Afeto, aconchego e violência
Desde os nossos primórdios, estamos condicionados a receber o alimento e, logo após, nos aconchegarmos em braços aquecidos e acolhedores. Por isso, possuímos tanta necessidade de associar amor à proteção.
Nossas maiores dificuldades são lidar com a solidão, perdas e ausências.
E, a partir do sentimento de desamparo, voltamos às formas primitivas e imaturas de expressar nossa raiva e nossa dor.
Podemos pensar então que a violência nas relações humanas está totalmente associada à falta de amor, de proteção, do medo da solidão, das perdas e inabilidade em lidar com as ausências.
Então, como viver em sociedade se estes sentimentos já se afloram ao nascermos?
Os instintos básicos são a agressividade e a sexualidade. Buscamos, incessantemente, o prazer e nos defendemos, o tempo todo, com a agressividade. É nossa luta diária, constante, única, pessoal, intransferível e indivisível.
Necessitamos muito uns dos outros e é ai que está a riqueza das relações interpessoais. Necessitamos de referências, exemplos e de força para seguirmos na jornada.
O que nos dá esta força são as energias afins, ou seja, pessoas que buscam na mesma medida a evolução pessoal. Pessoas que encaram o sofrimento da reforma íntima, sem fugir através das drogas. Comportamentos viciosos ou dependências emocionais de cobranças.
Mas que se olham no espelho e ao mesmo tempo se espelham.
Quem tem essa coragem, certamente sairá da violência e encontrará o afeto e o aconchego. E uma boa dose de silêncio e paciência não farão mal, é caminho certo!
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Ana Stuart
é psicóloga e terapeuta familiar
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