O luto
De que forma cada um de nós aceita a perda?
Para vários pesquisadores, perda está diretamente ligada ao sentimento de solidão e de vazio.
Desde nosso nascimento, sofremos perdas, a começar pela perda do útero quentinho e acolhedor, por isto nascemos chorando e com medo.
E esta é a mesma sensação de quando perdemos um ente muito querido, medo, vazio e solidão.
Quando este sofrimento é experimentado diante da morte física, o luto intrigantemente é mais fácil de ser elaborado. Você supõe onde está a pessoa e que você não a verá mais, não porque ela não quer mas porque ela não pode.
Já o luto vivenciado com a pessoa em vida que se afasta, a dor é mais difícil de ser elaborada, devido ao sentimento de rejeição.
Nossa dificuldade em não sermos egoístas e orgulhosos é imensa.
Quando nos sentimos rejeitados, temos a tendência de trazer à tona estes sentimentos mesquinhos e negativos, que são muito fáceis de serem sentidos.
O mais difícil é abraçarmos esta dor para fazer uma auto-análise profunda do que precisa ser modificado em nós mesmos.
A autossuperação funciona como proteção contra a tristeza.
E neste processo, não podemos negar os sentimentos mesquinhos, mas sim elaborá-los em forma de libertação, ou seja, libertar o outro para libertar-se. Deixá-lo ir com serenidade e nobreza.
A partir daí, se permitir vivenciar as boas recordações para o alívio da dor e da solidão e aproveitar as lembranças negativas para entender o processo de negação.
O luto é imprescindível para o recomeço ou novo começo, mas, para isso, é necessária uma boa dose de coragem.
Devemos estar alertas para não cairmos nas armadilhas da depressão e da culpa. Perigosas porque abaixam nossa imunidade emocional e consequentemente a imunidade física.
Portanto, devemos ter a humildade de procurar ajuda com especialistas e amigos, sem descartar os grupos de apoio. Mas, pricipalmente, confiar em si mesmo e no poder superior.
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Ana Stuart
é psicóloga e terapeuta familiar
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