Amigos unem lazer e oportunidade de crescimento profissional em viagem pela América do SulAo longo de todo o percurso, os estudantes postaram fotos e textos sobre as aventuras em páginas de relacionamentos da internet
Repórter
3/2/2011
Depois de ambos terem retornado de um intercâmbio de trabalho, quando moraram nos Estados Unidos, nos anos de 2008 e 2010, os estudantes de Comunicação, Felipe Ferreira e Mateus Almeida decidiram planejar a próxima viagem. De acordo com os amigos, o fato de terem conhecido pessoas de diferentes nacionalidades durante o intercâmbio acabou funcionando como estímulo para a mais recente aventura.
Desta vez, o destino eram alguns países da América do Sul, como Bolívia, Chile, Argentina, Peru, entre outros. "Tudo começou pela internet, que nos trouxe a facilidade de traçar todo o roteiro da viagem, além de podermos pesquisar sobre o que ficaria mais barato, como hospedagem em albergues, por exemplo", conta Ferreira, relatando que a viagem, realizada entre os dias 2 e 26 de janeiro, foi feita com dinheiro recebido nos estágios da faculdade. "Viajamos no estilo mochilão, incluindo roteiros indicados por mochileiros em posts da internet. Ao longo de toda a viagem, fomos relatando, nas redes sociais, nossas aventuras. Foi uma forma de crescermos, inclusive profissionalmente", relata Almeida.
A viagem teve início ainda em Juiz de Fora, de onde os jovens foram para o Rio de Janeiro e, lá, embarcaram para Campo Grande (MS). "A largada foi dada mesmo em Corumbá, cidade que faz fronteira com o Paraguai e com a Bolívia. De lá, fomos à Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, embarcando no famoso Trem da Morte", explica Ferreira.
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Segundo os estudantes, a viagem no trem, que tem duração de vinte horas, foi um dos momentos mais tensos de toda a aventura. "O choque de realidade é muito grande. Vimos crianças pequenas, de uns cinco anos, já trabalhando, além de pessoas vivendo em condições mínimas. Bolívia é um país muito pobre, onde as pessoas têm um semblante triste e parecem não se importar com limpeza e saúde. Em compensação, as belezas naturais são claras e, ao mesmo tempo, contraditórias", aponta Almeida.
Os amigos relatam que toda a viagem de trem é realizada em condições precárias, já que as poltronas do Trem da Morte não são reclináveis, além de serem feitas 38 paradas ao longo de todo o percurso. "Se chove, acabamos nos molhando porque não há qualquer tipo de conforto e as janelas não se fecham. Além disso, à noite, eles ligam uma música alta. Acho que a intenção é fazer com que as pessoas que estão viajando em pé não durmam", relata Ferreira. Outra dificuldade enfrentada ao longo da viagem no Trem da Morte foi a alimentação. De acordo com os amigos, as pessoas vendem de tudo nos vagões, mas como não é possível apontar a procedência, eles preferiram não arriscar e passaram as vinte horas de viagem à base de biscoitos.
Já em La Paz, capital administrativa da Bolívia, os estudantes se abrigaram em um albergue com características distintas de outras hospedagens, já que no local funcionava uma cervejaria artesanal, como um pub durante a noite. "Na cidade, tivemos oportunidade de conhecer museus, como o Museu de Costumes Bolivianos, o Museu de Metais Preciosos e Museu Murillo, além de visitar monumentos. Isso foi muito bacana porque não estudamos esse tipo de história na escola. Ter contato com essa história nos ajuda a entender as condições sociais e econômicas atuais destes lugares", lembra Almeida.
A próxima parada foi a cidade de Copacabana, onde ficam o lago Titicaca e as ruínas Tihuanacu e Incas da Isla Del Sol. "Acabamos nos perdendo na ilha, em meio às ruínas, uma vez que o guia foi para um lado e nós acabando indo para outro. Com isso, quando percebemos algo de errado, foi preciso correr muito, a 3.500 metros de altitude, até conseguirmos alcançar nosso grupo. Mas deu tudo certo."
Impressões diversas
Para a dupla, um dos pontos mais altos da viagem foi a ida a Machu Picchu. "É tudo muito mágico, parece um mundo à parte. Estamos acostumados a ver aquelas imagens à distância e, de repente, nos vimos inseridos naquela história. Aliás, um dos grandes ganhos da viagem é justamente a possibilidade de crescimento cultural. Isso sem falar no convívio com outras pessoas, na troca de experiências e na oportunidade de praticar idiomas como o inglês, o espanhol e até mesmo o francês", afirma Almeida.
O estudante destaca que, entre os locais visitados, o que oferece melhor estrutura é o Peru, em especial Cuzco. Por se tratar de uma cidade que recebe grande número de turistas, a organização é maior, o que acaba por garantir mais tranquilidade aos visitantes. Em Cuzco, os jovens cumpriram uma das metas traçadas ainda quando a viagem estava sendo planejada, a prática de esportes radicais. "Praticamos rafting em um rio selvagem."
Além do Peru, o Chile, especificamente Santiago, também chamou atenção pela limpeza, pela qualidade do transporte, pela educação do seu povo e pela organização. "Já a Argentina foi decepcionante porque há muitas pichações e muitos mendigos. Em Buenos Aires, há muitos brasileiros, o que incomodou um pouco. Já que viajamos, queríamos ter contato com povos diferentes, ou seja, nos sentir realmente fora do país", explica Ferreira.
Deserto
A viagem foi encerrada com a passagem dos dois amigos pelo deserto boliviano. Foram três dias passeando pelo deserto em um 4 x 4. De lá, seguiram para a cidade de São Pedro do Atacama, no Chile, localizada no deserto mais árido do mundo.
Os textos são revisados por Thaísa Hosken
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