo problema vem sendo enfrentado pela moradora da rua Olívia Moreira, no Ipiranga, Divina Henriques. "Existem quatro lotes vagos próximos a minha casa. Cobramos a limpeza do local, mas o poder municipal não fez nada. O lixo acumulado é sempre um risco, o que percebemos pela quantidade de mosquitos. Em maio do ano passado, eu e minha filha tivemos dengue. Não quero isso de novo. Considero um absurdo, no caso de querer ter segurança, ser responsável pela limpeza de lotes que não são meus."
Somente no mês de dezembro, quando o Disque Dengue, que atende pelo (32) 3690-7000, foi reativado, foram contabilizadas 276 denúncias. Segundo informações da assessoria da Secretaria de Saúde (SS), os problemas mais denunciados são o acúmulo de lixo, caixas de água sem tampa, poças de água, além de vasilhames acondicionados de forma a facilitar o acúmulo de água.
"A tendência é que as denúncias aumentem no período chuvoso", destaca Franco. Ele explica que, após receber a denúncia, a equipe é enviada ao local a fim de orientar o morador. Outro fator que impede a entrada dos profissionais é a presença de menores sozinhos nas residências.
No ano passado, estava prevista a criação de uma legislação específica para o combate à dengue, com a possibilidade de aplicação de notificações e multas, de forma mais rígida, a proprietários de terrenos baldios e casas abandonadas. Entretanto, segundo a assessoria da Secretaria de Atividades Urbanas (SAU), a fiscalização segue atuando de acordo com o previsto no Código de Posturas, que determina que casas, mesmo abandonadas, devem ser mantidas limpas, assim como terrenos vagos.
A multa, no caso de descumprimento, pode ser superior a R$ 244,04. A assessoria da SAU informou, ainda, que não recebeu qualquer tipo de comunicação por parte da SS a respeito da dificuldade de localização de proprietários de casas e lotes abandonados.
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Começa o LIRAa
Teve início, nesta segunda-feira, 3 de janeiro, o primeiro Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) de 2011. Onze equipes, um total de 108 pessoas, estão visitando residências em diversos bairros de Juiz de Fora. "O LIRAa será realizado em toda a cidade e já temos equipes por toda Juiz de Fora", explica Franco. O objetivo da ação é verificar o índice de infestação predial por focos do mosquito da dengue por regiões/bairros. A partir dos dados obtidos, serão traçadas ações de combate ao vetor para os próximos meses do ano. A expectativa é de que o índice fique entre 2,5 e 3.
Segundo Franco, a cidade é dividida em 17 extratos, que são formados por bairros próximos. As visitas ocorrem por meio de um sorteio dos quarteirões de cada bairro. "Definidos os quarteirões que serão visitados, os agentes visitam de cinco em cinco casas. No caso de o quarteirão conter 20 casas, por exemplo, quatro delas serão visitadas."
A intenção é desenvolver o levantamento até a próxima sexta-feira, dia 7, visitando um total de 7.348 imóveis. "Os agentes vistoriam toda a casa e quintal. Caso encontrem focos, realizam a coleta da larva ou pupa, que são os estágios anteriores à fase adulta do mosquito. O material é enviado ao laboratório da Vigilância Epidemiológica e Ambiental [DVEA], para que seja verificado se é ou não do Aedes Aegypti." No caso de o teste confirmar a presença do mosquito da dengue, a equipe volta ao local onde o material foi recolhido, a fim de eliminar o foco ou tratar o ambiente.
As visitas são realizadas entre 8h e 11h e das 14h às 18h. Os agentes de controle de endemias podem ser identificados por meio do uso de uniforme. "Se houver qualquer tipo de dúvida, é possível entrar em contato pelo (32) 3690-7290, a fim de se certificar se o visitante faz parte das equipes que realizam o LIRAa."
Mais de 30 notificações em dezembro
No mês de dezembro do ano passado, 33 casos de dengue foram notificados em Juiz de Fora. No mesmo período, em 2009, não houve nenhuma notificação, já que os casos registrados na cidade eram importados, ou seja, não contraídos no município.
Segundo dados da assessoria da SS, os bairros com maior número de casos confirmados de dengue durante todo o ano de 2010, quando foram contabilizados 9.635, são Vila Olavo Costa, Milho Branco, Centro, Jardim Esperança, Borboleta, Jardim Glória, Santa Cruz, São Judas Tadeu, Vila Ideal e Eldorado (ver mapas).
Os textos são revisados por Thaísa Hosken
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