Ciúmes e o amor universal
Quando falamos de ciúmes, nos referimos ao sentimento irracional que nos leva a uma baixa autoestima, raiva, medo de perda e insegurança emocional.
O ciúme normal é transitório e baseia-se em ameaças e fatos reais. Não limita as atividades funcionais e emocionais do ser e tende a desaparecer diante das evidências, segundo pesquisadores. Já o ciúme excessivo, considerado um transtorno do impulso pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), refere-se a pensamentos irracionais, acompanhado de emoções como raiva, medo, tristeza e ansiedade, demonstrando que tem mais a ver com a relação consigo mesmo do que com quem se ama.
Condicionar a própria felicidade e bem-estar ao parceiro é um comportamento autodestrutivo, pois um relacionamento saudável consiste em respeitar e valorizar tanto a própria individualidade quanto a do outro. É um emaranhado de emoções negativas e o caminho para lidar com estes sentimentos é, primordialmente, admitir e verbalizar estas emoções negativas. Consideramos este ato uma "confissão" necessária, primeiramente para consigo mesmo e, posteriormente, para com o outro ou os outros.
Ainda quanto ao excesso de ciúme, é muito comum que venha acompanhado de "comorbidade", como transtornos de depressão e ansiedade, que, quando diagnosticados, requerem tratamentos medicamentosos.
Quando nos referimos a este ciúme patológico, vamos também ao encontro do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), embora ainda existam poucos estudos relacionados a este assunto, mas são pensamentos intrusivos, desagradáveis, com imaginação de fatos infundados e atitudes de verificação constante, características estas semelhantes à dependência química.
Torna-se, dessa forma, o carrossel do transtorno, pois a pessoa atua de forma negativa, logo em seguida se arrepende, mas, como não consegue se ver livre de tais emoções, torna a repetir o comportamento e a se arrepender novamente. Quando a vítima deste ciúme patológico entra neste quadro negativo, tornando-se um codependente, causa e efeito não cessam e alguém precisa interromper este processo obsessivo.
Ao lado dos tratamentos necessários, tanto médicos quanto psicológicos e espirituais, o recurso poderoso que deve ser utilizado na interrupção deste processo viciante é o "Amor Universal". Quando a pessoa compreende que ninguém é de ninguém e que o respeito à individualidade própria e alheia é tão necessário quanto o ar que se respira, aí, sim, estaremos vivenciando o "Amor Universal".
Quando nos referimos ao ciúme, principalmente o patológico, estamos mencionando não só entre um casal, mas também entre pais e filhos e entre amigos, em todo e qualquer relacionamento humano, seja em que gênero e intensidade forem.
Baseados em tudo a que nos referimos acima, é importante que façamos uma reflexão sincera, para que, com essa autoanálise, verifiquemos até que ponto estamos amando ou obsediando.
Ana Stuart
é psicóloga e terapeuta familiar.
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