Circuito Villas e Fazendas aposta na agricultura familiar para atrair visitantesComposto por oito cidades da região central de Minas, circuito tem como principais atrativos as propriedades rurais e a sensação de que ali o tempo não passou

Clecius Campos
Subeditor
19/3/2011
Foto de Catas Altas da Noruega

Juntas, as oito cidades que compõem o Circuito Turístico Villas e Fazendas não chegam a somar 150 mil habitantes* e 1.700 km² de extensão territorial. Mesmo assim, Casa Grande, Catas Altas da Noruega, Conselheiro Lafaiete, Cristiano Otoni, Itaverava, Queluzito, Rio Espera e Senhora de Oliveira, localizadas na região Central de Minas Gerais, confiam que podem utilizar de suas atividades corriqueiras para explorar o turismo na região.

Assim sendo, o grupo de municípios aposta na agricultura familiar e na calmaria das cidades, onde parece que o tempo não passou, para atrair visitantes. O gestor-presidente do circuito, Robinson Rodrigues, afirma que a vida tranquila dos hotéis fazendas e a agropecuária, principalmente à ligada à produção leiteira e de cachaça, são as grandes vocações do turismo na região.

"Os municípios são formados por vilas e as atrações são ligadas ao rural. Há fazendas históricas centenárias que podem ser visitadas, além dos hotéis rurais, existentes em todas as cidades." Rodrigues refere-se a fazendas coloniais do século XVIII, que, na época do ciclo do ouro, abasteciam a antiga Vila Rica. Traços da história são encontrados ainda em igrejas e museus, além dos hábitos praticados pela população, como a comida preparada no fogão à lenha, o artesanato, a música e a religiosidade. Belezas naturais proporcionam atividades de contemplação, caminhadas e passeios de bicicletas.

A proximidade entre os municípios permite que o turista que for a Conselheiro Lafaiete [uma espécie de polo da região] visite também as outras cidades." O município mais distante de Conselheiro Lafaiete é Senhora de Oliveira, há 45 quilômetros. O circuito está próximo, também, da região de Ouro Preto, com viagens de carro durando cerca de 50 minutos.

Casa Grande

A cidade tem extensão territorial de 158 km² e população de 2.242 habitantes*. A Serra do Camapuã é o grande marco da vila, além da tradição cristã, formada pela Folia de Santos Reis e pela visita de São Sebastião de Casa Grande, de casa em casa, aos presépios montados no período de dezembro a janeiro. A peregrinação recebe donativos para a realização da festa do santo, que é padroeiro da cidade. Casa Grande é parte ainda dos caminhos novo e velho da Estrada Real.

Catas Altas da Noruega

Casarões, igrejas setecentistas, ruas sinuosas e ladeiras íngremes formam a harmoniosa paisagem da cidade com 142 km² e 3.462 habitantes*. Os milagres de Nossa Senhora das Graças — a população acredita que a imagem da santa tenha vindo do céu — fazem parte da cultura contada no Memorial Padre Luiz Gonzaga. A tradição religiosa está contida ainda nas festas do Rosário e de São Gonçalo. Matas, rios, corredeiras e montanhas garantem a emoção do passeio ao destino. Cavalgadas e congados também são atrativos, assim como o artesanato em pedra-sabão e a culinária do fogão à lenha.

Conselheiro Lafaiete

Capital do circuito, o município tem 370 km² de extensão territorial e habita 116.527 pessoas*. Na cidade das Violas de Queluz é possível conhecer os principais roteiros históricos de Minas, passando por trajetos da Estrada Real. O município é o que oferece maior quantidade de hotéis, restaurantes e infraestrutura necessária para que o turista possa intercalar visitas a região e às cidades históricas. Fazendas, alambiques, passeios de bicicleta pela Estrada Real e caminhadas estão entre as opções de divertimento. As tradições culturais são representadas pelo artesanato, teatro, dança e música, com violas, corais e bandas, no Coreto da Praça Tiradentes.

Veja fotos das oito cidades do circuito

Cristiano Otoni

A cidade, tradicionalmente religiosa e de gente de fé, tem 5.007 habitantes* e 133 km². As festas são os principais destaques, como a de Santo Antônio e a de São Pedro. A Estação da Antiga Rede Ferroviária é uma das atrações histórico-culturais. O trajeto do Rio Paraopeba garante cachoeiras capazes de agradar aos ecoturistas e aos amantes das belezas naturais.

Itaverava

Em Itaverava, a produção de cachaça em alambiques de cobre, com mais de 50 anos de existência, é uma das atrações para os amantes da culinária mineira. A cidade é o ponto final de um roteiro, a partir de Conselheiro Lafaiete, que contempla a colheita da cana até o armazenamento nos tonéis. Por ter sido visitada por inúmeros nomes da Inconfidência, que teriam passado núpcias em fazendas do município, Itaverava é considerada berço da civilização mineira. A arquitetura barroca da Matriz de Santo Antônio, com pinturas de Mestre Athaíde, é atração garantida.

Queluzito

Queluzito é uma das menores cidade do circuito, com 154 km² de território e 1.866 habitantes*. As festas, como a de Santo Amaro, padroeiro do município, e as comemorações da Semana Santa preservam a fé e a religiosidade do povo, que segue os rituais de antigamente. A banda de Folia de Reis de Queluzito está entre as mais antigas de Minas Gerais. Fazendas com séculos de existência ainda trabalham a produção leiteira, principal atividade econômica do local. Por essa razão, a exposição agropecuária é a uma das mais famosas da redondeza.

Rio Espera

Escondida no caminho que leva à Catas Altas da Noruega, Rio Espera — com 6.078 habitantes*, vivendo nos 239 km² de território — orgulha-se de ter servido de moradia a Aleijadinho, durante alguns anos. Obras do escultor são encontradas na cidade, com destaque para a imagem da Pietá, dada como a sua última escultura, exposta na Matriz de Nossa Senhora da Piedade.

Senhora de Oliveira

O arroz é só a desculpa para saborear o pato ou a suã com o acompanhamento, em alguma das fazendas centenárias da cidade com 171 km² de extensão e 5.689 habitantes*. Há quem prefira o mocotó com inhame, também disponível, com fartura, no município. As propriedades rurais guardam recordações de seus primeiros habitantes e do trabalho escravo do século XIX, lembrado pelos contadores de causos, poetas e compositores locais. A religiosidade fica por conta da Festa do Rosário, das comemorações da Semana Santa e da Capina do Cruzeiro.

*Dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Os textos são revisados por Thaísa Hosken


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