Fobias podem estar relacionadas com as angústiasMedo exagerado de objetos fóbicos pode refletir no corpo e causar sintomas como ataques de pânico, taquicardia e sudorese. Análise é uma forma de tratamento
Subeditor
14/2/2011
O medo exagerado de cães, elevadores, insetos e lagartixas, por exemplo, pode estar relacionado com a incapacidade de lidar com as angústias do dia a dia. Essa é a principal razão do aparecimento das fobias, segundo a professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Bianca Faveret.
"Para nós psicanalistas, a fobia é um movimento da mente para dar conta de uma angústia qualquer. As pessoas vivem angustiadas com a vida, angustiadas em enfrentar desafios. Em vez de o ser humano explodir e enlouquecer, ele resolve localizar sua angústia em um medo. O que tem uma positividade, pois evita um surto psicótico, por exemplo."
Segundo o psiquiatra César Augusto Souza Lima de Mello, a fobia é um medo exagerado que impossibilita alguma ação do paciente ou provoca sintomas físicos. "Ter medo de cachorro, por exemplo, é natural. A fobia é identificada quando a presença do cachorro causa ataque de pânico, sudorese [transpiração excessiva], taquicardia, dispneia [falta de ar], mal-estar, cefaleia [dor de cabeça], entre outros sintomas. É um medo fora de órbita, que paralisa", exemplifica.
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Mello afirma, com base em leituras que realiza, que 20% das patologias ligadas à ansiedade são problemas de fobia. Segundo o psiquiatra, o tratamento pode ser via psicanálise, para os casos simples, como os medos de objetos fóbicos, a medicação, para as fobias graves. "Há casos de fobia social que necessitam de medicação." De acordo com Bianca, a análise é capaz de trazer bons resultados no controle das fobias. "O momento da narrativa, quando o paciente coloca-se em movimento ao falar de si, transforma o sujeito, ele se reconfigura todo."
Distintos métodos de tratamento
Conforme Mello, há uma técnica de exposição gradual do paciente ao medo, capaz de tratar a fobia. A dessensibilização sistemática consiste em incentivar que o paciente enfrente o objeto fóbico de forma gradual. "Se alguém tem fobia de falar em público, por exemplo, pode começar encarando uma pequena plateia e ir aumentando a carga. É como se estivesse subindo uma escada." Mello lembra que a psicanálise pode tratar a fobia como um deslocamento de um outro problema para o objeto fóbico. "Nesse caso, o tratamento seria diferenciado."
É o que diz a psicanalista Bianca Faveret. "Não adianta tirar o sintoma fóbico, porque ou o paciente tem um surto, ou vai transferir o medo para outro objeto fóbico. O foco é descobrir e tratar a angústia. O tempo de tratamento varia de pessoa para pessoa. Cada indivíduo é singular. Uns demoram mais, pois a alma humana não está no tempo acelerado do dia a dia, então tudo tem que ser tratado com delicadeza. Outros lidam com o problema de forma mais rápida."
Os textos são revisados por Thaísa Hosken
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