Ecoturismo e turismo cultural são as vocações do Circuito Lago de IrapéAs dez cidades do Norte de Minas estão às margens do lago formado a partir da Usina de Irapé. Trilhas, artesanato e eventos folclóricos são as atrações
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2/7/2011
Berilo, Botumirim, Chapada do Norte, Cristália, Grão Mogol, José Gonçalves de Minas, Leme do Prado, Padre Carvalho, Turmalina e Veredinha são as dez cidades do Norte de Minas que compõem o Circuito Turístico Lago de Irapé. Ecoturismo e turismo cultural são as vocações dos municípios, localizados à margem do lago formado a partir da Usina Hidrelétrica de Irapé.
De acordo com a gestora do circuito, Diná Ferreira da Costa, trilhas, artesanato e eventos folclóricos são as grandes atrações das cidades. "Há possibilidade para esportes radicais assim como existem também atrações como os grupos quilombolas, os movimentos culturais típicos da região e a tradição dos povos antigos. Os eventos também são fortes, sendo que cada cidade tem seu motivo e data especial para comemorar. A diversidade cultural é grande."
Segundo Diná, o fluxo turístico nas dez cidades ainda é pequeno. Cinco delas — Padre Carvalho, José Gonçalves de Minas, Leme do Prado, Veredinha e Turmalina — acabam de integrar o circuito, mas todas possuem locais para hospedagem. "O circuito já montou roteiros de seis a oito dias, nos quais é possível conhecer a maioria das cidades e seus atrativos. Apesar de Turmalina ser a maior cidade em termos econômicos, é Grão Mogol que se destaca no turismo, por isso é o polo do circuito."
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Grão Mogol
A cidade de Grão Mogol está a 560 quilômetros de Belo Horizonte e a 142 km de Montes Claros. O lugar preserva seu traçado original, com ruas estreitas e calçadas de pedras. Prédios antigos e ruínas marcam a arquitetura colonial e expõem o passado histórico do município. A cidade tem sua origem relacionada à descoberta de diamantes e durante muito tempo foi a mais importante do Norte de Minas Gerais.
Vestígios históricos indicam o modo de vida e a religiosidade que imperava entre os garimpeiros. Os sinais do tempo preservado são a Lapa do Fróes, a Pedra Rica e a Ruína do Deodato, além das trilhas do Barão e da Tropa, construídas em pedras. Festas religiosas, populares e cívicas, além do artesanato local e da gastronomia também são atrativos.
Entre as belezas naturais de Grão Mogol, a Praia do Vau e o Canyon do Extrema, com formações rochosas de arenito. As quedas d'água também chamam a atenção, em especial, a Cachoeira do Mirante, o Balneário Córrego das Mortes e a Cachoeira Véu das Noivas, localizadas na área do Parque Estadual de Grão Mogol. Inscrições rupestres e pinturas são marcas da presença dos antepassados.
Cristália
Veredas, campos, grutas e fazendas oferecem condições para a prática e exploração do ecoturismo em Cristália. Merecem destaque, a Cachoeira do Córrego Contendas, o Morro do Chapéu e a Gruta do Bugre. O Lago de Irapé, com mais de 80 metros de profundidade, também é atração, além das águas cristalinas dos rios e nascentes da cidade.
O município preserva antigos casarões, onde se conhece um pouco da história. O acervo arquitetônico de Cristália é constituído de edificações com tipologia tradicional, utilizando adobe e telhas curvas tipo colonial. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, a Igreja do Espírito Santo do Vau, construída em pedra, a Igreja Batista de Croslândia e o casario distribuído pelas ruas dos Arrudas, Antônio Borges e Avenida Boa Vista são motivos para visitas.
Botumirim
Os atrativos naturais da cidade proporcionam aventuras como rafting, trekking e caminhadas em trilhas. São serras, campinas, cachoeiras, trilhas para caminhadas e cavalgadas e sítios arqueológicos com pinturas rupestres. A Cachoeira Quatro Oitavas e as inscrições no abrigo do Bugre são destaques. A vegetação mistura espécies cactáceas da caatinga, com raros exemplares da flora serrana, especialmente bromélias, vários tipos de orquídeas, plantas carnívoras e sempre-vivas.
Há preservação de manifestações culturais, representadas pelo terço cantado, folia de reis e festas populares, que lembram uma cultura repleta de histórias e lendas.
Berilo
O rico patrimônio cultural de Berilo lhe conferiu a fama de "pedra preciosa". O município demonstra um pouco da sua cultura nos seus monumentos históricos, como o antigo casarão, a igreja e as comunidades tradicionais, tudo com arquitetura característica do período colonial. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, construída entre os séculos XVII e XVIV, é o símbolo da arte colonial no município. O Sobrado de Domingos de Abreu Vieira, erguido por volta de 1729, é marca do período da mineração.
Entre as manifestações culturais, as danças da jiboia, do siri e a dos nove e nego nagô da comunidade Quilombola Vai-Lavando e Caetetu. Os barrancos, escadarias e rampas são palcos para a continuidade da tradição ancestral das lavadeiras de Mocó, à beira do Rio Aracuaí. Na casa do artesanato, o turista pode apreciar a variedade de produtos em algodão e teares. Pode observar o funcionamento real da casa e como os artesãos trabalham para produzirem suas peças.
Chapada do Norte
Grande parte da riqueza cultural de Chapada do Norte está relacionada às danças, festas, grupos folclóricos e exemplares de seu patrimônio arquitetônico, como as igrejas e os casarios. A herança dos costumes da cultura negra é fluente, principalmente nas comunidades remanescentes de quilombo. Várias festas compõem o calendário de eventos, com destaque para a Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte, no mês de outubro. Artesanato em madeira, couro, trançado de palha de milho, cerâmica, bordados e rendas são marcas da tradição.
A culinária está disponível em bares e restaurantes que servem pratos e tira-gostos típicos, como feijão tropeiro, galinhada, arroz com pequi, angu, frango com quiabo, dobradinha, mandioca e batata doce. Na feira, aos sábados de manhã, a opção é se deliciar com rapaduras, queijo fresco, farinhas, cachaça e frutas exóticas.
Padre Carvalho
As manifestações culturais e a grande quantidade de festas movimentam a cidade de Padre Carvalho. Há grupos de Folia de Reis, pastorinhas, festas juninas, culinária típica e festas religiosas. Destaque para a Festa Nacional da Mandioca, com cavalgada, rodeios, barraquinhas, decoração típica junina, show pirotécnico e shows musicais que resgatam as tradições do interior mineiro. Rios, cachoeiras, barragens, vales e muito verde fazem parte das belezas naturais do município.
José Gonçalves de Minas e Leme do Prado
José Gonçalves de Minas tem 4.577 habitantes e área total de 381 km². É, provavelmente, a cidade que mais demanda incentivos para o melhor aproveitamento do turismo. O município conta com apenas 18 leitos para hospedagem, segundo o inventário da oferta turística local. Os atrativos turísticos de mais expressão são as festas de Nossa Senhora Aparecida e do aniversário da cidade.
Na mesma situação está Leme do Prado, também recém-chegada ao circuito. A cidade possui atrativos naturais como a Reserva Biológica de Acauã e o Lago de Irapé. A Festa do Divino, que ocorre em julho, é destaque. São 11 dias de eventos, distribuídos entre novenas, leilões, bandas na rua, alvorada, cortejo, missa e distribuição de doce, farofa e cerveja.
Veredinha
Veredinha mantém uma religiosidade forte, com festas populares e tradicionais. A mais tradicional é a Festa do Peão de Boiadeiro, no mês de abril. A Festa do Divino, em julho, mantém as mesmas características de antigamente, com Imperador e Imperatriz, e seu cortejo passando pela rua principal da cidade. Nas comunidades rurais, grupos folclóricos, como os Marujeiros, são as atrações.
O Coral Vozes das Veredas, também conhecido como Coral de Veredinha ou das Meninas de Veredinha, é a maior expressão musical. Já se apresentou no Palácio das Artes (2006) e no Palácio da Liberdade (2008) e participou de diversas edições do Festival Internacional de Corais em Belo Horizonte. As belezas naturais ficam por conta do bioma do cerrado e das águas dos rios Itamarandiba e Aracuaí.
Turmalina
Em Turmalina, o distrito de Caçaratiba, com 854 habitantes, é um gigante de manifestações culturais, com as festas de São Miguel e São Sebastião, além dos atrativos folclóricos como o Grupo de Caatinga de Roda da 3ª Idade. Espaços culturais e grupos de artesanato são facilmente encontrados. No entanto, as tradições locais precisam ser resgatadas, principalmente o conjunto de festas conhecido como Antigo Peixe Cru. A celebração tinha relação com o calendário católico e comemorava as festas juninas e a Festa do Senhor Bom Jesus. Havia queima de fogos, rezas na igreja, distribuição de comes e bebes, leilões, bingos e forró.
Os textos são revisados por Thaísa Hosken
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