Carência afetiva e o direito
Esta ideia foi defendida pelo juiz da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora, Dr. Luiz Guilherme Marques, que, por sua vez, me convidou gentilmente para escrevermos um livro sobre o assunto e que os fundos arrecadados fossem doados para a Associação de pais e amigos de dependentes químicos (APADEQ) de São João Del Rei – MG, e assim foi feito.
A idéia do livro é a de que a carência afetiva causa males incontáveis.
No fórum, a maior parte dos processos são provenientes da carência afetiva. Como no caso dos casais que partem para o litígio, onde no fundo não é realmente a partilha dos bens que os move, mas a relação mal resolvida em que um dos parceiros não elabora a "rejeição".
No caso dos danos morais, se formos olhar mais profundamente, veremos que a carência afetiva causou o real dano interior.
Há pessoas que fantasiam suas relações e, ao se depararem com a realidade dos fatos, não aceitam a negação e decidem partir para a disputa judicial.
Ele cita o vício da mendacidade que é o vício da mentira, quando as partes mentem ou omitem por não confiarem uns nos outros, mas, na verdade, é a falta de assertividade ou de firmar-se como ser integral, admitindo-se tal qual é, que dificulta muitos resultados justos.
Por detrás de todo e qualquer vício, está enraizada a carência afetiva.
Outros fatores que leva aos tribunais são os preconceitos que nada mais são do que a própria carência refletida no outro.
A maior parte das pessoas que procuram o fórum, na verdade, precisam de tratamento através do autoconhecimento e, desta forma, de diminuir a demanda forense.
Um dos fatores que mais assusta o ser humano é a "intimidade", vivê-la é muito difícil, exige muito de cada um de nós, pois na intimidade todas as máscaras caem. Aquele que nos conhece sem máscara torna-se uma ameaça quando se afasta e se, nesse momento, estamos na carência afetiva negativa, corremos o risco de cometermos injustiça contra o outro e nós próprios.
Podemos sim transmutar a carência afetiva negativa em positiva, quando partimos para a "conciliação".
Existem situações em que é necessário dormir para tomar providências ao amanhacer, com a cabeça mais fria e lúcida, enxergando com clareza a situação antes de tomarmos uma providência impensada que possivelmente trará consequências desastrosas.
Certamente outras situações devem ser enfrentadas corajosamente após vários amanheceres bem pensados.
O que devemos perder de vista é a carência afetiva que nos leva a buscar "nossos direitos" quando na verdade devemos buscar o "autoconhecimento".
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Ana Stuart
é psicóloga e terapeuta familiar
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